Desigualdade global seria menor sem o Aquecimento Global, diz estudo

Desigualdade global seria menor sem o Aquecimento Global, diz estudo
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Mercado em Abuja, a capital da Nigéria. O país mais populoso da África, a Nigéria, teria sido 29% mais rico sem a mudança climática, segundo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Stanford. Créditos da imagem: Nwakalor Kenechukwu / New York Times

Enquanto o mundo continua a experimentar altas temperaturas como resultado das mudanças climáticas, um novo estudo diz que alguns países estão realmente aumentando sua riqueza à medida que as temperaturas sobem.

Nas últimas décadas, o aquecimento global causou “declínios intensos e substanciais na produção econômica em países mais quentes e pobres”, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista Proceedings of National Academy of Sciences, enquanto o contrário aconteceu nos países mais frios e ricos — em comparação com o que teria acontecido em um mundo sem mudanças climáticas causadas pelo homem. “O aquecimento global causado pelo uso de combustível fóssil provavelmente exacerbou a desigualdade econômica associada a disparidades históricas no consumo de energia”, escrevem os autores, Noah Diffenbaugh e Marshall Burke, ambos da Universidade de Stanford.

Com base em pesquisas anteriores sobre as ligações entre crescimento econômico e mudança de temperatura, os pesquisadores quantificaram o impacto econômico desigual das mudanças climáticas ao longo de meio século. Eles mostram até que ponto o aquecimento global tornou os países pobres, países mais pobres e os ricos, mais ricos.

Entre 1961 e 2010, a diferença na renda per capita entre 10% dos países mais ricos e 10% dos países mais pobres (representados pelo tamanho da população) foi 25% maior do que teria sido sem o aquecimento global, segundo os pesquisadores. Diffenbaugh e Burke disseram que os países mais pobres perderam alguns dos benefícios diretos do uso de combustíveis fósseis e estavam sendo “significativamente prejudicados” pelo aquecimento global criado pelo consumo de energia dos países mais ricos.

Durante esse meio século, segundo o estudo, as perdas econômicas médias em países mais próximos do equador — incluindo partes da América do Sul, África Central e Sudeste Asiático — foram 25% maiores do que teriam sido em um mundo sem aquecimento global. Por exemplo, o impacto econômico negativo, medido no PIB per capita, foi de 31% para a Índia, 29% para a Nigéria e 25% para o Brasil. Os países que se tornaram mais ricos devido ao aquecimento global incluem o Canadá, que apresentou um aumento de 32% no PIB per capita, e na Noruega, com um aumento de 34% em relação a um mundo sem mudanças climáticas. Alguns outros países, incluindo a China e os EUA, registraram pouca mudança no PIB devido à mudança climática ao longo de meio século.

Todos os 18 países cujas emissões cumulativas de dióxido de carbono per capita de 1961 a 2010 foram inferiores a 10 toneladas sentiram os impactos econômicos negativos das mudanças climáticas, com uma queda média de 27% no PIB per capita. Da mesma forma, todos os 36 países cujas emissões de dióxido de carbono estavam entre 10 e 100 toneladas per capita tiveram impactos econômicos negativos, com perdas médias de 24%.

Em comparação, 14 dos 19 países cujas emissões acumuladas per capita excederam 300 toneladas experimentaram um benefício econômico, com um ganho médio de 13% no PIB per capita.

O estudo destaca um componente crítico da luta pela justiça ambiental: os países menos ricos não apenas são afetados de forma desproporcional pela mudança climática, mas pagam uma parte significativa do preço de combatê-lo. As descobertas, como observa o New York Times, “poderiam ter implicações enormes para o debate global sobre quem deveria reduzir as emissões de gases de efeito estufa mais rapidamente — e quem deveria pagar pelo caos esse fenômeno causa, especialmente em países pobres”.

“Eles não causaram o problema”, disse o pesquisador e economista Marshall Burke aoNew York Times. “Eles estão sendo prejudicados por isso. Há uma clara dimensão de equidade aqui.”


Para conferir o estudo na íntegra, clique aqui.


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