Categories Soluções de ImpactoPosted on 05/08/202106/05/2022Grupo que defende tratamento precoce explora status da ciência nas redes sociais Divulgado nesta quarta-feira (04), o estudo “(Pseudo)ciência e esfera pública: reivindicações científicas sobre Covid-19 no Twitter”, da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP), mostra que links com reivindicação científica em grupo defensor do tratamento precoce tem tempo de vida médio 1,5x maior que nos demais grupos nas redes sociais. Enquanto o tempo de vida dos links em circulação sobre o assunto é de 100 horas em três dos quatro grupos identificados pela pesquisa; no cluster negacionista, a duração sobe para 250 horas. O estudo também observou que dentre os dez links que permaneceram por mais tempo na página inicial das redes, apenas no cluster negacionista são identificadas URLs controversas. São sites anônimos e alvos recorrentes de verificação de fatos e invalidados pela comunidade científica. A URL líder em tempo de vida, por exemplo, foi um desses alvos de checagem de agências brasileiras sobre o tratamento precoce para a Covid-19 e circulou durante 159 dias, ou seja, mais de cinco meses, no Twitter. Leia também: Fake News: 6 sites para descobrir se aquela notícia é verdadeira Além disso, o grupo defensor do tratamento precoce é o mais isolado dentre os identificados. Em 44% dos links, 90% dos compartilhamentos ocorreram dentro do próprio cluster, o que mostra que essas URLs saem pouco do grupo, que, apesar de apresentar maior parte das interações do debate, engloba apenas 21,5% dos perfis. Na discussão sobre a Covid-19, no Twitter, o tratamento precoce foi o assunto que mais instrumentalizou o discurso científico, em maio e junho de 2021. No grupo de defensores do tratamento precoce, mostrado em lilás no gráfico abaixo, há predomínio da presença de sites hiperpartidarizados que se apresentam como mídias conservadoras — como as URLs revistaoeste.com e tercalivre.com.br. Neste sentido, o conjunto mobiliza também links que evocam vozes de autoridades estrangeiras para dar credibilidade e um efeito de “cientificidade” ao tratamento precoce. Esse cluster, ao longo da pandemia, publicou textos e reportagens em apoio ao governo federal e reivindica participação mínima do Estado. Outro grupo que também chama atenção pela presença de sites partidarizados é o azul-claro, que reúne canais noticiosos de esquerda, cuja identificação é marcada pelos ideais progressistas e defensores da democracia —destaque para diariodocentrodomundo.com.br e https://www.brasil247.com. Foram analisadas publicações do Twitter que reivindicam o status científico para trazer argumentos de autoridade a mensagens sobre a Covid-19, incluindo adesão ou crítica a medidas protetivas, aplicação ou não de vacinas e grau de periculosidade do vírus, uso da ciência em redes sociais, entre outros. Os 3,3 milhões de posts que compõem o corpus da pesquisa foram publicados entre janeiro e maio de 2021. A pesquisa foi desenvolvida pela FGV DAPP no âmbito do projeto Democracia Digital, com apoio da Embaixada da Alemanha em Brasília. Com duração até 2022, o projeto conta com a experiência em pesquisa aplicada de redes sociais e da expertise de análise do debate público da FGV DAPP. Em maio deste ano, o InovaSocial conversou com Amaro Grassi, coordenador da Diretoria de Análise de Politicas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas, sobre discurso de ódio em ambientes digitais e seu impacto na sociedade atual. Ouça abaixo o podcast #74: “O impacto do discurso de ódio em ambientes digitais“. Imagem Destaque: Shutterstock/TierneyMJ Compartilhe esse artigo: