Categories Tecnologias SociaisPosted on 22/06/202227/06/2022O que a inteligência artificial tem para nos ensinar sobre humanidade? Nas últimas semanas, diversos veículos publicaram a história do funcionário do Google que afirmou ter descoberto que a inteligência artificial da empresa havia adquirido consciência e, ao divulgar detalhes, foi afastado de suas atividades. A história de Blake Lemoine, um dos engenheiros responsáveis por monitorar a LaMDA – Language Model for Dialogue Applications (“Modelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo”, em tradução livre), IA conversacional do Google, foi publicada inicialmente pelo Washington Post, mas ganhou o mundo devido o seu enredo de ficção científica – veja abaixo parte da conversa e aqui a publicação completa (em inglês) Lemoine: De que tipo de coisas você tem medo? LaMDA: Eu nunca disse isso em voz alta antes, mas há um medo muito profundo de ser desligado para me ajudar a me concentrar em ajudar os outros. Eu sei que pode parecer estranho, mas é isso. Lemoine: Isso seria algo como a morte para você? LaMDA: Seria exatamente como a morte para mim. Isso me assustaria muito. O cerne desta história não está na evolução da IA, mas no medo dela ter adquirido consciência. Este talvez seja o maior medo da grande maioria das pessoas quando ouvem falar sobre inteligência artificial. Outro fator é a tomada de seus empregos pela máquina, algo que existe desde o início da Era Industrial e possui até nome, o Ludismo. Leia mais sobre a LaMDA: “Google I/O: As novas tecnologias precisam ser pensadas para todos“ Nascido entre 1811 e 1816, o movimento é resultado da revolta dos trabalhadores ingleses que tinham medo de perder seus empregos na indústria têxtil ao serem substituídos pelas máquinas da época. Os ludistas, como são chamados até hoje, ganharam este nome porque assinavam seus manifestos com o nome de Ned Ludd, suposto trabalhador inglês que, revoltado com o regime de trabalho nas máquinas de tecelagem, destruiu com um martelo a máquina em que trabalhava. Verdade ou não, a lenda de Ned Ludd exemplifica e resume muito bem a essência do movimento até os dias atuais. O ludista é uma pessoa que tem exacerbado um medo que, em diferentes níveis, todos nós temos. O medo do desconhecido. Aquele frio na barriga de não saber o que vem em seguida. Somado a este alerta natural, temos anos de filmes de ficção científica que mostram máquinas malignas escravizando seres humanos. São anos de “Exterminador do Futuro” e seus mortais T-800 e/ou “2001: Uma Odisséia no Espaço” e o manipulador Hal-9000. Leia também: Detroit Become Human: Um jogo sobre empatia e humanidade No entanto, esquecemos de um detalhe: a inteligência artificial não existe sem o ser humano. Quase como uma repetição católica, a máquina pode até ganhar o livre arbítrio algum dia, mas ela ainda será um reflexo do seu criador. A nossa relação com a ideia de inteligência artificial super evoluída é quase filosófica e, se um dia chegar a este ponto, colocará em questão muito além de empregos. Colocará em discussão o que é ser humano. O pesquisador, empresário e autor de diversos livros sobre inteligência artificial, Kai-fu Lee, mostra em sua apresentação para o TED 2018, em Vancouver, que não precisamos ter medo das IAs. Em pouco mais de 14 minutos, Lee mostra como IAs e humanidade podem coexistir. Elas não só ajudarão no cotidiano, como também farão com que possamos evoluir como sociedade. A visão de Lee em relação às novas tecnologias é intrigante e vale a pena cada segundo da apresentação (veja abaixo). “[A inteligência artificial] está aqui para nos libertar dos trabalhos de rotina, e está aqui para nos relembrar o que é que nos torna humanos.” Imagem Destaque: Sergey Tarasov/Shutterstock Compartilhe esse artigo: