Pesquisadores usam drone para transportar sangue por longas distâncias

Pesquisadores usam drone para transportar sangue por longas distâncias

Recentemente, um drone levou sangue humano resfriado, voando por 257km pelo deserto do Arizona. O sangue contido nas amostras ainda se encontrava em boas condições após as 3 horas de voo, o que significa que a utilização de drones em áreas rurais para cuidados médicos pode ter o potencial de salvar vidas.

Para pessoas que vivem em áreas remotas, ir ao médico ou fazer exames pode ser algo muito difícil. Por isso, usar drones para transportar suprimentos médicos ou recolher amostras de sangue para realização de testes em laboratórios pode mudar a realidade dessas pessoas. Algumas empresas já fazem esse tipo de serviço há anos, como a californiana Zipline, que usa drones para entregar sangue para transfusões, em Ruanda e na Tanzania.

Conforme a tecnologia vai sendo cada vez mais usada, os pesquisadores querem ter certeza de que amostras biológicas transportadas por drones não serão danificadas, tanto pela vibração do veículo, quanto pelas altas temperaturas do ambiente. Hoje, a Zipline faz esses transportes por 150km, mas isso não reflete a distância que um drone precisa viajar para alcançar áreas realmente remotas.

Para isso, o professor Timothy Amukele, da Universidade Johns Hopkins (Baltimore, Maryland, EUA), coletou amostras de sangue de 21 adultos e transportou metade por drone e outra metade em um carro com ar-condicionado. Timothy e sua equipe usaram um drone híbrido, que combina a recurso que um helicóptero usa para decolar e pousar verticalmente, e o recurso que um planador usa para alcançar uma autonomia de voo maior. Os pesquisadores anexaram à fuselagem do drone um refrigerador customizado, revestido com espuma. Alimentado pela bateria do veículo, o refrigerador manteve as amostras a cerca de 23ºC – 9ºC mais frio que o ambiente externo.

Após o voo, o time realizou testes nas amostras, contando o número de células e medindo os níveis de sódio e dióxido de carbono, entre outras coisas. Então, os resultados do sangue transportado por drone foram comparados com os do sangue transportado por carro, para verificar se o voo havia afetado a precisão dos resultados dos exames.

O sangue transportado por drone estava perfeito. Apenas dois dos resultados se diferiram dos outros, em seus índices de glicose e potássio. Mas os pesquisadores suspeitam que o sangue que foi transportado no carro (que estava em um ambiente levemente mais quente que o ambiente do drone), se deteriorou de alguma forma, distorcendo os resultados. As descobertas feitas pela equipe foram publicadas no American Journal of Clinical Pathology, e você pode conferir o estudo completo aqui.

Antes que drones possam ser usados para transportar sangue por longas distâncias, os pesquisadores vão precisar realizar mais testes, usando amostras de pessoas que não estejam tão saudáveis quanto os voluntários do estudo. É possível que o transporte por drone tenha um efeito maior sobre o sangue com níveis excessivamente altos ou baixos de glicose, por exemplo. Além disso, há a questão da segurança: se um drone como esse sofre uma queda, isso pode colocar em perigo as pessoas no solo. Portanto, a utilização de drones para transporte médico deve ser algo regulamentado: os pilotos devem ter licenças e devem ser traçadas rotas específicas para esses drones, visando evitar o maior número possível de falhas.

Existe muito trabalho a ser feito para garantir que esse seja um meio de transporte seguro incorporado à infraestrutura de cuidados médicos, mas o estudo apresentado pela equipe de Timothy Amukele nos dá uma visão promissora do futuro.

Para saber mais sobre o estudo, assista ao vídeo abaixo:

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