Categories Inova+Posted on 09/01/202306/01/20235 tendências para 2023: Tecnologias e inovações que mudarão o nosso futuro Como de costume, todo início de ano trazemos nosso texto sobre tendências. Em 2023 não poderia ser diferente e selecionamos 5 tendências. Após a turbulência causada pela pandemia nas análises de futurismo, parece que os caminhos para o identificar tendências ficaram mais límpidos novamente. Confesso que a edição anterior foi escrita com um certo frio na barriga. Aquela adrenalina misturada ao receio de que o mundo desse outro “cavalo de pau” e nenhuma previsão se concretizasse. Mas não foi bem assim… Olhando para os nossos dois textos “6 tendências para 2022: Tecnologias e inovações que mudarão o nosso futuro” – Parte 1 e Parte 2, dá para ver que adiantamos alguns pontos importantes. São eles: Trabalho remoto e o fim do “horário comercial”: Apesar de (ainda) não repensarmos o horário comercial, vimos que o trabalho remoto foi realmente integrado a nossa rotina. Quando comparado com o ano de 2021, áreas como Contabilidade registraram um crescimento de 818% na oferta de vagas remotas, seguida de Recursos Humanos com 272%, e Tecnologia com aumento de 151%. Segundo a Catho, em 2022, o crescimento dessa modalidade de trabalho foi de 45% em todo Brasil;Metaverso e a inteligência artificial no cotidiano: Apesar do metaverso não ter sido adotado como muitos previam, aos poucos os mundos virtuais estão ganhando espaço com o público early adopter. Já as IAs estão, cada vez mais, entrando no nosso cotidiano. Caso não tenha visto, no final do ano, entrevistei uma inteligência artificial sobre futuro, inovação social e sociedade. Leia na íntegra aqui;Os NFTs além da arte e a ascensão do Blockchain: A web3, os registros em blockchain e os tokens não-fungíveis ainda estão passando pela fase de early adopters, mas temos visto cada vez mais utilizações destas tecnologias. Por exemplo, nosso podcast n° 103: “DAOs, Web3 e dados descentralizados são o futuro da saúde?” explorou o tema no campo da saúde, mas falamos sobre outro tantos. Veja mais conteúdo aqui;O fim do consumo em abundância e o impacto social no centro das mudanças: Nunca se falou tanto em ESG. Das mudanças climáticas aos impactos sociais, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estão sendo usados para nortear projetos e empresas. No InovaSocial, mais precisamente na página inicial, é possível navegar por toda a base de dados a partir de um ODS. Confira aqui;A pandemia não acabou, mas já precisamos pensar na próxima: “Esta não será a última vez que um vírus ameaça nossas vidas e meios de subsistência”, afirmou a professora Sarah Gilbert, uma das criadoras da vacina Oxford-Astrazeneca. A grande verdade é que ainda nem saímos da pandemia de Covid, porque a todo momento surge uma nova variante. O que virá a seguir? Agora que já olhamos para o passado, vamos olhar para o futuro. O texto que se segue foi escrito com ajuda de duas inteligências artificiais e, é claro, organizado pela nossa equipe do InovaSocial. Perguntamos para as IAs, quais serão as 7 principais tecnologias e inovações que mudarão o nosso futuro em 2023. Curiosamente a lista foi bem semelhante com o que já vínhamos observando como tendências. Outra novidade na edição de tendências para 2023 da nossa análise de tendências são os “elementos relacionados” e “forças de mudanças”. Como o próprio nome diz, estes dois itens sinalizam elementos relacionados a tendências — e que podem aparecer em alta durante o ano — e forças de mudanças que podem impactar na previsão. 1. Inteligência artificial avançada A inteligência artificial (IA) está se tornando cada vez mais sofisticada e capaz de realizar tarefas cada vez mais complexas. Uma das tendências para 2023 é que a IA esteja ainda mais integrada em nossas vidas e possa realizar uma ampla variedade de tarefas, incluindo a tomada de decisões e a resolução de problemas. As IAs devem evoluir para permitir que as máquinas tomem decisões baseadas em dados de forma independentes, melhorando a produtividade de diversas áreas. A inteligência artificial usada para desenvolver este conteúdos citados utilizam os modelos GPT-3 e GPT-3.5 (atualização da OpenAI lançada em novembro de 2022). Sigla para Generative Pretrained Transformer, o GPT é um modelo de linguagem baseado em redes neurais e a grande diferença entre os modelos está no volume de parâmetros utilizados para “ensinar” a IA. Para entendermos a diferença, uma plataforma com GPT-2 utilizava 1.5 bilhões de parâmetros. Já no modelo 3 são 175 bilhões. Para 2023, a previsão é que o GPT-4 possa ultrapassar os 100 trilhões de parâmetros, ou seja, uma evolução considerável e bem impressionante. No entanto, a escalabilidade eficiente melhorou muito nos últimos anos, o que significa que os contadores de parâmetros não são mais a melhor medida de desempenho de um modelo de linguagem — assim como o chamado “mito dos megahertz” dos anos 2000, que se aplicava à velocidade de computação pessoal. Em vez disso, o treinamento em conjuntos de dados maiores é agora mais importante. O GPT-4 é o modelo de linguagem mais impressionante já criado — passando por algumas versões modificadas do Teste de Turing e desencadeando amplos debates públicos sobre o potencial da inteligência artificial no futuro próximo. Esta versão é mais veloz, possui uma janela de contexto mais longa, maior precisão factual e uma capacidade aprimorada de “lembrar” e se referir a informações de conversas anteriores. Além disso, ele também aborda mais profundamente as preocupações éticas decorrentes de versões anteriores. É provável que 2023 seja o ano para discutirmos a inteligência artificial como parte da nossa sociedade. Não só como uma nova tecnologia, mais quais impactos sociais elas nos devem gerar e quais os limites e regras de uso. Com melhorias contínuas na eficiência e queda nos custos de hardware, o GPT-4 e seus derivados vão se espalhar para serviços, inicialmente como SAC e suporte técnico. Já a quinta e sexta gerações do modelo, previstos para a segunda metade da década de 2020, pode apresentar uma IA verdadeiramente humana, capaz de imitar uma pessoa real por quase 100% do tempo. Elementos relacionados: Machine learning, Internet das Coisas, Deep Learning Forças de mudanças: Computação quântica, Falta de processadores, Consumo de energia 2. Energias renováveis e mercado de carbono As fontes de energias renováveis, como a solar e eólica, estão se tornando cada vez mais importantes e acessíveis como uma alternativa aos combustíveis fósseis. Entre as tendências para 2023, espera-se que essas fontes de energia sejam amplamente utilizadas em todo o mundo. Vale recordar que, no texto “As previsões da Singularity University até 2038 – Parte I: A próxima década”, a expectativa é que até o próximo veremos os primeiros acordos de energia solar e eólica sendo assinados, tornando o kw/h até um quinto mais barato que as ofertas de carvão ou gás. No Brasil, segundo a Medida Provisória (MP) 1.154/2023, será implementado o Conselho Nacional de Política Energética, que visa assessorar o presidente na formulação de políticas e diretrizes na área da energia. Além disso, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) mudou de novo, passando a se chamar “Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima”. Já o tema “mudanças climáticas” persistirá, não só pelo crescimento das exigências de governança ambiental, social e corporativa dentro das empresas, mas por necessidades de uma solução global. A COP 27, no Egito, serviu como preparativo para a edição 2023, em Dubai. Na prática, os 193 países membros das ONU têm 12 meses para garantir definições, adequações e ajustar pendências resultantes do último encontro. Uma delas é o artigo 6, do Acordo de Paris, que trata dos instrumentos para a criação de um mercado global de carbono. Elementos relacionados: Crédito de Carbono, ESG, Blockchain, Consumo Consciente, Impacto Forças de mudanças: Políticas públicas, Desastres ambientais, Fatores econômicos 3. Diversidade e impacto social para inovar e crescer O terceiro item da nossa lista não foi adicionado só porque o InovaSocial é uma plataforma focada em impacto e inovação social. Muito pelo contrário, este terceiro item entraria (ou pelo menos deveria entrar) em qualquer lista de tendências para 2023. Como vimos no item anterior, as políticas de ESG nunca estiveram tão em foco. No centésimo podcast do InovaSocial, intitulado “Após 100 episódios, afinal, o que é inovação social?”, fizemos um resumo de como este cenário, envolvendo negócios de impacto, filantropia, inovação social e temas correlacionados, evoluíram nos últimos seis anos e vimos que ainda existe um gigantesco caminho a se percorrer. Segundo o relatório Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I), da Deloitte, “a implementação de uma estratégia de diversidade, equidade e inclusão coesa e interligada melhora o desempenho dos times, aumenta o engajamento dos profissionais e impulsiona a reputação da marca.” O estudo também aponta que “quatro mega tendências para 2023 estão criando um novo cenário no mundo dos negócios, que é, atualmente, muito menos homogêneo e muito mais diverso do que no passado. Essas mudanças interrelacionadas estão influenciando as estratégias de negócios e estabelecendo novas habilidades para o sucesso das lideranças.” São elas: Diversidade de mercados: O crescimento das economias emergentes pode ter desacelerado — e grandes desafios estão por vir —, mas o potencial desses mercados continua relevante;Diversidade de clientes: Os clientes sempre puderam fazer valer suas necessidades. Atualmente, esse poder é ainda mais acentuado. Empoderados pela tecnologia digital e com maiores possibilidades de escolha, os clientes anseiam por maior personalização e mais voz ativa na formação dos produtos e serviços que consomem;Diversidade de ideias: As organizações devem “inovar ou morrer”, afirmou Bill Gates. É uma afirmação ousada, mas não precisamos ir muito longe para compreender sua validade. A ruptura causada pelos meios digitais remodelou indústrias inteiras em tempo recorde, reformulou marcas icônicas e fez surgir novos atores no mercado;Diversidade de talentos: Esse tema não é novo; há algum tempo, as medidas de combate à discriminação e a “guerra por talentos” fizeram com que as organizações prestassem atenção a grupos historicamente marginalizados. As lideranças que subestimam essa mudança o fazem por sua conta e risco. No atual cenário brasileiro, os recortes de diversidade mais trabalhados pelas empresas são gênero, raça e etnia, pessoas com deficiência, geração e LGBTQIAP+. As pessoas pertencentes a esses segmentos têm conquistado espaços para expor suas necessidades específicas, seja através de grupos de afinidade ou do trabalho de áreas dedicadas exclusivamente à agenda de DE&I. No entanto, constata-se que, para avançar na curva de maturidade no tema, as organizações ainda precisam fazer melhorias consideráveis, equilibrando as diversidades e promovendo a equidade de oportunidades”, afirma José Marcos da Silva é Diretor de Human Capital na Deloitte. Leia também: Maturidade em diversidade e inclusão — Diagnóstico do nível de maturidade ajuda a estabelecer metas para o futuro e colocar em prática estratégias de D&I Elementos relacionados: Emprego, Políticas Públicas, ESG, Negócios de Impacto Forças de mudanças: Educação, Políticas Públicas, Novos Negócios, Novas Tecnologias 4. Carros elétricos autônomos e robótica avançada A robótica está se tornando cada vez mais sofisticada e capaz de realizar uma ampla variedade de tarefas. Uma das tendências para 2023 é que a robótica, unida a inteligência artificial, seja amplamente utilizada em muitas indústrias, incluindo a fabricação, a construção e a saúde. Além disso, os robôs também podem ajudar a tornar nossas cidades mais inteligentes. Além disso, os robôs também podem ajudar a tornar nossas cidades mais inteligentes. O lado negativo desta tendências para 2023 é que teremos impactos profundo na forma como trabalhamos. Seria uma nova Revolução Industrial, onde veríamos novas profissões surgindo e outras deixando de existir. Segundo Derick Almeida, economista e investigador contratado do Centro de Pesquisa em Gestão e Economia (CeBER) da Universidade de Coimbra, em Portugal, onde desenvolve sua tese na área de Crescimento Econômico e suas relações com a Inteligência Artificial, “se por trás da sua ocupação existe um conjunto de tarefas previsíveis e que podem ser descritas por regras e etapas objetivas, existe aí grande chance de que um robô a desempenhe no futuro.” (leia também o artigo “Robôs e futuro – Parte 2: Um panorama histórico” e ouça nosso podcast n° 52, “A economia pós Covid-19, com Derick Almeida”). Já os carros autônomos é uma tendência que vem se construindo nos últimos anos. Segundo as previsões da Singularity University, chegaremos 2024 com mais da metade dos veículos vendidos sendo elétrico. Arrisco em dizer que grande parcela destes veículos serão autônomos, já que temos visto empresas de diversos setores se envolvendo em projetos futuros. Na CES 2023, a indústria automotiva está presente em todos os cantos por meio de parcerias com outras empresas. Por exemplo, a LG tornou-se parceira na indústria automotiva, fornecendo soluções inovadoras para componentes de veículos. Já