Startup foca em formar refugiados em carreiras de tecnologia

Startup foca em formar refugiados em carreiras de tecnologia

Atualmente, cerca de 1,3 milhão de imigrantes vivem no Brasil. Número que vem crescendo nos últimos dez anos, registrando aumento de 24%, segundo pesquisa realizada pelo Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra). Além disso, os pedidos de reconhecimento da condição de refugiado subiram de 1,4 mil, em 2011; para 28,8 mil, em 2020.

Um dos grandes desafios que surgem ao reconstruir a vida em um novo país é o de se inserir no mercado de trabalho. O preconceito e a desinformação são um dos principais fatores que atrapalham essa recolocação. Ainda hoje, muitas empresas acreditam que a contratação de um estrangeiro pode ser mais burocrática e demorada ou acreditam que possa gerar problemas legais com o Ministério do Trabalho. 

A revalidação de diplomas também é um obstáculo, pois a maioria dos refugiados que chegam ao Brasil perde sua qualificação. Desqualificados para o mercado brasileiro, muitos deles acabam em subempregos, ganhando salários abaixo do mínimo previsto e trabalhando em condições insalubres. 

Com o objetivo de melhorar a condição de vida de refugiados e imigrantes, a startup Toti Diversidade oferece cursos profissionalizantes voltados para a área de tecnologia; intermediando, posteriormente, sua entrada no mercado de trabalho. Desde 2018, a plataforma já atendeu 13 turmas e formou 262 alunos vindo de países como Angola, Congo, Colômbia, Cuba, Guiné, Índia, Síria e Venezuela.

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O diretor-executivo da empresa, Caio Rodrigues, esclarece que, apesar de já terem oferecido oportunidades em outras áreas, o mercado de tecnologia se tornou o foco do negócio social, pois é o único que consegue oferecer uma boa perspectiva de futuro, devido ao seu superaquecimento. 

“Os salários pagos são muito bons, o que é um fator importante para a Toti. Hoje conseguimos oferecer às pessoas contratadas um aumento médio de renda de 200%. Isso é um impacto direto na qualidade de vida do refugiado e também dos seus familiares, que muitas vezes dependem dessa pessoa”, explica Rodrigues.

Fruto de uma ação social engajados por uma iniciativa da Enactus, o trabalho desenvolvido pela Toti passa pela atração e seleção de alunos, formação profissional de base tecnológica, ponte entre o aluno e a empresa contratante e acompanhamento com o gestor direto e o profissional contratado. De acordo com o diretor-executivo, a startup já encaminhou ex-alunos para vagas na área de tecnologia com salários de até R$ 6 mil. 

Os profissionais mais buscados na Toti são os com conhecimento em Lógica de Programação e JavaScript, e as turmas são criadas de forma customizada, conforme as demandas comportamentais e tecnológicas das empresas contratantes. Além das habilidades técnicas, os cursos desenvolvem as soft skills dos alunos. 

Para 2022, a Toti tem a meta de realizar 10 turmas, totalizando 250 pessoas formadas. Nesse momento, a startup está com um processo seletivo aberto, em que busca mais empresas com procura de contratação de desenvolvedores com perfis diversos. Por ter como uma de suas missões promover a diversidade, a Toti contribui diretamente para as métricas de ESG das empresas, o que atrai investidores e contribui efetivamente para a obtenção de melhores resultados. 

Uma pesquisa da Harvard Business Review mostra que nas empresas onde o ambiente de diversidade é valorizado, os funcionários são 17% mais engajados. Já outro estudo da McKinsey & Company revela que companhias com diversidade étnica e racial possuem 35% mais chances de ter rendimentos acima da média do seu setor. 

Ouça abaixo o episódio “A inovação social no ensino e o papel da Enactus nas universidades brasileiras” do nosso podcast, onde falamos com Vitor Ungari, gerente de programa da Enactus, sobre a oportunidade dos projetos de impactos feito por estudantes.

Imagem Destaque: Prostock-studio/Shutterstock

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