California City: O (mau) planejamento que criou uma cidade fantasma

California City: O (mau) planejamento que criou uma cidade fantasma

California City tinha tudo para ser uma grande cidade. Hoje não é mais que uma pequena cidade no deserto Mojave, com pouco mais de 14 mil habitantes, muitos deles trabalhadores da base aérea Edwards e da prisão da cidade. No entanto, California City é pequena apenas no volume de moradores, quando o assunto é área, seus 527km² colocam a cidade em terceiro lugar no Estado da Califórnia. Para efeito de comparação, é quase que a metade da área da cidade do Rio de Janeiro (que hoje possui mais de 6 milhões de pessoas), mas com a população de Carapebus, pequena cidade fluminense.

Mas para entendermos porquê California City é uma cidade quase que fantasma, precisamos voltar no tempo. Em 1958, Nathan Mendelsohn tinha o sonho de criar uma cidade rival de Los Angeles. Comprou 82 mil acres de terra em California City, loteou a região e apostou todas as cartas no boom de população do Estado. A famosa frase do filme Campo dos Sonhos, “se você construir, eles virão” não funcionou em California City. Quinze anos depois, apenas 7 mil moradores haviam se mudado para a região. Abaixo você confere o vídeo com um pouco mais sobre a cidade.

Um dos grandes motivo de insucesso da região é o planejamento. Faltou combinar com a população, com a economia e com as tempestades de areia que atingem a região. Nem mesmo a atual pista de testes da Hyundai/Kia ou a maior mina de boro do mundo conseguiu arrebatar o tanto de moradores que Mendelsohn sonhava para California City.

A esperança de uma cidade do futuro no meio do deserto não é novidade, principalmente nos EUA. Las Vegas nasceu assim e hoje é um dos pontos mais visitados do país norte-americano. No entanto, California City nos faz pensar sobre mobilidade e como concentramos e planejamos nossas cidades, seja no EUA ou qualquer outra parte do mundo. Brasília é um ótimo exemplo local. Talvez o Brasil tivesse sua própria California CIty, se a cidade não tivesse sido projetada como a capital do país. A verdade é que cidades precisam ser construídas com propósito, e não apenas sendo pensadas com base na especulação imobiliária.

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