Enterrando CO2: Solução sustentável ou ilusão?

Enterrando CO2: Solução sustentável ou ilusão?

A Climeworks, uma empresa suíça que respira – literalmente – dióxido de carbono (CO2), anunciou recentemente o feito de sugar o CO2 do ar e armazená-lo no subsolo, transformando-o em rocha ao longo do tempo. Tal façanha, validada por auditoria independente, levanta a questão: será que enterrar CO2 é a resposta para a crise climática?

Fundada em 2009 por Christoph Gebald e Jan Wurzbacher, essa startup saída do coração da ETH Zurich, uma renomada universidade técnica suíça, tem como objetivo reduzir o CO2 na atmosfera. Porém, é importante frisar: a Climeworks não busca diminuir as emissões, mas sim remover o CO2 já existente e escondê-lo no subsolo, evitando que ele continue aquecendo nosso planeta.

Personalidades influentes do mundo também estão prestando atenção a essa tecnologia emergente. Bill Gates, por exemplo, destacou a coleta de dióxido de carbono como uma das 10 tecnologias inovadoras de 2019, enfatizando o papel fundamental que essa abordagem pode ter no combate às mudanças climáticas. Ele mencionou a Climeworks como um dos principais players desse mercado, reforçando ainda mais a relevância da empresa suíça.

Grandes empresas como Microsoft, Shopify e Stripe já aderiram à ideia, comprando serviços futuros de remoção de carbono. Além disso, a auditora independente DNV certificou o processo, garantindo que não se trata de uma estratégia de greenwashing, mas sim de uma solução genuína e eficaz na remoção de CO2 da atmosfera.

O custo da remoção direta de carbono não é barato, variando na casa das centenas de dólares por tonelada. A Climeworks também oferece opções para indivíduos, porém é preciso desembolsar uma quantia considerável para compensar as próprias emissões pessoais.

Com o apoio de grandes investidores, a Climeworks já arrecadou mais de 780 milhões de dólares para expandir suas operações. A principal instalação de remoção de dióxido de carbono da empresa está localizada na Islândia, onde a CarbFix, sua parceira, armazena o gás no subsolo. O processo, que envolve dissolver o CO2 na água e misturá-lo com formações rochosas de basalto, é surpreendentemente rápido, transformando o CO2 em minerais sólidos de carbonato em apenas dois anos.

Embora a Climeworks esteja construindo sua segunda planta na Islândia, capaz de capturar e armazenar 36.000 toneladas métricas de CO2 por ano, é preciso lembrar que as emissões globais de carbono bateram o recorde de 36,3 bilhões de toneladas métricas em 2021, segundo a Agência Internacional de Energia. Ou seja, ainda estamos longe de uma solução definitiva.

Existem outras opções para captura de CO2, como pré-combustão, pós-combustão e oxigênio com pós-combustão, mas a remoção direta de carbono tem a vantagem de ser aplicável em uma ampla variedade de fontes emissoras, abrindo mais possibilidades de atuação.

A verdade é que o setor industrial de combustíveis fósseis continua sendo o maior vilão das emissões globais de CO2. Capturar e converter CO2 neste setor pode ter um impacto significativo na redução das mudanças climáticas, mas é preciso investir em tecnologias de captura de carbono para tornar isso possível.

Por fim, é importante afirmar que a Climeworks oferece uma solução promissora, mas cara, para o combate às mudanças climáticas com seu método de remoção direta de carbono. O potencial para reverter os efeitos do aquecimento global a curto prazo existe, mas há um longo caminho a ser percorrido para tornar essa solução mais acessível e amplamente adotada.

O sucesso da Climeworks, no entanto, prova que é possível enfrentar o desafio das emissões de CO2 de maneira inovadora e eficiente. Se outras empresas seguirem o exemplo e investirem em tecnologias de captura de carbono, poderemos vislumbrar um futuro mais sustentável e um meio ambiente mais preservado. Mas é preciso agir rápido e buscar meios de tornar essa tecnologia mais viável economicamente, pois o relógio climático não para.


Assista a seguir ao TED Talk, intitulado “As enormes máquinas que extraem carbono da atmosfera terrestre”, com legendas disponíveis em português do Brasil. Jan Wurzbacher, co-fundador da Climeworks, aborda a importância das soluções tecnológicas no combate às mudanças climáticas.

Wurzbacher apresenta a Orca, a primeira usina de captura direta do ar e armazenamento em larga escala, construída na Islândia e que tem a capacidade de extrair 4 mil toneladas de dióxido de carbono do ar todos os anos. Enfatizando a acessibilidade e a escalabilidade, ele compartilha sua visão para o futuro da tecnologia de captura de carbono e explica por que essas inovações são cruciais para combater as mudanças climáticas.

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