Algoritmo do Instagram favorece transtornos alimentares em mulheres

Algoritmo do Instagram favorece transtornos alimentares em mulheres

As redes sociais têm se tornado uma parte muito importante das nossas vidas, não só para nos conectar com outras pessoas, mas também para nos expressar de diversas maneiras. No entanto, com o uso das plataformas digitais, as mulheres estão cada vez mais expostas à pressão por padrões de beleza. Estes ideais de beleza são quase impossíveis de serem alcançados, o que pode afetar a autoestima das mulheres que usam redes sociais. Os resultados da diversas pesquisas indicaram que as mulheres usuárias do Instagram estão cada vez mais expostas à pressão por padrões de beleza.

Entretanto, a pressão não está só no padrão de beleza, mas também o que muitos consideram “saudável”. Recentemente, a participação da atriz Bruna Griphao no BBB 23 expôs uma discussão sobre vida e hábitos saudáveis. Magra e com o corpo bem definido, Bruna sempre foi um exemplo de “corpo perfeito” para muitas mulheres. No entanto, as câmeras 24 horas do programa expuseram um ponto de atenção: o vício da atriz em cigarro. Bruna é apenas um dos exemplos de corpos esbeltos que não largam o cigarro, a ponto da produção do programa reclamar com os participantes do fumo excessivo. Tendo Bruna como exemplo, a atriz nunca é vista com o cigarro na mão para os seus 3,5 milhões de seguidores no Instagram.

A pesquisa da aluna do Centro Universitário de Brasília (CEUB) Stephanie Popoff se propôs a investigar de que maneira o uso do Instagram está relacionado à autoestima e à satisfação corporal de mulheres adultas, tendo em vista que a plataforma utiliza estritamente a imagem corporal como ferramenta de interação entre os usuários. Para essa apuração, a pesquisadora entrevistou 118 mulheres adultas, de 18 a 54 anos e usuárias assíduas da plataform, por meio de três questionários distintos. Entre pontuações que significam “discordo totalmente e concordo totalmente”, as mulheres responderam sobre os conteúdos preferidos e se sentem pressionadas por determinados tipos de padrão.

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Os resultados são impactantes: das 118 mulheres entrevistadas, 83,9% relataram ter tido diagnóstico de transtornos psiquiátricos, sendo os transtornos de ansiedade os mais prevalentes na amostra (51,5%), seguidos por transtornos de humor (24,2%). Outras 14,1% participantes afirmaram ter diagnóstico de transtornos alimentares. “A utilização excessiva de alguns conteúdos recomendados pelo algoritmo do Instagram pode influenciar para o surgimento de transtornos alimentares, considerando que a insatisfação corporal é um fator de risco para a manifestação de transtornos alimentares”, explica Stephanie.

Orientador do projeto e professor de Psicologia do CEUB, Daniel Barbieri, destaca que pelo fato da rede social estar integrada à vida das pessoas, provoca diferentes graus de engajamento, de modo que as pessoas consideram uma parte significativa da vida e se importam com as reações. “As pessoas que postam muitas informações são diretamente afetadas pelas reações estabelecidas — o que se relaciona à autoestima das mulheres com maior engajamento nas redes sociais”, considera. “Mulheres que são mais engajadas no Instagram podem passar o dia inteiro sofrendo publicações de outros engajamentos”, alerta Daniel.

A partir da interpretação dos dados, as informações pessoais — fotos ou momentos históricos — são aquelas mais sujeitas a gerar os julgamentos estéticos e alimentares. “De fato, as redes sociais são interessantes em vários contextos, por possibilitar a comunicação entre as pessoas, mas tem uma faceta perigosa, que é potencialmente danosa à saúde mental”, considera Daniel. De forma complementar, a estudante de Psicologia do CEUB arremata: “O mais crítico é porque a rede opera como propagadora de determinados ideais de beleza que, muitas vezes, são insustentáveis ou até mesmo inexistentes”.

Imagem Destaque: Kaspars Grinvalds/Shutterstock

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