Educar Nestante:App de ensino remoto para escolas do Piauí vence prêmio LED

Nas regiões mais isoladas do país, a precariedade da infraestrutura de ensino pode tornar impraticável o ato de ir diariamente à escola. Em cenários como esse, estratégias que apostam no ensino remoto, como o Educar Nestante, têm ganhado destaque: responsável por levar o ensino à distância a estudantes do semiárido piauiense, o projeto é o mais recente ganhador do prêmio LED – Luz Na Educação, promovido pela Rede Globo, que tem o objetivo de reconhecer e iluminar práticas inovadoras na educação brasileira.

Conforme é definido pelo coordenador do projeto, Jessé Barbosa, o Educar Nestante é uma plataforma educacional que opera on ou offline. Para além de ser mais um app de ensino remoto, porém, a iniciativa se destaca especialmente por combinar o meio digital a metodologias inovadoras, como a sala de aula invertida e a aprendizagem em ciclos semanais.

Pensado para alunos de zonas rurais e sem acesso à internet, o Educar Nestante permite efetuar o download dos conteúdos e exercícios. Dessa forma, os alunos precisam ir à escola apenas uma vez por semana, ocasião em que baixam as aulas e tiram dúvidas com o professor.

Diferentemente do que ocorre no ensino à distância convencional, contudo, a plataforma opera o que se chama de “Sala de Aula Invertida”. Nessa metodologia, os estudantes estudam a matéria antes de encontrar o professor, fazendo com que a aula presencial seja um momento de discutir o assunto e tirar dúvidas.

Outro diferencial do Educar Nestante é a plataforma em si: em vez de operar por canais diversos, o que complicaria a rotina do aluno, tudo se resume a um único app. É nele em que se concentram as aulas em vídeo; o material de apoio para cada aula; os respectivos exercícios e a a devolutiva do professor – fornecida após o encontro presencial.

Assim, uma vez que o ciclo seja disponibilizado e baixado pelo aluno, seu acesso a todo o conteúdo necessário para os estudos estará garantido, uma vez que basta apenas um download.

Cinco escolas do semiárido piauiense já operam com o modelo

Com operação em quatro municípios do Piauí, além da capital, Teresina, a metodologia de Aprendizagem Ubíqua – tal como é chamada pelos idealizadores, apoia alunos como Joaquim Guilherme Leal, de 16 anos.

Estudante do 2º ano do ensino médio, Joaquim precisava se deslocar diariamente para fazer suas atividades escolares, visto que apenas na comunidade vizinha, Telepisa, havia acesso à internet. Somada à necessidade de ajudar os pais com o trabalho rural, o trajeto exaustivo tornava mais difícil se manter assíduo e concentrado nas aulas online.

Com a chegada da plataforma, o estudante afirma que começou a se dedicar mais às atividades. Além disso, o fato do ensino remoto ser assíncrono, isto é, com aulas que podem ser assistidas à qualquer momento e em qualquer lugar, garante mais flexibilidade aos alunos, diminuindo, inclusive, a evasão escolar.

Conforme explicaram os organizadores em matéria do G1, a ferramenta já era utilizada em cursos do Instituto Ubíqua desde 2020, quando a pandemia os fez migrar para o ambiente online. A partir desse momento, perceberam que os jovens do interior e da periferia não tinham fácil acesso à internet.

Foi então que o Instituto solicitou apoio ao Swiss Solidarity, fundo suíço de apoio a projetos sociais e humanitários, e que os ajudou a desenvolver a plataforma no formato offline.

Segundo o criador, a partir do formato de sala de aula invertida, a plataforma torna os encontros presenciais mais participativos, além de dar mais autonomia ao aluno, que define seus horários de estudo e acompanha o próprio desempenho.

Para saber mais sobre o Educar Nestante, clique aqui e assista ao vídeo a seguir.

Créditos: Imagem Destaque – helgascandinavus/Shutterstock

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