Categories Tecnologias SociaisPosted on 04/12/201714/09/2018Apresentação no TED Global mostra por que cidades devem ter maior poder político O especialista em cidades e co-fundador do Instituto Igarapé, Robert Muggah, participou recentemente do TED Global 2017 e, em sua apresentação, ele mostrou seis maneiras para que os centros urbanos colaborem para a resolução de problemas globais como a crise de migração, o terrorismo e a mudança climática. A conferência “Como tornar cidades mais resilientes” está disponível com legendas em português no fim dessa publicação. “Pare de pensar em termos de países. Pense no mundo como uma composição de cidades”, resume o pesquisador, chamando a atenção para a necessidade de que as cidades ganhem maior poder político, compatível com sua importância econômica. Ele cita o exemplo de Nova York, cujo PIB é maior que o de países como Argentina, Austrália e Nigéria. “Vivemos um período em que local e global se fundem. E o sistema de estados nacionais não responde mais às nossas necessidades. Neste momento delicado de paralisia dos sistemas nacionais e internacionais, as cidades e as lideranças municipais precisam participar das tomadas de decisões”, diz Mugggah. Na conferência, são destacadas seis lições de como as cidades vão determinar o futuro no planeta. Robert apresenta a plataforma de visualização de dados Earth TimeLapse, que mostra uma variedade de ameaças globais em um mapa interativo. O Earth TimeLapse foi desenvolvido pelo Create Lab, da Universidade Carnegie Mellon (Pensilvânia, EUA), em parceria com o Instituto Igarapé. Dentre outras funcionalidades, a plataforma mostra fluxos de refugiados, ataques terroristas, aumento do nível do mar e muito mais. “As cidades”, afirma Robert, “ocupam apenas 3% da superfície terrestre, mas consomem 75% dos recursos e são responsáveis por mais de 80% das emissões de gases de efeito estufa”. Casos no Brasil No Brasil, entre os principais fatores de fragilidade de cidades estão a violência, que coloca 25 cidades do país no triste ranking das 50 mais perigosas do mundo, e problemas de abastecimento de água, que acomete 25% das cidades brasileiras. Ele mostra também o caso de Roraima, onde o acelerado desmatamento, demonstrado na animação da passagem dos últimos 15 anos, vem colaborando para a elevação da emissão de carbono, contribuindo para o agravamento do aquecimento global. Outros locais em destaque na apresentação são a Síria, que alimenta boa parte da crise de refugiados que vivemos, a cidade de Miami, gravemente ameaçada pelo avanço do nível do mar, e os bons exemplos de Medellín, que desenvolveu um eficiente plano de fornecimento de energia, e Seul, cujo sistema de transporte integrado ajudou a reduzir as taxas de emissão de carbono e até a reduzir a violência. Conselhos do especialista Apesar dos desafios que as cidades precisam enfrentar, Robert destaca uma série de maneiras para lidar com eles. Estabelecer governança: “As cidades mais bem-sucedidas estabelecem planos de longo prazo, implementam e trabalham com múltiplos níveis de governo.” Frear a emissão de gases de efeito estufa: “As cidades mais inteligentes já estão estabelecendo metas para reduzir emissão de carbono, investindo em biodiversidade, edificações verdes, compartilhamento de bicicletas e carros etc.” Soluções múltiplas: “O sistema de transporte público integrado, por exemplo, se bem implementado, não apenas reduz o congestionamento e emissões de gases de efeitos estufa, mas melhora a saúde e o bem-estar e reduz o espalhamento da cidade, tornando-a mais segura.” Adensar: “Cidades precisam ser mais concentradas. Isso contribui para a economia de energia e na redução das emissões.” Roubar ideias: “Se cidades como Medellín, Seul, Cingapura e Nova York não tivessem roubado ideias umas das outras, não teríamos presenciado seus renascimentos em governança, transporte público e tecnologia verde.” Formar coalizões globais: “Ao se unir, as cidades podem ampliar sua voz nos níveis nacional e internacional. Já existem mais de 200 redes de cidades ligando milhares de prefeitos em ações comuns. Um exemplo é o Parlamento Global de Prefeitos (Global Parliament of Mayors).” Para conferir participação de Robert Muggah no TED Global 2017, assista ao vídeo abaixo (as legendas em português estão disponíveis): ___ Gostou do texto e quer fazer parte da nossa comunidade? Envie uma sugestão de pauta, um texto autoral ou críticas sobre o conteúdo para [email protected] Compartilhe esse artigo: