Cultura maker e programação: A educação da geração Alfa

Cultura maker e programação: A educação da geração Alfa

A educação está mudando em vários sentidos e isso é inegável. A geração Alfa — aqueles nascidos após 2010 — não querem ser educados como os Millennials e, praticamente, já não se adequam ao formato tradicional de escolas. Eles são apenas crianças, mas já escolhem onde vão consumir conteúdo e o que vão querer aprender. De acordo com o sociólogo Mark McCrindle, essa geração “é determinada por pessoas muito mais independentes e com maior potencial para resolver problemas.” Já a psicóloga Vanessa Vieira Beraldo, em entrevista para a revista Tutores, afirma que “a mobilidade da tecnologia atual também auxilia em bombardear esta geração com formas de educação em todos os lugares e momentos, gerando uma aceleração ainda maior no processo de desenvolvimento.”


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Um dos reflexos deste novo perfil de sociedade e de aprendizagem é a cultura maker. Ela se baseia na ideia de que as pessoas devem ser capazes de fabricar, construir, reparar e alterar objetos dos mais variados tipos e funções com as próprias mãos, baseando-se num ambiente de colaboração e transmissão de informações entre grupos e pessoas. O texto de hoje reúne dois exemplos aplicados neste cenário, onde a cultura maker está cada vez mais presente na formação das pessoas — principalmente da geração Alfa

Área 21: Um laboratório maker para jovens

Desenvolvido pelo Grupo Tellus, com o incentivo do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONDECA-SP) e, atualmente, operado pelo Instituto Ana Rosa e o Centro Educacional Assistencial Profissionalizante (CEAP), a Área 21 é um laboratório mão na massa (maker) para jovens de 14 a 18 anos. O espaço tem como foco central trabalhar as competências do século XXI (competências socioemocionais), por meio de metodologias de aprendizagem inovadoras; baseadas em cultura maker, gamificação e Design Thinking, com jovens em situação de alta vulnerabilidade social, incentivando-os a criar e buscar novas habilidades para a sua vida e para o mundo do trabalho.


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O projeto, que atualmente conta com cursos de educação profissional, um espaço com mobiliário flexível e adaptável, equipamentos de tecnologia (equipamentos de realidade virtual e aumentada, impressoras 3D, fresadora a laser, chroma key, entre outros), em duas unidades em São Paulo, foi o único brasileiro a receber uma menção honrosa a categoria “Educação”, do World Changing Ideas 2019 (já havíamos comentando sobre o prêmio no texto “Fast Company anuncia vencedores do World Changing Ideas 2019”). Em 3 anos de atuação (em 2020, o projeto segue para o seu quarto ano), o projeto já impactou mais de 1.300 jovens.

Sharkcoders: Programação e cultura maker para crianças portuguesas

Ao contrário da Área 21, a Sharkcoders não é um espaço gratuito ou atua com jovens em situação de vulnerabilidade social, mas também é um exemplo de como a educação se transformou para esta nova geração, também impulsionado pela cultura maker. Em formato de franquias, ela é a primeira rede portuguesa de escolas de programação, jogos e robótica para crianças e adolescentes. Segundo a empresa, “com uma metodologia de ensino exclusiva, inovadora e lúdica preparamos o futuro da nossa sociedade, ensinando crianças e adolescentes dos 6 aos 17 anos a desenvolverem os seus próprios programas, jogos, aplicações móveis e robôs.”

Para o portal Público, Andreas Vilela, fundador da Sharkcoders afirmou que a escola é fruto da imaginação do sobrinho, que um dia partilhou com o tio o desejo de ser como ele. Segundo Vilela, “ainda que a formação em programação, jogos e robótica para crianças e adolescentes não existisse em Portugal, esse era um mercado que já começava a ser explorado no Brasil e nos Estados Unidos. Andreas não pensou duas vezes: fez as malas e apanhou um avião até São Paulo, onde se reuniu com as quatro maiores empresas da área. O objetivo era exportar alguma das marcas para o outro lado do Atlântico, mas as negociações não correram como ele esperava. Mas nem por isso ele descansou e, em março de 2017, decidiu lançar uma marca própria.” Atualmente são 5 unidades: Porto, Vila Real, Almada, Coimbra e Odivelas.

Em 2018, a Sharkcoders firmou um protocolo de incubação com a IRIS (Incubadora Regional de Inovação Social) para criar um ecossistema no desenvolvimento de iniciativas de inovação social que promovam o crescimento da comunidade, tornando a rede uma referência local em projetos de impacto, com objetivo primário de combater o abandono e o insucesso escolar, em paralelo com o combate às desigualdades sociais em Portugal.

Imagem Destaque: FoxyImage/Shutterstock

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