Conheça o projeto arquitetônico que reimagina os campos de refugiados

Conheça o projeto arquitetônico que reimagina os campos de refugiados

Apesar de serem soluções provisórias, não é incomum que os campos de refugiados durem anos ou mesmo décadas. Para além disso, a partir do observado em catástrofes humanitárias recentes, a maioria dessas construções não dispõe de uma estrutura muito elaborada – sendo, na grande parte dos casos, formadas por barracas convencionais.

Mas e se houvesse uma maneira de oferecer moradia digna a essas populações desabrigadas? Montada na Bienal de Arquitetura de Veneza de 2023, uma instalação se propõe a reimaginar os campos de refugiados, apresentando uma alternativa segura, mais apropriada e, ainda assim, de fácil instalação, às tendas fornecidas aos imigrantes.

Projetado pela Norman Foster Foundation em colaboração com a gigante do cimento, Holcim, o protótipo de abrigo se assemelha a tubo cortado ao meio. Na parte interna, paredes de madeira compensada separam os ambientes, ao passo em que também dão forma à mobília. Já no exterior, a estrutura se destaca principalmente pelo telhado curvado, somado às janelas em formato de bolha, que contribuem para uma aparência simpática.

Em relação à composição do abrigo, a maior parte é feita com diferentes tipos de concreto. Na base, por exemplo, o entulho de outras obras pode ser reutilizado para nivelar o piso, dispensando a necessidade de escavações ou de uma fundação tradicional.

Apesar disso, em comparação com as construções tradicionais, essa alternativa tem uma pegada de carbono 70% menor. Nesse quesito, parte do resultado é atribuída também à camada mais externa do design, que emprega um tipo de concreto flexível.

Produzido pela companhia Concrete Canvas, o concreto flexível, ou enrolável, consiste numa manta impregnada com cimento – neste caso, uma mistura de baixo carbono. Da mesma forma que o material convencional, a manta é hidratada com água e, conforme seca, também endurece.

Mais do que uma solução sofisticada, a grande vantagem de utilizá-lo aqui é que, ao contrário da mistura pastosa entre cimento, água e agregados, o concreto flexível pode ser aplicado em menos passos. Assim, diante de um cenário onde seja preciso construir centenas de milhares de abrigos, todo o material pode ser estocado e trabalhado no local, sem dificultar a logística ou o transporte.

Em exibição desde maio de 2023, o protótipo deve permanecer exposto até o fim da bienal, em novembro, e acompanha uma série de outras conjecturas arquitetônicas de ponta, também à mostra no evento.

Ainda assim, para além de seu propósito nobre, a solução se destaca, sobretudo, por reunir diversos elementos de conforto para os imigrantes. Entre a mobília, por exemplo, é possível encontrar uma cama de solteiro, uma cama de casal, uma mesa dobrável, uma pia, um banheiro com ducha e um forno.

Graças ao design modular, a estrutura também pode ser combinada – ou reduzida – para acomodar diferentes tamanhos de famílias. Além disso, uma vez que o campo de refugiados seja desmontado, todos os componentes do abrigo podem ser reutilizados, seja em novas obras ou outras implementações.

“O Projeto Lares Essenciais é um ponto de partida para o oferecimento de lares, em vez de abrigos, e de comunidades, em vez de campos, aos milhares de desamparados vivendo em acampamentos temporários. Para isso, foi planejado para suportar aos elementos, além de promover segurança, dignidade e bem-estar às comunidades desabrigadas” afirma Edelio Bermejo, líder de pesquisa e desenvolvimento da Holcim.

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