Em Uganda, plástico se transforma em materiais de construção e face shields

Em Uganda, plástico se transforma em materiais de construção e face shields

Na cidade de Gulu, em Uganda, é comum que a maioria das garrafas plásticas descartadas vão para o lixo ou sejam queimadas. Isso acontece basicamente porque para chegar à planta de reciclagem mais próxima da região seja preciso fazer uma viagem de seis horas. Para resolver esse problema, uma startup chamada Takataka Plastics está testando um novo processo de reciclagem, para transformar lixo plástico em materiais de construção e máscaras de proteção facial – conhecidas como face shields – para profissionais que estão combatendo a pandemia do coronavírus.

O time, que é liderado por Paige Balcom, uma estudante de PhD em engenharia mecânica da Universidade da Califórnia em Berkeley, criou pequenas máquinas que separam, trituram e derretem o plástico, para que ele possa tomar uma nova forma.

A equipe de Paige vem enfrentando um grande desafio. Diariamente, Uganda gera 600 toneladas métricas de lixo plástico. Em Gulu, 80% desse lixo plástico não é coletado, mas sim queimado – fazendo com que agentes cancerígenos, toxinas letais e CO2 sejam liberados no ar – ou é descartado de qualquer jeito – o que também não é uma boa opção, já que esse lixo pode bloquear bueiros, causando inundações e atraindo mosquitos portadores de malária; ou então entrar no solo e atrapalhar as colheitas ou ser ingerido por animais.

As propriedades químicas do plástico dificultam o processamento do material para reutilização local, mas as novas máquinas da startup, projetadas para trabalhar com o tipo de plástico encontrado nas garrafas, tornam isso possível. A startup está projetando produtos importantes com o material – no ano passado, foram os revestimentos de parede duas vezes mais resistentes que os revestimentos cerâmicos e azulejos de pavimentação que são 14 vezes mais resistentes que o concreto. A indústria da construção está crescendo rapidamente em Gulu, e a demanda pelos produtos é suficiente para que seja possível usar todo o lixo plástico da cidade.

A Takataka Plastics tem uma equipe composta por 14 pessoas que agora, com a pandemia do coronavírus, também estão produzindo cerca de 100 face shields de plástico reciclado para clínicas de saúde todos os dias.

O modelo da startup pode ser facilmente expandido para outras cidades onde os governos não podem construir uma grande planta de reciclagem, ao mesmo tempo que é economicamente inviável enviar resíduos a um centro de reciclagem distante.

“Baseamos nossas máquinas em projetos de código aberto, mas as modificamos para usar peças e técnicas de fabricação disponíveis localmente. Se uma máquina importada quebra, geralmente ela não pode ser consertada,” diz Paige. “Ainda precisamos importar os eletrônicos, mas nossas máquinas construídas localmente também são fáceis de replicar, para que possamos construir muitas máquinas com menos custos e dimensionar para outras partes do Uganda e da África Oriental.”

Depois de provar que nosso piloto, em Gulu, pode ser auto-sustentável, queremos replicá-lo e estabelecer operações da Takataka Plastics em Uganda e na África Oriental. Também estamos explorando a possibilidade de vender ou licenciar os projetos para nossas que nossas máquinas sejam fabricadas localmente,” Paige conclui.

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