Google testará óculos de realidade aumentada em público em agosto

Google testará óculos de realidade aumentada em público em agosto

Apesar de estarmos em pleno 2022, muita gente acha que a tecnologia não evoluiu tanto quanto o esperado. Sobretudo ao observar memes e comentários na internet, é possível concluir que, para muitos, a expectativa era a de que já teríamos carros voadores, robôs fazendo todas as nossas tarefas domésticas, além de hologramas.

No entanto, vale considerar que, com a exceção dos carros voadores, boa parte das comodidades que desejávamos no passado acabaram se tornaram possíveis.

Veja só, ainda que de uma forma diferente da vista em “Os Jetsons”, já temos robôs aspiradores limpando nossas casas, e a realidade aumentada já produz representações gráficas tridimensionais suficientemente convincentes – algo que também é o objetivo da holografia.

Por sua vez, a grande maioria das outras tecnologias imaginadas no passado, a exemplo de robôs humanoides, veículos autônomos, entre outras, já está em fase de amadurecimento. No pior dos casos, a tecnologia existe e só não é amplamente comercializada por questões econômicas, sendo cara demais para se comprar ou, ainda, para se produzir.

Contudo, há o curioso caso das tecnologias que, apesar de serem extremamente futuristas, e de estarem disponíveis no mercado, são rejeitadas pelo público. Ao menos pra mim, o Google Glass é o exemplo mais claro disso.

E oito anos após o lançamento do acessório, até o Google parece concordar que o maior erro do dispositivo era justamente ser “futurista demais” – tanto que deve começar a testar outros óculos AR ainda neste mês de agosto.

Esqueça o Google Glass: novos óculos AR têm outra proposta

Em maio de 2022, a empresa já havia dado uma prévia do seu novo par de óculos de realidade aumentada, mostrando como o acessório seria útil em traduções simultâneas, por exemplo.

Com isso, muito embora o projeto que desenvolveu o Glass nunca tenha efetivamente morrido – o dispositivo continua sendo atualizado e vendido para uso profissional – surgiram suspeitas de que a empresa se prepara para lançar outro acessório do tipo, dessa vez para pessoas como eu e você.

E parece que é isso mesmo que vai acontecer: em julho, o Google anunciou que, a partir desse mês, deve finalmente começar a testar os novos óculos no mundo “real”. Conforme explicou a empresa, apenas os cenários experimentados em laboratório não são suficientes, sendo necessário observar como o dispositivo se comporta no dia a dia.

Para além disso, é bem provável que a nova fase de testes também seja um “balão de ensaio” – um pretexto para estudar como esse novo Glass pode ser recebido pelo público.

Afinal, vale lembrar que, em 2016, o primeiro Google Glass foi retirado das lojas por uma série de fatores, incluindo questionamentos éticos.

À época, um dos argumentos era de que a câmera do dispositivo, capaz de filmar e tirar fotos, feria a privacidade de outras pessoas. Para além disso, também havia receios sobre a privacidade dos registros em si, já que tudo também era conectado à nuvem.

Hoje em dia, há quem diga que um dispositivo desses seria mais “socialmente aceito” – ainda assim, o Google precisa checar.

No caso deste novo óculos AR, o propósito do acessório também parece ser mais definido: em vez de capturar fotos e vídeos para redes sociais, ou exibir vídeos do YouTube, o novo Google Glass deve ser focado em auxiliar o usuário em tarefas do dia a dia.

Conforme explica o CNET, a expectativa é de que o dispositivo até seja equipado com câmeras e microfones, mas que o usuário não poderá registrar imagens ou sons.

Neste caso, os componentes seriam utilizados apenas para auxiliar as funções de inteligência artificial – essas sim as responsáveis pela “utilidade prática” do aparelho, algo de que o antigo Google Glass também carecia.

Ao final das contas, somando o hardware mais desenvolvido às inovações recentes em IA, não esquecendo da conectividade 5G, espera-se que os novos óculos AR do Google realize uma série de funções inteligentes – não só capazes de mudar a nossa forma de interagir com a internet, mas, ainda, em bastante sintonia com as tendências do metaverso.

Aqui, vale lembrar que, apesar da Meta, entre outras empresas, já delineado sua estratégia para o metaverso, o principal produto do Google não é uma plataforma social como o Facebook, mas as buscas e, sobretudo, os anúncios exibidos em páginas da internet.

Dessa forma, não seria surpresa se a companhia repetisse essa abordagem em sua aposta para a web3 e a realidade aumentada. Até porque, se pensarmos bem, é limitante imaginar que toda a internet do metaverso se parecerá com um jogo em primeira pessoa.

Muito provavelmente, ainda haverá interfaces planas, HUDs e elementos visuais que se misturam à imagem real nas lentes dos óculos. Neste caso, daria para realizar pesquisas sobre aquilo que o usuário está olhando, combinando dados do mundo real e virtual.

Ao visitar um restaurante, por exemplo, seria possível apontar os óculos para o QR Code e visualizar o cardápio nas lentes dos óculos. Mais do que isso, seria possível realizar diferentes ações com base no contexto: ao olhar para um número de telefone, por exemplo, os óculos poderiam sugerir a inclusão na lista de contatos.

Sem dúvidas, as possibilidades para os novos óculos AR do Google são muitas, e é por isso que a empresa deseja testá-los o quanto antes.

Ainda neste mês, a promessa é de que funcionários selecionados, bem como “testadores confiáveis” – quem sabe jornalistas ou influencers de tecnologia – recebam protótipos do aparelho. Em uma página com mais detalhes, a empresa atesta, ainda, que o óculos não poderá ser utilizado em escolas, estabelecimentos de saúde, prédios públicos, igrejas e instituições religiosas, eventos políticos e até protestos, além de locais comumente destinados a crianças (playgrounds, creches etc.).

Para além disso, o Google também explica que os óculos só registrarão imagens se essas forem necessárias para análise ou depuração de erros. Nestes casos, a empresa promete “anonimizar” os dados antes que eles sejam verificados por qualquer funcionário – borrando rostos, placas e outras informações privadas.

Adicionalmente, os novos óculos também deve ter um LED indicador, feito para se acender sempre que a câmera registrar essas imagens para análise.

Por fim, muito embora seja cedo demais para especular sobre o eventual produto final – o Google sequer confirma se há planos para comercializar o projeto – é bastante entusiasmante pensar que, dessa vez, a ideia dos óculos inteligente (além de sensualmente futurista) teria grandes chances de dar certo.

Afinal, não só a demanda por esse tipo de aparelho tem aumentado, como o próprio Google, após anos de iniciativas como o Cardboard (óculos AR feito em papelão) e o Daydream (plataforma de conteúdos VR para o Android), tampouco é um novato no ramo.

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