Algorithmic Reality: Você deixaria um vendedor te perseguir na vida real como na internet?

Algorithmic Reality: Você deixaria um vendedor te perseguir na vida real como na internet?

Imagine a seguinte situação: você está em um loja de calçados, experimentando um par de tênis. O vendedor fala que eles ficaram ótimos nos seus pés, mas você não está totalmente satisfeito e decide ir embora de mãos vazias. Da loja, você lembra que precisa passar no supermercado e, depois de alguns minutos caminhando pelos corredores, o mesmo vendedor da loja de calçados na sua frente.

E ele diz: “Só estou me perguntando se você não quer mesmo levar aquele par de tênis. Lembra? Eu tenho uma foto deles bem aqui.”

Você ri da cena e decide ignorá-lo, mas o vendedor continua te seguindo em outros momentos do seu dia: você esbarra com ele no estacionamento, na cafeteria, na farmácia. Ele invade a sua casa e tenta te convencer enquanto você faz o jantar: “Eu adoraria sugerir alguns outros sapatos que você pode gostar com base naquele que você experimentou mais cedo”.

É uma situação parecida com essa que vemos no capítulo de abertura de “Algorithmic Reality”, a nova história em quadrinhos de Damian Bradfield, cofundador da WeTransfer, e do ilustrador espanhol David Sánchez. A história alerta contra a influência das big techs e o imediatismo da tecnologia.

No primeiro capítulo, Bradfield transpõe o marketing on-line e os anúncios direcionados para o mundo real. Ao confundir essas fronteiras entre os mundos on e off-line, o autor nos incita a considerar por que parecemos mais propensos a aceitar algo no mundo digital que pode parecer completamente absurdo na vida real.

Ao longo da história, Bradfield e Sánchez ilustram um retrato de uma sociedade que está em dívida com a tecnologia — o que nos lembra muito o que vemos na série Black Mirror. As marcas estão nos perseguindo, as seguradoras estão exigindo que troquemos nossa privacidade por prêmios mais baixos e os supermercados estão lotados de personal shoppers empregados por uma certa empresa chamada “Amazin”.

“Estamos vendo o mundo sendo dominado por corporações que podem não compartilhar os mesmos valores que nós”, diz Bradfield. “É bem provável que algumas dessas grandes empresas estejam avançando para a Lua, Marte e o restante do sistema solar e tirando proveito disso. Vamos assistir isso acontecer e vamos fingir que estamos surpresos por não termos previsto isso?”

Para saber mais e conferir “Algorithmic Reality” na íntegra, clique aqui.

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