Startup londrina transforma resíduos de cerveja em couro vegano

No coração de Londres, uma iniciativa pioneira está mudando a maneira como pensamos sobre sustentabilidade e moda. Situada ao longo do famoso Bermondsey Beer Mile, uma faixa de estrada ao sul do Rio Tâmisa conhecida por sua concentração de cervejarias artesanais, bares de cerveja e taprooms, a Arda Biomaterials está transformando resíduos de cerveja em uma alternativa inovadora ao couro tradicional.

Brett Cotten e Edward “TJ” Mitchell, os empreendedores por trás dessa ideia revolucionária, estão utilizando grãos de cerveja usados para criar bolsas, carteiras e até assentos de carros, apresentando uma solução criativa para o problema ambiental dos resíduos de cervejaria.

A ideia surgiu da observação da abundância de grãos de cerveja descartados pelas cervejarias locais. Com 15 cervejarias produzindo mais de 1.000 toneladas de resíduos por ano, a oportunidade para inovar era clara.

Através de um processo químico natural, Cotten e Mitchell conseguiram extrair proteínas desses grãos para formar um material que imita o couro em textura e durabilidade. Este material não apenas reduz a necessidade de couro animal, com suas conhecidas repercussões éticas e ambientais, mas também oferece uma solução para o excesso de resíduos de cervejaria.

O impacto potencial de tal inovação é vasto. Cotten destaca que apenas 10% do suprimento mundial de grãos de cerveja usados seriam suficientes para atender à demanda global por couro. Além disso, a abordagem da Arda de co-localizar suas instalações com cervejarias europeias promete fortalecer as cadeias de suprimentos locais e incentivar uma economia mais circular.

Esta iniciativa surge em um momento crítico, quando a indústria da moda enfrenta crescente escrutínio por suas práticas insustentáveis. O couro animal, longe de ser um subproduto inofensivo da indústria da carne, contribui significativamente para a pegada de carbono do setor têxtil, além de estar associado à destruição de habitats, uso intensivo de água e poluição química.

Em contrapartida, alternativas ao couro, como as baseadas em biomateriais de cactos, abacaxi e maçã, embora populares, muitas vezes contêm plásticos e enfrentam desafios próprios, como a necessidade de transporte de longa distância.

Ao focar em uma matéria-prima localmente abundante e subutilizada, a Arda Biomaterials não apenas oferece uma alternativa ecologicamente correta ao couro, mas também destaca o potencial de inovações sustentáveis para transformar indústrias inteiras.

Com o apoio financeiro recente e a expansão planejada, incluindo a possibilidade de trabalhar com resíduos de destilarias de uísque, a Arda está pavimentando o caminho para um futuro mais sustentável na moda e além.