The Marvelous Mrs. Maisel: A série que se passa nos anos 50, mas é muito importante ainda em 2018

The Marvelous Mrs. Maisel: A série que se passa nos anos 50, mas é muito importante ainda em 2018

A série original da Amazon, “The Marvelous Mrs. Maisel” conta a história de Miriam “Midge” Maisel, uma dona de casa judia dos anos 50 do Upper West Side de Nova York, que embarca em uma carreira cômica após ser deixada por seu marido. Levando para casa dois Globos de Ouro e cinco Emmys, a comédia – estrelada por Rachel Brosnahan e co-criada por Amy Sherman-Palladino, de “Gilmore Girls” – também é uma das séries mais bem cotadas da Amazon, com uma classificação média de 4,9/5.

“The Marvelous Mrs. Maisel” está disponível no Prime Video, serviço de streaming da Amazon, e conta com apenas uma temporada de 8 episódios – que foram devorados por mim em apenas um fim de semana. Apesar de estarmos falando de uma série que se passa nos anos 50, é muito importante destacar como o enredo ainda é fortemente relevante em pleno 2018.

Há um momento em “The Marvelous Mrs. Maisel” em que Midge está em frente a um juiz que a ameaça prendê-la por desrespeitá-lo no tribunal. Diante de ter que escolher entre ficar atrás das grades e não conseguir pegar o filho com a babá, ela cede ao homem no poder.

“Meu comportamento hoje cedo foi irracional, irresponsável e extremamente desrespeitoso. Deixei minhas emoções tomarem conta de mim,” diz ela. “Afinal, sou uma mulher.”

Embora a cena ocorra em um tribunal norte-americano de décadas atrás, ela ainda parece muito relevante. E esse não é um momento único e isolado: durante toda a primeira temporada, Midge está constantemente confrontando normas sociais dirigidas por homens ou até mesmo por mulheres. E, embora à primeira vista, o personagem de Midge possa parecer se encaixar perfeitamente dentro do estereótipo da mulher dos anos 50 – ela não retira a maquiagem até que o marido adormeça, acorda sorrateiramente para aplicá-la antes de se levantar e mede todas as partes do corpo para controlar diariamente sua forma física – na realidade, ela é tudo menos isso. Quando seu marido sai de casa, Midge toma as rédeas de sua própria vida. Ela começa sua carreira de comediante de stand-up, consegue um emprego – ignorando a aversão de sua mãe às mulheres que trabalham e a descrença de seu pai –. e até encontra uma empresária para cuidar de sua nova carreira.

Sempre que há uma chance de Midge ignorar os costumes dos anos 50, ela o faz – e com força. Midge pode pedir até desculpas ao juiz por “ser uma mulher” – mesmo que obviamente como uma tática para tirá-la daquela situação – mas ela, na verdade, não sente culpa alguma por ser quem ela é. Midge não acha que ser mulher a deixa volátil de uma fora ruim. Não, na verdade, isso é o que a torna incrível – algo que vemos sempre que a personagem conversa com qualquer pessoa que esteja à sua volta, seja durante um número de stand-up, seja em uma conversa casual durante um jantar. Sua persona no palco está alinhada com a de Joan Rivers, que, como Midge, começou a se apresentar no Gaslight Café, em Greenwich Village, Nova York. No início, a comédia de Joan Rivers não seguiu um livro de regras e apresentou ao mundo algo desconhecido: uma mulher desafiadora, engraçada e confiante não precisa de um homem para ser valiosa ou bem-sucedida. E, como Joan Rivers, esses traços são levados do palco para Midge também. Em vez de cair em um triste papel de uma divorciada, ela se concentra em reorganizar sua vida para se adequar às circunstâncias atuais. Seja em 1958 ou 2018, Midge é uma mulher moderna – o tipo de heroína que queremos em uma época em que, no mundo todo, estão tentando silenciar a força da mulher.

“The Marvelous Mrs. Maisel” não só nos proporciona o um entretenimento leve e divertido, como também mostra o início da luta contra o patriarcado – mesmo que Midge não esteja plenamente consciente de que está liderando este movimento. E isso sem ainda mencionar, claro, a música clássica, a moda deslumbrante, o batom perfeitamente aplicado e a cena social de martinis e jantares extravagantes em Nova York.

Essa mistura de rebeldia e sofisticação é o que faz de Midge Maisel o tipo de protagonista que as séries precisam no momento. Embora o show não seja inerentemente político, ele se encaixa perfeitamente na atmosfera que está fervendo no mundo inteiro nos últimos anos. A luta de Midge contra o patriarcado pode ter lugar na cena da comédia norte-americana dos anos 50, mas você poderia facilmente inseri-la, por exemplo, em uma das dezenas de marchas das mulheres que podemos ver mundo afora ano ano. Midge é relevante porque ela nos lembra de falar, de continuar correndo atrás de nossos objetivos, mais importante, nos lembra de continuar correndo atrás daquilo que merecemos.

A primeira e a segunda temporada de “The Marvelous Mrs. Maisel” estão disponíveis no Prime Video, confira o trailer:

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