Categories Soluções de ImpactoPosted on 26/09/2024Como as algas podem reduzir emissão de metano por vacas Você sabia que há cerca de 1,5 bilhão de vacas no planeta? Elas são criadas principalmente para a produção de carne e laticínios, e embora isso possa parecer inofensivo, essas mesmas vacas são responsáveis por uma parcela significativa do aquecimento global. O motivo? Seus arrotos. Isso mesmo. Estima-se que cada vaca solte até 100 quilos de metano por ano, e esse gás, embora em menor quantidade que o CO₂, é 25 vezes mais potente em termos de efeito estufa. Mas e se houvesse uma solução natural para reduzir essa emissão sem impactar diretamente o consumo de carne e laticínios? A resposta pode estar… no fundo do mar. Pesquisadores têm explorado alternativas que vão além da simples redução no consumo de carne. Uma delas é mudar a dieta das próprias vacas. E a proposta mais promissora até agora é a inclusão de algas marinhas, especificamente um tipo de alga vermelha, na alimentação desses animais. Estudos recentes, como o conduzido pelo pesquisador Ermias Kebreab da UC Davis (Califórnia, EUA), mostram que o uso dessa alga pode reduzir as emissões de metano em até 82%. Mas como isso funciona? A digestão das vacas é complexa, devido ao seu estômago dividido em quatro compartimentos, sendo o maior deles o rúmen, onde o alimento fermenta. Nesse processo, os microrganismos que ajudam na digestão produzem metano, que é liberado quando as vacas arrotam. A introdução de aditivos alimentares, como a alga vermelha Asparagopsis taxiformis, altera essa dinâmica. O composto presente na alga, chamado bromofórmio, inibe a produção de metano sem interferir na digestão dos nutrientes. Desafios e preocupações com o uso de algas Isso não significa que a alga é uma solução mágica. Outros estudos na Austrália, por exemplo, descobriram que a redução de metano pode variar, chegando a 30% em alguns casos. Além disso, há preocupações com a produção e distribuição em larga escala dessas algas, já que o cultivo pode ser um desafio logístico e ambiental. Ainda assim, há muito otimismo em torno dessa alternativa. A produção de algas pode ser realizada em oceanos, sem consumir recursos como água doce e fertilizantes. Além disso, há a vantagem de que o cultivo de algas também pode combater outros problemas ambientais, como a acidificação dos oceanos. Mas os desafios não são apenas técnicos: o bromofórmio, em sua forma pura, pode ser prejudicial à saúde humana se consumido em grandes quantidades. Embora os estudos até agora não mostrem níveis perigosos desse composto no leite ou na carne das vacas que ingerem a alga, mais pesquisas são necessárias para garantir a segurança a longo prazo. Outras soluções e o futuro da produção de carne Apesar dos obstáculos, a inclusão de algas na dieta das vacas está longe de ser a única solução. Outros aditivos alimentares, como ácidos graxos e até o uso de ervas como orégano, também mostram potencial na redução das emissões de metano. Mas a alga vermelha continua sendo a aposta mais eficaz até agora. O futuro da produção sustentável de carne e laticínios pode depender dessas e de outras inovações, enquanto a demanda global por alimentos cresce. O desafio agora é equilibrar a saúde do planeta com a necessidade de alimentar uma população em expansão. E, ao que tudo indica, estamos um passo mais perto de resolver o enigma dos arrotos das vacas, graças ao que cresce nos oceanos. A seguir, assista à palestra de Ermias Kebreab no Countdown Summit 2021 e saiba mais: Créditos: Imagem Destaque – TSV-art/Shutterstock Compartilhe esse artigo: