Batimentos cardíacos recarregam a bateria deste marca-passo

Batimentos cardíacos recarregam a bateria deste marca-passo

Os marca-passos são dispositivos salvadores de vidas, fundamentais no tratamento de arritmias cardíacas. Eles são pequenos aparelhos que, implantados no corpo de pacientes com batimentos irregulares ou lentos demais, ajudam a regular o ritmo cardíaco por meio de impulsos elétricos. Com o avanço da tecnologia médica, esses dispositivos têm se tornado cada vez mais sofisticados, e pesquisas recentes prometem elevar ainda mais sua funcionalidade.

As baterias dos marca-passos tradicionais, que requerem fios (eletrodos) para conectar o aparelho ao coração, têm uma vida útil limitada, a depender da frequência de uso e de outros fatores individuais dos pacientes. Em contrapartida, os marca-passos sem fio, que são implantados diretamente no coração, enfrentam uma limitação semelhante com a duração da bateria, variando de 6 a 15 anos. Quando estas se esgotam, muitas vezes é necessário implantar um novo dispositivo, o que pode ser problemático, especialmente para pacientes jovens que, consequentemente, passariam por numerosas cirurgias ao longo da vida.

Dentro do universo dos marca-passos, existem variações significativas que influenciam diretamente na qualidade de vida dos pacientes. Os mais tradicionais requerem fios, enquanto os chamados “leadless”, ou sem fio, são dispositivos autocontidos. Ambos compartilham a dependência de baterias que eventualmente precisarão ser substituídas, implicando em procedimentos cirúrgicos que podem ser arriscados e desconfortáveis.

É aqui que surge uma inovação potencialmente revolucionária. Pesquisadores estão trabalhando em um projeto experimental para marca-passos sem fio que podem redefinir o uso desses aparelhos, sendo capazes de utilizar a energia mecânica dos batimentos cardíacos para gerar energia elétrica e potencialmente recarregar a própria bateria do dispositivo. Estes achados preliminares são promissores e serão apresentados nas Sessões Científicas 2023 da American Heart Association, um simpósio anual sobre avanços na ciência cardiovascular.

A equipe de Babak Nazer, autor principal do estudo e professor de medicina na Universidade de Washington em Seattle, já demonstrou a capacidade de converter cerca de 10% da energia de um batimento cardíaco em eletricidade. Embora isso represente um grande avanço, o próximo passo é otimizar os protótipos com melhores materiais e fabricação, para aumentar a quantidade de energia capturada. Não está claro qual será o marco de sucesso para a equipe, mas está prevista a realização de experimentos “in vivo” de longa duração, ou seja, dentro de organismos vivos, em vez de simuladores.

Quando a eficiência de captação de energia for aprimorada além dos 10% atuais, Nazer espera estabelecer uma parceria com uma das principais empresas de marca-passos para incorporar o design inovador em um marca-passo leadless já existente. Isso poderia prolongar ainda mais a vida útil da bateria e expandir o acesso deste produto para pacientes mais jovens, que idealmente requereriam menos implantes ao longo de suas vidas.

Com a continuação das pesquisas e o aprimoramento dos materiais e processos de fabricação, a equipe de Nazer almeja transformar a maneira como os marca-passos funcionam, estendendo a vida útil das baterias e reduzindo a frequência dos implantes. Esta perspectiva é animadora e representa um dos muitos avanços que testemunhamos na intersecção entre tecnologia e saúde.


Créditos: Imagem Destaque – ChooChin/Shutterstock

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