Tecnologias inovadoras que irão revolucionar a medicina na década de 2020

Tecnologias inovadoras que irão revolucionar a medicina na década de 2020

Quando falamos sobre inovação na medicina, estamos falando sobre vidas, sobre salvar vidas ou dar uma qualidade de vida maior às pessoas ao redor do mundo. Recentemente, a revista TIME divulgou uma lista com uma seleção de 12 inovações (e inovadores) que têm o potencial de revolucionar os serviços públicos de saúde, a assistência médica e a medicina na década de 2020.

Confira a lista completa a seguir:

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David Abney: suprimentos médicos entregues por drones

Desde março, a UPS realiza um programa de teste chamado Flight Forward, drones autônomos para entregar amostras médicas críticas, como sangue ou tecido humano, entre duas unidades de um hospital em Raleigh, na Carolina do Norte (EUA), localizados a pouco mais de 130 metros de distância. Os drones percorrem a distância com mais velocidade que um atleta de 100 metros rasos e, em outubro, a empresa recebeu aprovação para expandir para o projeto para 20 hospitais nos Estados Unidos, o que irá acontecer durante os próximos dois anos. “Esperamos que o UPS Flight Forward um dia seja uma parte muito significativa de nossa empresa”, diz o CEO da UPS, David Abney. O serviço irá transportar amostras de urina, sangue e tecido humano, além de itens médicos essenciais, como remédios e sangue para transfusão. Mas a UPS não é a única empresa que está desenvolvendo projetos nessa área. Como já mostramos aqui, no InovaSocial, os drones operados pela startup Zipline já estão entregando suprimentos médicos para em áreas rurais de Gana e Ruanda, na África.

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Christine Lemke: O maior Big Data

Existem 7,5 bilhões de seres humanos, e dezenas de milhões de nós monitoram nossa saúde com dispositivos wearable, como relógios inteligentes, e também com dispositivos mais tradicionais, como monitores de pressão arterial. Se houvesse uma maneira de agregar todos esses dados de alguns milhões de nós e torná-los anônimos, mas pesquisáveis, os pesquisadores do campo da medicina teriam uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento de medicamentos, estudos de estilo de vida e muito mais. A Evidation, uma empresa focada em Big Data, desenvolveu essa ferramenta com informações de 3 milhões de voluntários, que forneceram trilhões de pontos de dados. Para analisar esses dados, a Evidation trabalha em parceria com fabricantes de medicamentos; esse trabalho já levou a dezenas de estudos sobre assuntos que vão de sono e dieta a padrões de saúde cognitiva.

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Doug Melton: uma cura com células-tronco para diabetes

O diabetes tipo 1 afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, mas duas dessas pessoas em particular chamaram a atenção do biólogo Doug Melton: seus filhos Emma e Sam. O tratamento pode envolver uma vida inteira de alimentação especial e cuidadosa, injeções de insulina e vários testes diários de glicose no sangue. Doug desenvolveu uma abordagem diferente o tratamento da doença: usar células-tronco para criar células beta que produzem insulina. Ele começou o trabalho há mais de 10 anos, quando a pesquisa com células-tronco estava gerando esperanças e controvérsias. Em 2014, ele co-fundou a Semma Therapeutics para desenvolver a tecnologia. Recentemente, a empresa foi adquirida pela Vertex Pharmaceuticals por US$ 950 milhões. A empresa criou um dispositivo pequeno e implantável que contém milhões de células beta, que permitem a passagem de glicose e insulina, mas mantém as células imunológicas afastadas. “Se funciona tanto nas pessoas quanto nos animais, é possível que, um dia, as pessoas não sejam diabéticas”, diz Doug. “Eles irão comer, beber e brincar da mesma forma que as pessoas que não são fazem.”

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Abasi Ene-Obong: Um banco biológico global mais diversificado

Uma grande limitação ameaça atrapalhar a era da medicina personalizada: as pessoas de descendência caucasiana são uma minoria na população global e, no entanto, representam quase 80% dos indivíduos na pesquisa do genoma humano, criando pontos cegos nas pesquisas sobre medicamentos. O Dr. Abasi Ene-Obong fundou a 54gene para mudar isso. Nomeada para fazer menção aos 54 países da África, a startup sediada na Nigéria está fornecendo material genético de voluntários em todo o continente para tornar a pesquisa e o desenvolvimento de medicamentos mais equitativos. Para a 54gene, se as empresas lucram com o desenvolvimento de medicamentos comercializáveis com base no DNA do povo africano, a África também deve se beneficiar disso: assim, ao fazer parceria com empresas, a 54gene prioriza aquelas que se comprometem a incluir os países africanos nos planos de marketing de quaisquer medicamentos resultante de suas pesquisas. “Se fizermos parte do caminho para a criação de medicamentos, talvez também possamos nos tornar parte do caminho para levar esses medicamentos à África”, diz o Dr. Abasi Ene-Obong.

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Sean Parker: Uma abordagem disruptiva à pesquisa sobre o câncer

O Parker Institute for Cancer Immunotherapy, criado pelo co-fundador do Napster e ex-presidente do Facebook Sean Parker, é uma rede de instituições importantes, como Memorial Sloan Kettering, Stanford, MD Anderson Cancer Center, entre outras. Seu objetivo é identificar e remover obstáculos que aparecem no campo da inovação na pesquisa tradicional. Por exemplo, todos os institutos participantes concordaram em aceitar uma decisão de aprovação de qualquer um de seus respectivos Comitês de Revisão Institucional, o que “nos permite obter grandes ensaios clínicos em campo em semanas e não em anos”, diz Sean Parker, “e a custos mais baixos”. Para Sean, seu desejo é infundir o projeto com sua sensibilidade de mercado: “Seguimos as descobertas vindas de nossos pesquisadores e depois investimos nosso dinheiro em comercializá-las”, diz ele, “licenciando um produto ou transformando-o em uma empresa”. Desde a sua fundação, em 2016, o instituto levou 11 projetos para ensaios clínicos e apoiou cerca de 2.000 trabalhos de pesquisa.

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Thomas Reardon: Uma pulseira que pode ler sua mente

Um homem usando o que parece um relógio de pulso preto olha para um pequeno dinossauro digital, pulando obstáculos na tela do computador à sua frente. As mãos do homem estão imóveis, mas ele está controlando o dinossauro – com o cérebro. O dispositivo em seu pulso é o CTRL, que detecta os impulsos elétricos que viajam dos neurônios motores pelos músculos do braço e para a mão quase assim que o usuário pensa em um movimento específico. “Quero que as máquinas façam o que queremos e que não sejamos escravizados por elas”, diz Thomas Reardon, CEO e cofundador da CTRL-Labs. A postura debruçada e as teclas desajeitadas da era dos smartphones representam “um retrocesso para a humanidade”, diz Thomas, um neurocientista que liderou o desenvolvimento do Internet Explorer da Microsoft. A tecnologia pode abrir novas formas de reabilitação e acesso para pacientes em recuperação de um derrame ou amputação, bem como para aqueles com doença de Parkinson, esclerose múltipla e outras condições neurodegenerativas.

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Jonathan Rothberg: Um ultra-som no seu bolso

Existem mais de 4 bilhões de pessoas em todo o mundo que não têm acesso a exames de diagnóstico por imagem. Essa pessoas poderiam se beneficiar do Butterfly iQ, um dispositivo de ultrassom portátil criado por Jonathan Rothberg, pesquisador de genética de Yale e empreendedor. Jonathan descobriu uma forma de colocar a tecnologia de ultrassom em um chip – portanto, em vez de uma máquina de US$ 100.000 em um hospital, essa nova tecnologia é um gadget de US$ 2.000 que se conecta a um aplicativo para iPhone. O Butterfly iQ foi colocado à venda no ano passado para profissionais da área da saúde. “Nosso objetivo é vender o produto para 150 países que podem pagar por ele. Enquanto a Fundação Gates o distribui em 53 países que não conseguem pagar”, diz Jonathan. O dispositivo não é tão bom quanto as grandes máquinas e não as substituirá em partes do mundo onde existe acesso a esse tipo de exame. Mas o Butterfly iQ é uma solução que poderia tornar a digitalização mais rotineira. “Houve um tempo em que o termômetro era usado apenas em um ambiente médico e um manguito de pressão arterial era usado apenas em um centro médico”, diz Jonathan. “A democratização da saúde é algo que acontece em múltiplas dimensões.”

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Shravya Shetty: Inteligência artificial de diagnóstico de câncer

Os sintomas do câncer de pulmão geralmente não aparecem até os estágios mais avançados, quando o tratamento é mais difícil. A triagem precoce de populações de alto risco com tomografias computadorizadas pode reduzir o risco de morte, mas possui riscos próprios. Os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA descobriram que 2,5% dos pacientes que receberam tomografias computadorizadas posteriormente sofreram tratamentos desnecessariamente invasivos – às vezes, com resultados fatais – depois que os radiologistas diagnosticaram erroneamente falsos positivos. Shravya Shetty acredita que a inteligência artificial pode ser a solução para esse problema. Shravya é a líder de pesquisa de uma equipe do Google Health, que nos últimos dois anos construiu um sistema de IA que supera os radiologistas humanos no diagnóstico de câncer de pulmão. Após ser treinado em mais de 45.000 exames de tomografia computadorizada de pacientes, o algoritmo do Google detectou 5% mais casos de câncer e teve 11% menos falsos positivos do que um grupo de controle de seis radiologistas humanos. Os resultados iniciais são promissores, mas “há um grande espaço entre onde as coisas estão e onde elas podem estar”, diz Shetty. “É esse impacto potencial que me faz continuar.”

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Joanna Shields: IA para ler todos os artigos científicos

Todos os anos, são publicados mais de 2 milhões de trabalhos de pesquisa revisados por pares – muitas dessas pesquisas possuem muito conteúdo para que apenas um cientista consiga absorver sozinho. As máquinas, no entanto, não possuem essa limitação humana. A BenevolentAI criou algoritmos que vasculham documentos de pesquisa, resultados de ensaios clínicos e outras fontes de informação biomédica em busca de relacionamentos anteriormente esquecidos entre genes, medicamentos e doenças. A CEO da BenevolentAI, Joanna Shields, foi executiva de empresas como Google e Facebook e, em seguida, ministra da Segurança e Proteção na Internet do Reino Unido, antes de ingressar na BenevolentAI. Uma crítica frequente dos lapsos da indústria de tecnologia na proteção de jovens contra exploração e abuso on-line, Joanna vê a BenevolentAI como uma oportunidade de aproveitar o poder da tecnologia para o bem. “Todos nós temos familiares e amigos que são diagnosticados com doenças que não têm tratamento”, diz ela. “A menos que apliquemos a escala e os princípios da revolução tecnológica à descoberta e ao desenvolvimento de medicamentos, não veremos uma mudança nesse resultado tão cedo.”

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Sean Slovenski: “Walmartficação” dos cuidados médicos

Sempre que o maior varejista do mundo busca sua presença gigantesca em um novo mercado, o terreno treme. Em setembro, o Walmart abriu seu primeiro Centro de Saúde, um centro médico onde os clientes podem obter atendimento primário, testes de visão, exames dentais e tratamento de canal; trabalho de laboratório, raio-X e eletrocardiogramas; aconselhamento; até orientação de exercícios e alimentação. Os preços são acessíveis (US$ 30 para um exame físico anual; US$ 45 para uma sessão de orientação), e o potencial disso é enorme. ”Quando comecei aqui, pensei: Isso não pode ser verdade”, diz Sean Slovenski, ex-executivo da Humana, empresa que ingressou no Walmart no ano passado para liderar seus projetos na área da saúde. Se o conceito se espalhar, o projeto pode repercutir em diversas direções. Assim como os fornecedores de mercadorias do Walmart, médicos e outros profissionais da área podem precisar se ajustar aos preços baixos do varejista. Ainda assim, adverte o analista da Moody, Charles O´Shea: “Muitas vezes, é mais difícil vender cuidados de saúde do que vender alimentos.”

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Charles Taylor: corações digitais em 3D

Para muitas pessoas com suspeita de problemas cardíacos, o cateterismo, que é bem invasivo, é necessário para diagnosticar artérias bloqueadas ou estreitadas. Os médicos devem escolher o melhor método para melhorar o fluxo sanguíneo dentre várias opções, incluindo angioplastia com balão e stent. Charles Taylor, um ex-professor de Stanford, desenvolveu o projeto HeartFlow com o objetivo de ajudar os pacientes a evitar procedimentos de diagnóstico invasivos e melhorar os resultados do tratamento. O sistema da empresa cria modelos 3D personalizados que podem ser girados e ampliados, para que os médicos possam simular várias abordagens na tela. Em alguns casos, pode ajudar a evitar completamente procedimentos invasivos.

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Isabel Van de Keere: reabilitação em realidade virtual

Isabel Van de Keere estava trabalhando, em um dia de 2010, quando uma luminária de aço se soltou do teto e caiu sobre ela. O acidente deixou Isabel, uma Ph.D. em engenharia biomédica nascida na Bélgica, com grave uma lesão na coluna cervical que exigiu três anos de intensa reabilitação neurológica. Ela praticava os mesmos exercícios tediosos dezenas de vezes seguidas, em um progresso tão lento que parecia indetectável. Agora com 38 anos, ela é a fundadora e CEO da Immersive Rehab, uma startup sediada em Londres cujo objetivo é mudar a experiência de reabilitação neurológica através da realidade virtual. Ao expandir a variedade e o tipo de exercícios que os pacientes podem tentar, a realidade virtual cria mais oportunidades para aproveitar a plasticidade do cérebro e reparar as vias neurais; aumenta a quantidade de dados que os cuidadores podem usar para medir o progresso e adaptar programas; e melhora a experiência monótona e frustrante da reabilitação. O feedback de pacientes e terapeutas voluntários tem sido promissor; a empresa agora está se preparando para executar ensaios clínicos nos EUA e na Europa.


Para conferir o artigo original, publicado pela TIME, clique aqui.


Créditos: Imagem Destaque – Brown Bird Design / TIME

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