iPhone 13 Pro: O futuro da telemedicina pode estar na câmera do smartphone

iPhone 13 Pro: O futuro da telemedicina pode estar na câmera do smartphone

Em janeiro de 2021, no InovaSocial, publiquei o texto “Apple Watch e a nossa saúde: Os desafios da telemedicina e dos produtos focados no bem-estar“. Naquele período, ainda no auge das ondas da pandemia de Covid-19, mostrei como a telemedicina estava caminhando no Brasil e os desafios que ainda teríamos que trilhar neste campo. O Apple Watch 6 que, entre outras funcionalidades, traz o sensor de oxigenação do sangue e eletrocardiograma, virou um aliado para quem queria acompanhar a saúde em casa.

Passados quase 9 meses, nosso time da Com limão & Co. (o mesmo que edita o InovaSocial diariamente) fez parte de um seleto time de brasileiros a serem os primeiros a receber o iPhone 13 Pro. Com os testes iniciais do aparelho, um questionamento surgiu: será possível utilizar o novo iPhone 13 Pro como ferramenta para a telemedicina?

Para entender como a pergunta surgiu, precisamos explicar um pouco mais sobre o aparelho, para que faça sentido o nosso pensamento e esta perspectiva de futuro. Entre as diversas novidades do novo smartphone da Apple, que incluem novo processador e alta fidelidade de cores na tela,  está o novo sistema de câmera Pro. Composto por 3 tipos de câmeras (ultra-angular, grande-angular e teleobjetiva), o iPhone 13 Pro permite que sejam feitas imagens macro com uma qualidade digna de câmeras profissionais — veja abaixo nossas fotos de uma pinta (nevo pigmentado) e de um globo ocular.

Com distância focal mínima de 2 cm, o sistema do iPhone 13 Pro permite que sejam feitas imagens muito mais próximas do que um smartphone comum e permite capturar até os menores detalhes com a nova câmera ultra-angular. Ótimo para fotografar pequenos objetos ou… criar pré diagnósticos com especialistas. É aqui onde entra a telemedicina.

Hospitais remotos e o iPhone 13 Pro como ferramenta para diagnóstico rápido

A pandemia impulsionou a telemedicina, mas ainda existem muitas áreas da saúde que dependem do atendimento presencial. Muito pela necessidade de aparelhos específicos, ainda é difícil e caro fazer alguns diagnósticos de forma remota. Não é possível, por exemplo, tirar um raio-x remotamente ou diagnosticar problemas mais graves pela tela do computador.

Vale dizer que um dos poucos campos da saúde em que a telemedicina está mais avançada e já permite o atendimento remoto de forma quase 100% integrada é o da saúde mental. Durante a pandemia tornou-se comum fazer terapia por videoconferência e já existem várias plataformas neste cenário. Ouça abaixo o nosso podcast com o cofundador do Zenklub, José Simões, sobre a importância da terapia na vida das pessoas, especialmente em tempos turbulentos.

Mas uma das tendências para um futuro próximo é o hospital remoto, um modelo descentralizado de atendimento que combina a análise de dados em tempo real e o diagnóstico remoto como uma alternativa aos atuais sistemas de hospitalização. É neste cenário em que entra o iPhone 13 Pro. Se consigo fazer imagens macro com alta fidelidade de cor e nitidez, talvez haja um espaço para consultas mais simples feitas diretamente do celular.

Vamos ilustrar com um cenário, assim fica mais simples de entender o exemplo. Imagine que você acorda com uma irritação no olho. Muitas vezes podemos ignorar um diagnóstico mais grave por achar que é um simples “cisco no olho”. Imagine ser possível enviar uma foto para o seu oftalmologista para que ele responda: “venha ao consultório” ou “não parece ser nada, mas vamos acompanhar mais um dia”. No cenário atual, muito provavelmente, teríamos marcado uma consulta, nos deslocado de casa até o consultório e aguardado o atendimento. Em outros casos, poderíamos ter simplesmente ignorado algo mais grave e adiado o atendimento. O mesmo acontece com o melanoma, o tipo mais grave de câncer de pele. Quanto mais cedo identificado, maiores são as chances de cura.

Atualmente já existem pesquisas que tentam utilizar inteligência artificial para identificar melanoma por fotografias. No futuro, talvez essa primeira triagem nem dependa de um médico para fazer avaliação prévia. Bastaria uma foto e a IA já liberaria ou te encaminharia para um especialista.

Todo esse cenário é pensado para comodidade (já que, muitos de nós, estamos nas grandes cidades), mas pense também nas pessoas que não possuem atendimento médico próximo de casa. É claro que isso também passa pela democratização de tecnologias como o iPhone 13 Pro. Hoje o custo do aparelho é alto demais para esse público, mas — no futuro próximo — isso pode ser comum e acessível.

Segundo a Forbes, “o maior problema da assistência médica nos Estados Unidos — o líder mundial em desigualdade em saúde — não é realmente sobre a qualidade da assistência. O maior problema que temos é o acesso ao atendimento. De acordo com o CDC , quase 20% dos adultos nos EUA não têm uma fonte regular de assistência médica. E um dos maiores impactos é na expectativa de vida”.

Eu sei que existem diversos fatores para que este tipo de solução chegue ao público geral. A descentralização dos serviços hospitalares e o acesso a especialistas médicos poderia ser democratizado, mas a descentralização requer protocolos para compartilhamento de dados (talvez um dos grandes desafios da telemedicina). Além disso, a adoção generalizada requer novos modelos de pagamento e envolve a criação de um mercado no qual os pacientes consomem serviços de saúde de forma mais semelhante a bens e serviços tradicionais.

Ouça também: Podcast #72: Rita Saúde, negócio de impacto na telemedicina

Ainda no cenário do iPhone, o ecossistema da Apple possui o aplicativo Saúde. Atualmente, ele funciona para monitorar atividade física, ciclo menstrual, sono e outros dados não críticos — apesar de monitorar batimentos cardíacos, a Apple sinaliza que não pode detectar sinais de, por exemplo, um ataque cardíaco e indica que, caso você acredite estar tendo uma emergência médica, ligue para os serviços de emergência. Apesar de depender da liberação dos órgãos responsáveis, a Apple já tem nas mãos uma ferramenta avançadíssima para ser integrada ao ecossistema de telemedicina.

Além disso, o Apple Wallet (sistema que armazena cartões para pagamento) permitirá muito em breve que você armazene documentos, entre eles o seu RG, CPF e o certificado de vacinação. Por se tratar de um sistema criptografado e seguro — uma vez que você armazena seu cartão de crédito, por exemplo —, isso permite que a Apple entregue uma solução de carteira virtual completa. Seria possível, no futuro, ter uma solução no Apple Wallet que permitisse você armazenar o seu prontuário médico, que seria resumido a um QR Code. As possibilidades são infinitas! E este é só o começo de um futuro onde a forma como cuidamos da saúde pode estar em nossas mãos.

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