Queer Eye: Um reality show que vai muito além da transformação na aparência

Queer Eye: Um reality show que vai muito além da transformação na aparência

Durante minha adolescência, me lembro muito bem da palavra “metrossexual” sendo enunciada em todos os cantos, principalmente na TV e nas revistas. Para o senso comum dos anos 90 e do início dos anos 2.000, se um homem se preocupava em cuidar de sua aparência ele só poderia ser homossexual ou então um metrossexual (termo que pode ser facilmente traduzido como: um homem heterossexual que gosta de cuidar do visual). Sinceramente, não sei de onde tiraram que sua aparência precisa estar diretamente ligada à sua orientação sexual, e alguém precisava fazer algo a respeito.

Pensando em quebrar esses e muitos outros paradigmas, em 2003 surgiu o reality show Queer Eye for the Straight Guy, onde, a cada programa, 5 homens homossexuais (os Fab 5 – de “Fabulous 5” ou “5 Fabulosos” em tradução livre) se dedicavam a mudar a vida de um homem hétero (ou pelo menos em partes dela: Aparência, Moda, Design de Interiores, Gastronomia e Comportamento). Mas a verdade é que essa tal “aparência” vai muito além de um terno bem cortado e um barba bem feita; então, durante os 100 episódios das 5 primeiras temporadas do reality, a mudança dos participantes do Queer Eye não era apenas por fora, mas principalmente por dentro.

Mais de 10 anos após o último episódio do programa, exibido pelo canal norte-americano Bravo, tive a agradável surpresa de encontrar uma nova temporada de Queer Eye, produzida pela Netflix. E, diferente da proposta do primeiro formato da série – que, nos primeiros respiros do séculos XXI, lutou por tolerância –, os novos componentes do Fab 5 estão buscando aceitação e diálogo.

“Meu objetivo é descobrir como somos parecidos e não como somos diferentes,” diz Antoni Porowski, responsável pela área de Gastronomia do reality.

Então, para gerar esse diálogo, por que não começar pela Geórgia?

Se você pensar rapidamente na história dos EUA ou simplesmente “passar o olho” pelo mapa da eleição presidencial de 2016, facilmente irá categorizar a Geórgia como um estado conservador. Mas será que, ao colocar uma lente de aumento em cada uma das 3,7 milhões de pessoas que habitam o estado, esse rótulo é necessariamente negativo?

Após assistir aos 8 episódios dessa nova temporada de Queer Eye, posso dizer que não! Durante o programa, conheci vários tipos de pessoas incríveis: pais de família, um senhor amante de carros antigos, um empreendedor, um eleitor do Trump, um policial, um homem homossexual que precisa de ajuda não só com sua aparência, mas também com um empurrão para “sair do armário” para sua família, etc. Essas e mais centenas de “tags” podem ser colocadas em cada um dos participantes do programa, mas que, apesar de quaisquer diferenças, se unem por um único fator em comum entre todos eles (e entre grande parte dos habitantes desse “pálido ponto azul” que chamamos de Terra): nós somos todos seres humanos, com qualidades, defeitos e habilidades, em busca de amor e aceitação.

“Todos os seres humanos têm uma semelhança. Mais do que todos pensam. Na verdade, somos todos exatamente iguais,” diz Bobby Berk, designer de interiores e integrante do Fab 5. “Todos nascemos e crescemos querendo ser amados, todos nos tornamos adultos buscando amor. Não importa se você é gay ou hétero, uma coisa comum que une todos os humanos é que nós apenas queremos ser amados.”

Eu dei play no primeiro episódio dessa nova temporada de Queer Eye esperando apenas um entretenimento leve para o fim de semana, mas acabei encontrando algo infinitamente maior. Me emocionei com cada uma das histórias, vibrei a cada mudança e aprendi com todas as pessoas que passaram na frente daquelas câmeras.

Portanto, para começar a semana de uma forma muito positiva e inspiradora, eu recomendo: assista à nova temporada de Queer Eye, na Netflix, com os olhos, os ouvidos e o coração bem abertos. Você vai se divertir, se emocionar e não vai se arrepender, prometo.

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