Categories Inova+Posted on 16/12/2025Pensamento computacional na escola: como formar professores para o mundo digital • Pensamento computacional desenvolve raciocínio para resolver problemas dentro e fora do ambiente digital. • A integração com o currículo acontece por meio de abordagens interdisciplinares e apoio real ao professor. • Letramento digital crítico, redes de parceria e tempo viável são chave para ampliar inclusão e cidadania na escola. No episódio #150 do podcast do InovaSocial, conversamos com Diana Daste, Diretora de Engajamento Cultural do British Council no Brasil, sobre programação e pensamento computacional na formação de professores da rede pública. O ponto que atravessa toda a conversa é que preparar professores para um mundo digital não significa transformá-los em programadores, e sim ampliar repertório para resolver problemas, colaborar e conectar tecnologia ao currículo. Antes de pensar em plataformas, vale olhar para o ponto de partida: o professor ainda é a fonte de informação mais confiável para muitos jovens. Ao mesmo tempo, estudantes pedem que a escola atualize práticas e integre competências digitais com intencionalidade. Isso muda o foco do debate. Não se trata de “ter aula de código”, mas de fortalecer o docente para navegar com segurança no ambiente digital, trabalhar pensamento crítico e criar experiências de aprendizagem relevantes. O que é pensamento computacional na prática O termo assusta porque parece preso aos computadores. Na conversa, a definição aparece como uma forma de raciocínio: decompor problemas, reconhecer padrões, organizar dados, testar hipóteses e iterar soluções. Essa lógica pode ser aplicada com ou sem telas, em atividades “desplugadas”, jogos, desafios de sala e projetos interdisciplinares. Isso é especialmente importante em escolas com infraestrutura limitada, onde a aprendizagem precisa funcionar mesmo quando a tecnologia não dá conta de tudo. Também entra o letramento digital. Além do uso de ferramentas, ele envolve interpretar informações, lidar com desinformação, entender riscos de segurança e desenvolver postura crítica no universo online. Aqui, o pensamento computacional vira um apoio para a cidadania. Na prática, letramento digital significa preparar professores e estudantes para conviver com o digital de forma consciente. É saber questionar uma informação antes de compartilhá-la, reconhecer vieses em algoritmos, entender como dados pessoais circulam e perceber que tecnologia não é neutra. Ao trazer essas discussões para a sala de aula, o professor deixa de ser apenas mediador de conteúdo e passa a ajudar os alunos a navegar com autonomia em um ambiente cada vez mais complexo. Como formar professores sem aumentar a carga O Codifica+, do British Council, funciona como um caminho estruturado e flexível para a formação docente. Alinhado à BNCC e à BNCC da Computação, o programa parte da ideia de que pensamento computacional não precisa virar uma disciplina à parte. Ele opera como uma lógica transversal, capaz de atravessar Língua Portuguesa, Geografia, Matemática e projetos conectados ao território, respeitando o contexto de cada escola e de cada professor. Essa abordagem amplia as possibilidades de aplicação em sala de aula. Professores são convidados a trabalhar problemas reais, temas do cotidiano e desafios locais, usando o pensamento computacional como apoio ao currículo já existente. Isso reduz a sensação de sobrecarga e ajuda a integrar tecnologia e raciocínio lógico de forma orgânica, sem exigir mudanças bruscas na rotina escolar. A experiência do programa também deixa claro que engajamento depende de desenho realista. O calendário é apertado, o tempo do professor é limitado e o reconhecimento importa. Certificação, apoio institucional e clareza de propósito ajudam a sustentar o processo. Já a avaliação segue como ponto sensível: quando percebida como punição, gera resistência; quando usada para aprender, ajustar e melhorar, fortalece práticas e permite que soluções eficazes ganhem escala. A conversa mostra que preparar professores para um mundo digital passa menos por ferramentas específicas e mais por condições de prática. Quando há espaço para experimentar, errar, ajustar e colaborar, o pensamento computacional deixa de ser abstrato e vira parte do cotidiano escolar. Ele se traduz em soluções simples, inclusivas e conectadas às realidades locais, mesmo em contextos com poucos recursos. É nesse ponto que redes de apoio fazem diferença. A articulação entre escolas, gestores, comunidades e parceiros permite que iniciativas ganhem escala sem perder qualidade, mantendo a formação gratuita, acessível e alinhada ao currículo. O desafio não está em reinventar a escola do zero, mas em criar pontes entre o que já existe e as competências que o presente exige. Para quem quiser se aprofundar nessas reflexões sobre pensamento computacional, formação docente e educação para um mundo em transformação, o episódio #150 do InovaSocial está disponível no player a seguir. Ouça também no Apple Podcasts. Compartilhe esse artigo: