Projeto transforma lodo em biocombustível em Arraial do Cabo

Projeto transforma lodo em biocombustível em Arraial do Cabo

O lodo resultante do tratamento de esgoto é um resíduo que geralmente é descartado em aterros sanitários, mas esse tipo de descarte tem impactos ambientais significativos. Aterros sanitários são fontes de poluição do ar e do solo devido à emissão de gases tóxicos e metano, além de contribuírem para a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, eles também podem ser fontes de contaminação da água e do solo devido a vazamentos de líquidos residuais.

A gestão inadequada dos aterros sanitários também pode levar a problemas de saúde pública, devido aos maus odores e à presença de roedores e insetos. Portanto, é importante buscar alternativas para o descarte de lodo, como a transformação em gás biocombustível ou carvão vegetal, que podem oferecer benefícios ambientais significativos.

O Projeto Retransformar, lançado na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Arraial do Cabo, busca transformar o lodo resultante do tratamento do esgoto doméstico em um biocombustível ou em carvão vegetal.

A Unidade de Tratamento de Resíduos (UTR) conta com uma tecnologia inovadora e sustentável, que, por meio do processo de pirólise lenta a tambor rotativo, decompõe o lodo e gera gás biocombustível que pode ser utilizado para geração de energia. Além disso, a tecnologia também gera um tipo de carvão vegetal chamado biochar, que pode ser utilizado na agricultura para recuperar solos degradados e sequestrar carbono.

A transformação do lodo em gás biocombustível e carvão vegetal tem impactos ambientais positivos, como a redução da necessidade de aterros sanitários. O gás biocombustível gerado pode ser utilizado como fonte de energia limpa e renovável, contribuindo para a descarbonização da economia. O carvão vegetal também pode ser utilizado na agricultura para recuperar solos degradados e aumentar a fertilidade do solo.

O projeto, financiado pela Águas do Rio e Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com Agenersa, Universidade Federal Fluminense (UFF) e Prefeitura de Arraial do Cabo, terá duração de 3 anos e capacidade para tratar 2 toneladas de lodo por dia.

A equipe responsável pelo projeto, liderada por Rodolfo Cardoso, doutor em Engenharia de Produção, da Universidade Federal Fluminense, também busca analisar as melhores formas de reaproveitamento do lodo e quais terão melhor custo x benefício, impactando não só empresas voltadas para o saneamento, como também outras indústrias.

“Os testes que serão realizados produzirão resultados inovadores no país. Iremos analisar quais são as melhores formas de reaproveitamento do lodo e quais terão melhor custo x benefício, impactando não só empresas voltadas para o saneamento, como também outras indústrias. Também iremos estudar formas de aumentar a capacidade da planta para atendermos estações de tratamento ainda maiores. Por meio de softwares, criaremos gêmeos digitais da unidade e faremos testes simulando a expansão da produtividade”, explicou Rodolfo Cardoso.

No entanto, é importante destacar que existem desafios para a aplicação dessa tecnologia em larga escala, como a necessidade de investimentos significativos em infraestrutura e tecnologia, além de considerações regulatórias e de segurança para a operação das unidades de tratamento. Também é importante considerar que a eficiência e impacto ambiental real da tecnologia dependerá de fatores como a qualidade do lodo tratado e as condições operacionais específicas da unidade.

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Créditos: Imagem Destaque – paroonkorn srichan / Shutterstock

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