“Entre as Estrelas”: Um game sobre os povos originários e as suas lutas diárias

Lançado na última sexta-feira (27), o projeto de crowdfunding do jogo brasileiro “Entre as Estrelas”, produzido pela Split Studio, já ultrapassou a meta de R$ 150 mil. Com o tema focado na cultura indígena do Brasil, o projeto busca financiamento coletivo através de uma campanha no Catarse, que vai até o final de fevereiro de 2023, mas já se mostrou um gigantesco sucesso nos primeiros dias de arrecadação.

Vale lembrar que o financiamento coletivo é uma importante fonte de apoio para a criação de projetos inovadores, pois permite que empreendedores possam obter recursos financeiros sem ter que recorrer a fontes tradicionais, como bancos ou investidores. Além disso, o financiamento coletivo permite aos criadores de projetos estabelecer uma base de seguidores e apoiadores antes do lançamento, criando e fortalecendo uma comunidade em torno da proposta do projeto. Ainda, ao permitir que as pessoas invistam em projetos que acreditam, o financiamento coletivo ajuda a democratizar o acesso ao capital e incentiva a inovação e criatividade.

“Entre as Estrelas” é um jogo de plataforma 2D e aventura, com ênfase na história, combate e resolução de enigmas. A história gira em torno de duas irmãs indígenas brasileiras, Ari e Tai, que se aventuram em um mundo cheio de desafios reais, seres sobrenaturais e questões socioambientais, incluindo os problemas com o garimpo ilegal em regiões indígenas e o desmatamento de regiões preservadas (veja o vídeo do projeto abaixo).

ENTRE AS ESTRELAS | CAMPANHA DE FINANCIAMENTO COLETIVO

Segundo comunicado da empresa, o jogador poderá experimentar uma narrativa envolvente, gráficos impactantes e jogabilidade divertida, inspirada em jogos como “Inside”, “Child of Light” e “Ori and the Blind Forest”. Além disso, a equipe do jogo inclui profissionais indígenas de diferentes etnias e a narrativa e o visual são baseados nos povos Kadiwéu e Guarani Kaiowá.

O projeto de valorização dos povos originários por meio dos games não é algo novo, mas ainda pouco explorado. “Entre as Estrelas” lembra um pouco o projeto do game “Never Alone”, jogo de aventura e plataforma criado pela desenvolvedora Upper One Games, que tem como objetivo resgatar e valorizar a cultura do povo Iñupiaq, nativo da região norte do Alasca. A narrativa do jogo segue a jovem protagonista Nuna e seu urso-companheiro, em uma jornada para descobrir a origem de uma tempestade de neve constante.

O jogo é repleto de elementos da cultura Iñupiaq, incluindo mitos, lendas e tradições. Além disso, o jogo conta com vídeos documentais e entrevistas com membros da comunidade Iñupiaq, tornando-o uma verdadeira imersão na cultura deste povo. O resgate e valorização da cultura Iñupiaq é fundamental para preservar sua identidade e passar as tradições para as futuras gerações. “Never Alone” é um exemplo importante de como o entretenimento pode ser utilizado como ferramenta de preservação cultural.

Já o objetivo do jogo brasileiro é contribuir para a luta dos povos indígenas brasileiros e aumentar o debate sobre questões socioambientais importantes. Para isso, 15% dos fundos arrecadados serão destinados a associações indígenas, como AJI (Associação Jovens Indígenas), Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e ANMIGA (Articulação Nacional das Mulheres Guerreiras da Ancestralidade).

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Guille Hiertz, sócio da Split Studio e diretor do jogo, expressou a alegria da equipe com o sucesso da campanha, mas também destacou a tristeza com a recente tragédia humanitária enfrentada pelos Yanomamis em Roraima.

Os povos indígenas são uma parte vital da diversidade cultural do Brasil, com uma riqueza narrativa única e uma história longa e complexa.

“Entre as Estrelas” chega em um momento em que o Brasil vê uma das maiores tragédias envolvendo povos originários. A tragédia dos Yanomamis é um reflexo do garimpo ilegal, que afeta várias comunidades indígenas no Brasil e na Amazônia, leva o desmatamento e introduz doenças desconhecidas pelos Yanomami, ameaçando a sobrevivência da comunidade. Além disso, a presença de garimpeiros também leva a conflitos violentos e à exploração econômica dos povos indígenas.

Para saber mais e apoiar o projeto, clique aqui.