a NVIDIA anunciou uma parceria estratégica com a Foxconn, na fabricação de plataformas para veículos autônomos, além da chegada da sua plataforma de games em nuvem nos produtos das montadoras Hyundai Motor Group, BYD e Polestar. E não dá para jogar games em um carro que você precisa dirigir, certo? Elementos relacionados: Emprego, Mobilidade, Segurança, Cidades Inteligentes, eVTOL Forças de mudanças: Fatores econômicos, Acidentes de Trânsito, Falta de processadores 5. Blockchain, NFTs e web3 Pode parecer que chamar blockchain e web3 de tendências para 2023 seja chover no molhando, mas não tem como falar de futuro sem passar por este cenário de “tokenização”. O blockchain é uma tecnologia de registro descentralizado que permite a criação de um item imutável e seguro. As transações são registradas em blocos e adicionadas a uma cadeia de blocos, tornando-as públicas e verificáveis. Isso torna o blockchain ideal para aplicações em que a segurança e a transparência são importantes; como finanças, saúde e governo. O blockchain pode ser utilizado para automatizar processos e reduzir custos, o que o torna atraente para muitas empresas. Além disso, o consumidor final não precisa entender o que é a tecnologia. Por exemplo, o Starbucks Odyssey é uma extensão do programa de fidelidade Starbucks Rewards que desbloqueia o acesso a novos benefícios e experiências para os membros. Construído em parceria com a Polygon, o Starbucks Odyssey permite que os membros participem de uma série de atividades interativas e divertidas chamadas “Jornadas”. Depois que uma jornada é concluída, o usuário ganha “Journey Stamps” (selos em formato de NFTs colecionáveis) e pontos Odyssey, que abrirão o acesso a novos benefícios e experiências imersivas que não podem ser adquiridas em nenhum outro lugar. “[O Starbucks Odyssey] acontece de ser construído com tecnologias blockchain e web3, mas o cliente pode nem saber que o que está fazendo é interagir com esta tecnologia. Ela é apenas o facilitador”, afirma Brady Brewer, CMO da Starbucks. Segundo a Accenture, estas tecnologias podem impulsionar a construção de comunidades e gerar o sentimento de pertencimento dos consumidores, além dos desejos de exclusividade e com itens de edição limitada. Segundo estudo da empresa, “num mundo instável, as pessoas procuram lugares onde se sintam pertencentes. Como resultado, as marcas da próxima geração serão construídas primeiro como comunidades, remodelando a lealdade e a participação dos consumidores”. Para isso, três tópicos estão convergindo para habilitar este modelo de comunidade físico/digital: Comunidades de pertencimento em plataformas como Reddit, Discord e Twitch; Acesso tokenizado, onde o acesso é exclusivo para “proprietários do token” e colecionáveis em edições limitadas entregam vantagens (como a exemplo dos Journey Stamps, da Starbucks). Elementos relacionados: Comunidades, NFTs, DeFi, Ethereum, Polygon, Bitcoin Forças de mudanças: Regulamentação do mercado cripto, Comunidades fakes, Pirataria Muito além das 5 tendências Existem outros tópicos que podemos ficar de olho como tendências para 2023. São eles: Trabalho remoto: O modelo de trabalho remoto ou, até mesmo, do nômade digital deve evoluir nos próximos meses, nos levando para uma nova fase deste modelo;Internet das coisas: Cada vez mais objetos estarão conectados à internet, permitindo que eles se comuniquem entre si e sejam controlados de forma remota;Impressão 3D: A impressão 3D também deve evoluir e permitirá a produção rápida e acessível de produtos personalizados, reduzindo o desperdício e o impacto ambiental;Realidade virtual e aumentada: A RV/RA serão utilizadas em diversas áreas, incluindo treinamento, entretenimento e, até mesmo, cirurgias remotas;Medidas de saúde personalizadas: Os avanços na genômica permitirão a criação cuidados de saúde personalizados baseados nas características genéticas e hábitos individuais;Cidades inteligentes: A pandemia fez com que as cidades começassem a serem remodeladas. Elas serão cada vez mais equipadas com tecnologias que tornarão o transporte, a energia e outros serviços mais eficientes e sustentáveis. E não se surpreenda se uma fazenda vertical for construída ao lado da sua casa;Colonização do espaço: A exploração do espaço se intensificará com o objetivo de encontrar novas fontes de recursos e possíveis lugares para colonização humana. Imagem Destaque: Oleksandr Riabokin/Shutterstock Compartilhe esse artigo: