Categories InovaSocial IndicaPosted on 28/03/202327/03/2023Rugido: Uma série ousada, engraçada e às vezes desconfortável, assim como é ser mulher Baseada em uma coleção de contos da escritora irlandesa Cecelia Ahern, “Rugido”, do Apple TV+, é uma série antológica repleta de histórias encantadoras e singulares sobre a vivência feminina. O livro é uma coleção feminista composta por narrativas variadas e imaginativas, abordando as pressões, os desafios e as expectativas enfrentadas pelas mulheres. No livro, Cecelia utiliza o fantástico como lente para focar em aspectos específicos da vida das personagens. Cada história emprega elementos mágicos e metafóricos para examinar questões como manipulação emocional, racismo e misoginia. Carly Mensch e Liz Flahive, criadoras e showrunners da série, são especialistas em criar narrativas centradas em personagens femininas e desenvolvem as oito histórias que também contam com um estilo que lembra a série Black Mirror, equilibrando bem os excessos e as limitações. Cada episódio é estrelado por uma mulher talentosa, tanto diante quanto por trás das câmeras, abordando temas distintos relacionados à feminilidade. Issa Rae brilha em “A mulher que desapareceu”, que aborda a invisibilidade das mulheres negras em Hollywood. Sua atuação excepcional destaca a luta que as mulheres negras enfrentam para serem reconhecidas e valorizadas na indústria do entretenimento. Ao longo do episódio, a trama retrata os desafios, preconceitos e estereótipos que essas mulheres enfrentam em suas carreiras, bem como a força e a resiliência que demonstram ao superar as adversidades. Cynthia Erivo protagoniza um dos episódios mais emocionantes, dirigido por Rashida Jones, intitulado “A mulher que encontrou mordidas em sua pele”. Sua personagem retrata o dilema de muitas mães que tentam equilibrar a carreira e a vida familiar. E, embora o episódio de Merritt Wever exija mais uma certa suspensão de descrença, sua atuação em “A mulher que foi alimentada por um pato” captura perfeitamente a experiência de sobreviver a um relacionamento abusivo. Por trás das câmeras, Kim Gehrig dirige um episódio visualmente deslumbrante estrelado por Nicole Kidman, que também é produtora executiva da série. A história de “A mulher que comeu fotografias” aborda o tema da nostalgia e seu papel reconfortante na vida de uma mulher que passa por uma mudança de papéis, de mãe para cuidadora. So Yong Kim dirige “A mulher que era mantida em uma prateleira”, estrelado por Betty Gilpin, e utiliza técnicas visuais criativas e até um número de dança eufórico para explorar altos e baixos emocionais de alguém aprisionado pelas limitações impostas por pessoas próximas. Já Alison Brie e Meera Syal têm mais espaço para serem cômicas em seus episódios. Em “A mulher que devolveu o marido”, a personagem interpretada por Meera Syal traz uma pitada de humor ao questionar seu casamento de 37 anos. Por fim, Alison Brie lidera “A mulher que resolveu seu próprio assassinato”, um episódio que, mesmo abordando um tema pesado, consegue encontrar um equilíbrio perfeito entre a identificação do público a sua frustração da personagem principal, o sofrimento emocional e a autenticidade. No entanto, a série apresenta uma falha bastante perceptível: “Rugido” não aborda a existência de mulheres pertencentes à comunidade LGBTQIAP+. No oitavo e último episódio, intitulado “A menina que amava cavalos”, a representatividade quase é abordada, com a personagem de Fivel Stewart demonstrando desinteresse por homens ao longo dos 30 minutos de duração. Embora certos episódios abordem seus temas de maneira mais hábil do que outros, no geral, a série é muito envolvente e perspicaz. A experiência se torna mais leve e interessante pelo fato de ser uma série antológica, com episódios curtos, facilitando o envolvimento do espectador e mantendo um ritmo dinâmico e cativante. “Rugido” é enriquecida por uma equipe talentosa de mulheres por trás das câmeras e conta com um elenco de apoio carismático e cativante. No fim das contas, a série proporciona um olhar fascinante sobre uma gama diversificada de experiências femininas únicas. Mesmo com algumas falhas, assistir a “Rugido” é uma experiência enriquecedora e imperdível para quem busca compreender e mergulhar no universo feminino. A primeira temporada de “Rugido” é uma produção Apple Original e está disponível no Apple TV+ – clique aqui para assistir. A seguir, assista ao trailer oficial da série: Roar — Official Trailer | Apple TV+ Compartilhe esse artigo: