Strøm: um purificador compostável feito de resíduos de alimentos

Strøm: um purificador compostável feito de resíduos de alimentos

As alunas de pós-graduação do Pratt Institute Charlotte Böhning e Mary Lempres, do Studio Doppelgänger, criaram o Strøm, um purificador de água compostável feito de resíduos de alimentos.

O filtro de carbono é feito sem combustíveis fósseis, usando restos de cozinha, e é possível usá-lo como substitutos do filtro brita ou adicioná-lo em garrafas ou copos de água.

Para funcionar de forma eficiente, o Strøm usa carvão ativado, mas, ao invés de obtê-lo do petróleo, a fonte é uma forma de biocarvão natural. O material é misturado com resinas naturais para tomar a forma de um termoplástico.

Ao mesmo tempo que a invenção de Charlotte e Mary abre um novo horizonte de opções para filtragem e armazenamento de água, o Strøm também reduz a necessidade de filtros de plástico de uso único, que acabam em aterros sanitários.

Sua fabricação consiste em um processo simples. Primeiro, são colocados em um forno cascas de banana, ossos de animais e outros resíduos de alimentos que podem ser gerados em casa, em fazendas locais e restaurantes. Este processo de “pirólise” evita que o carbono presente na biomassa forme dióxido de carbono durante a combustão. No lugar disso, o resultado é um carvão absorvente poroso que armazena o carbono dos alimentos, em vez de de liberá-lo na atmosfera. O sequestro de carbono foi um dos principais objetivos do projeto, pois, mesmo quando esses filtros finalmente chegarem ao aterro, eles continuarão armazenando carbono e não produzirá metano, como acontece com resíduos de alimentos que não passam por esse processo.

Após isso, esse biochar (nome que significa a união das palavras em inglês biomass e charcoal) e própolis de abelha são combinados com resinas de árvores para criar formas flexíveis que podem ser fundidas, injetadas ou moldadas para formar cartuchos ou jarros de água Strøm reais.

Segundo Charlotte e Mary, os produtos finais superam os filtros tradicionais e funcionam para filtrar várias substâncias que não reagem ao carvão ativado. O biochar é magnetizado em um banho de sal ferroso para extrair metais pesados da água. Enquanto isso, os ossos de animais no carvão filtram o flúor. O própolis e a resina da árvore evitam o acúmulo de bactérias e atuam como aglutinantes.

A ideia do uso do própolis veio a partir de uma observação que a dupla fez na natureza: as abelhas usam própolis para mumificar as carcaças de invasores de colmeias, impedindo a propagação de doenças. Assim, a aplicação do própolis no projeto foi feita devido a suas funcionalidades antimicrobianas, antivirais e antifúngicas.

Quando o ciclo de vida do Strøm chega ao fim, ele se decompõe no solo em cerca de um mês — enquanto os filtros de plástico podem levar 11 gerações para se decompor, enquanto liberam substâncias químicas poluentes na água e no solo.

Este não é o primeiro projeto baseado em economia circular desenvolvido pela dupla do Studio Doppelgänger. Em março de 2022, falamos no InovaSocial sobre uma outra criação de Charlotte Böhning e Mary Lempres: o Chitofoam, um sistema circular que usa larvas-da-farinha para produzir alternativa ao isopor. Clique aqui para relembrar.

Para saber mais sobre o Strøm confira o vídeo a seguir.

StrømStrøm
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