Como as algas podem reduzir emissão de metano por vacas

Como as algas podem reduzir emissão de metano por vacas

Você sabia que há cerca de 1,5 bilhão de vacas no planeta? Elas são criadas principalmente para a produção de carne e laticínios, e embora isso possa parecer inofensivo, essas mesmas vacas são responsáveis por uma parcela significativa do aquecimento global. O motivo? Seus arrotos. Isso mesmo. Estima-se que cada vaca solte até 100 quilos de metano por ano, e esse gás, embora em menor quantidade que o CO₂, é 25 vezes mais potente em termos de efeito estufa. Mas e se houvesse uma solução natural para reduzir essa emissão sem impactar diretamente o consumo de carne e laticínios? A resposta pode estar… no fundo do mar.

Pesquisadores têm explorado alternativas que vão além da simples redução no consumo de carne. Uma delas é mudar a dieta das próprias vacas. E a proposta mais promissora até agora é a inclusão de algas marinhas, especificamente um tipo de alga vermelha, na alimentação desses animais. Estudos recentes, como o conduzido pelo pesquisador Ermias Kebreab da UC Davis (Califórnia, EUA), mostram que o uso dessa alga pode reduzir as emissões de metano em até 82%.

Mas como isso funciona? A digestão das vacas é complexa, devido ao seu estômago dividido em quatro compartimentos, sendo o maior deles o rúmen, onde o alimento fermenta. Nesse processo, os microrganismos que ajudam na digestão produzem metano, que é liberado quando as vacas arrotam.

A introdução de aditivos alimentares, como a alga vermelha Asparagopsis taxiformis, altera essa dinâmica. O composto presente na alga, chamado bromofórmio, inibe a produção de metano sem interferir na digestão dos nutrientes.

Desafios e preocupações com o uso de algas

Isso não significa que a alga é uma solução mágica. Outros estudos na Austrália, por exemplo, descobriram que a redução de metano pode variar, chegando a 30% em alguns casos. Além disso, há preocupações com a produção e distribuição em larga escala dessas algas, já que o cultivo pode ser um desafio logístico e ambiental.

Ainda assim, há muito otimismo em torno dessa alternativa. A produção de algas pode ser realizada em oceanos, sem consumir recursos como água doce e fertilizantes. Além disso, há a vantagem de que o cultivo de algas também pode combater outros problemas ambientais, como a acidificação dos oceanos.

Mas os desafios não são apenas técnicos: o bromofórmio, em sua forma pura, pode ser prejudicial à saúde humana se consumido em grandes quantidades. Embora os estudos até agora não mostrem níveis perigosos desse composto no leite ou na carne das vacas que ingerem a alga, mais pesquisas são necessárias para garantir a segurança a longo prazo.

Outras soluções e o futuro da produção de carne

Apesar dos obstáculos, a inclusão de algas na dieta das vacas está longe de ser a única solução. Outros aditivos alimentares, como ácidos graxos e até o uso de ervas como orégano, também mostram potencial na redução das emissões de metano. Mas a alga vermelha continua sendo a aposta mais eficaz até agora.

O futuro da produção sustentável de carne e laticínios pode depender dessas e de outras inovações, enquanto a demanda global por alimentos cresce. O desafio agora é equilibrar a saúde do planeta com a necessidade de alimentar uma população em expansão. E, ao que tudo indica, estamos um passo mais perto de resolver o enigma dos arrotos das vacas, graças ao que cresce nos oceanos.

A seguir, assista à palestra de Ermias Kebreab no Countdown Summit 2021 e saiba mais:


Créditos: Imagem Destaque – TSV-art/Shutterstock

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