Cientistas criam olho biônico que pode ser melhor do que o humano

Cientistas criam olho biônico que pode ser melhor do que o humano

Quando falamos sobre ciborgues, parece algo, ou ultra futurista, ou ficção científica. Mas este cenário pode estar mais próximo do que podemos imaginar. De acordo com um artigo publicado na revista Nature, em 20 de maio de 2020, cientistas estão próximos de concluir um dispositivo capaz de imitar e, até mesmo, superar os olhos humanos. “No futuro, podemos usar isso para melhorar as próteses de visão”, diz o engenheiro e cientista de materiais Zhiyong Fan, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong.

O artigo, assinado por onze pesquisadores, entre eles  Zhiyong Fan, afirma que os olhos humanos possuem características excepcionais de detecção de imagem, como um campo de visão extremamente amplo, alta resolução e alta sensibilidade. No entanto, os olhos biomiméticos possuem um grande desafio de fabricação, a forma esférica e a reprodução da retina humana. No entanto, isso deve virar passado com a nova pesquisa.

“Apresentamos aqui um olho eletroquímico, com uma retina hemisférica feita de uma matriz de nanofios de alta densidade, que imita os fotorreceptores de uma retina humana. O design do dispositivo possui um alto grau de semelhança estrutural com o olho humano, com o potencial de obter alta resolução de imagem quando nanofios individuais são ativados eletricamente. Além disso, demonstramos a função de detecção de imagem do nosso dispositivo biomimético, reconstruindo os padrões óticos projetados no dispositivo.” Ainda segundo o estudo, o globo ocular artificial registra alterações na iluminação mais rapidamente do que os olhos humanos — cerca de 30 a 40 milissegundos, ao contrário dos 40 a 150 milissegundo do órgão humano.

Além disso, em teoria, esse olho sintético pode perceber uma resolução muito maior que o olho humano, isso acontece porque a retina artificial contém cerca de 460 milhões de sensores de luz por centímetro quadrado. Uma retina humana possui cerca de 10 milhões de células detectoras de luz por centímetro quadrado, ou seja, 46 vezes menos que o novo dispositivo. Dizemos “em teoria”, pois um dos desafios é entender como o cérebro interpretaria esta nova resolução.


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Em declaração para Scientific American, Fan afirmou que espera trabalhar com pesquisadores médicos para construir dispositivos protéticos com base no design de sua equipe. No entanto, como salientamos, fazer isso pode exigir muito mais desenvolvimento, no entanto. O olho artificial é “realmente elegante; parece um trabalho incrível ”, diz Jessy Dorn, vice-presidente de assuntos clínicos e científicos da empresa biomédica Second Sight, que não participou da pesquisa. “Mas [os autores do estudo] não falam sobre como isso poderia estar conectado ao sistema visual humano.”Esse dispositivo precisará interagir com o cérebro humano para produzir imagens. Ele completa, “esse é um dos maiores desafios: como implementar qualquer tipo de interface de alta resolução de maneira segura e confiável e depois trabalhar com o sistema visual humano”.

Ainda segundo a publicação, Hongrui Jiang, engenheiro elétrico da Universidade de Wisconsin-Madison e especialista que não participou do estudo, mas que foi ouvido pela revista, “imitar os olhos naturais tem sido um sonho para muitos engenheiros ópticos. (…) Eu acho que em cerca de 10 anos, devemos ver algumas aplicações práticas muito tangíveis desses olhos biônicos.”

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