Protótipo do MIT transforma sobras de alimentos em receitas personalizadas

Protótipo do MIT transforma sobras de alimentos em receitas personalizadas
O que você vai descobrir a seguir:
  • • Como o Kitchen Cosmo ajuda a transformar sobras em receitas originais e cheias de sabor.
  • • De que forma o design retrô e analógico valoriza o ritual de cozinhar.
  • • Por que esse protótipo do MIT propõe uma relação mais criativa com a tecnologia na cozinha.

Abrir a geladeira e encontrar potes com sobras é um ritual familiar. Guardamos aquele arroz do jantar, os legumes de ontem, um pedaço de frango que “pode virar alguma coisa depois”. Mas, muitas vezes, essas sobras acabam esquecidas até perderem a validade. Entre a intenção de reaproveitar e a pressa do dia a dia, a criatividade se perde.

Foi pensando nesse dilema comum que nasceu o Kitchen Cosmo, um protótipo do MIT que transforma restos de comida em receitas personalizadas com a ajuda da inteligência artificial. Alimentado pelo modelo multimodal GPT-4o, ele combina visão computacional e linguagem natural para interpretar ingredientes e preferências, devolvendo ao usuário uma sugestão culinária única.

O Kitchen Cosmo chama atenção pelo visual retrô: uma carcaça vermelha inspirada no retro-futurismo e nos experimentos domésticos do final dos anos 1960, como o Honeywell Kitchen Computer. Ao contrário de seu antecessor, que nunca chegou a funcionar, o Cosmo propõe uma interação prática e lúdica.

Nada de telas ou assistentes virtuais. A interação acontece por meio de seis entradas analógicas: botões e manopolas que permitem escolher tempo, restrições e até o “humor culinário”. Esse último varia de nostálgico a surreal e define o tom da receita, que chega impressa em papel poucos segundos depois.

Idealizado por Ayah Mahmoud e C Jacob Payne, o projeto foi desenvolvido sob orientação de Marcelo Coelho, artista computacional e designer brasileiro-americano. Ele integra a disciplina Design Studio: Interaction Intelligence (4.043/4.044), oferecida no Departamento de Arquitetura do MIT. Ministrado por Coelho, o curso explora como grandes modelos de linguagem podem ser incorporados em objetos físicos e sistemas interativos.

Nos primeiros testes, surgiram limitações como vieses culturais e receitas pouco confiáveis. Ainda assim, os próprios criadores enxergam nessas fragilidades um ponto de partida: o Cosmo pode ganhar força ao ser treinado com conjuntos de dados mais específicos, inspirados em livros de cozinha, ou incorporando conhecimentos culturais mais amplos. Esse processo de refinamento indica que o protótipo não se resume a uma curiosidade acadêmica: é uma plataforma em construção, aberta a evoluir junto com quem a utiliza.

No fim das contas, o Cosmo nos lembra que cozinhar vai além da técnica ou da eficiência. É também imaginação, improviso e afeto. Até aquelas sobras esquecidas no fundo da geladeira podem se transformar em protagonistas de uma nova narrativa à mesa.

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