Coral Maker: resíduos de construção aceleram restauração de corais em grande escala

Coral Maker: resíduos de construção aceleram restauração de corais em grande escala

Há sete anos, em um remoto recife de coral situado entre a Indonésia e a Austrália, a cientista Taryn Foster testemunhou como as temperaturas recordes dos oceanos devastavam o ecossistema intacto que ela estudava por anos.

“O sistema inteiro simplesmente colapsou”, relata Taryn. “Foi perturbador ver. Em poucos meses, ou até semanas, observamos os corais branquearem e, ao retornarmos alguns meses depois, grande parte do sistema havia morrido – tudo que dependia do coral, como os peixes e até enormes moluscos centenários, estava morto.”

Taryn estava em início de carreira, mas já havia presenciado o segundo evento de branqueamento em massa de corais. Ciente de que o problema se agravaria devido às mudanças climáticas, ela começou a pensar mais em intervenções e soluções. Hoje, ela é CEO da startup Coral Maker, que desenvolveu uma nova tecnologia para restaurar recifes de corais em larga escala.

A restauração dos corais, processo que envolve o cultivo de fragmentos em viveiros para depois serem reanexados aos recifes, é limitada pela realização manual desse trabalho. Taryn, que cresceu em uma família com negócios voltados à produção em massa de materiais de construção, começou a ponderar se a restauração poderia se beneficiar de algumas das mesmas estratégias de manufatura.

Taryn viajou para São Francisco para iniciar o desenvolvimento de um sistema mais automatizado. Na Autodesk, empresa de software de design e engenharia, ela se conectou com funcionários que a auxiliaram pro bono. Juntos, eles projetaram um novo molde para o mesmo equipamento básico que sua família utiliza para fazer blocos para paredes. Em vez de blocos, o novo molde cria “esqueletos” de coral. Cada estrutura possui seis pequenos espaços onde fragmentos de coral podem ser encaixados e um cabo em cima, para que os mergulhadores possam colocá-los no oceano.

Com o tempo, os corais crescem e se fundem em uma única peça. A inserção de corais nessa estrutura permite que eles se estabeleçam muito mais rapidamente. “Você elimina grande parte do crescimento esquelético que eles teriam que fazer se você plantasse apenas um pequeno indivíduo”, explica Taryn.

Inicialmente, ela havia considerado o uso de impressão 3D, que poderia criar esqueletos de corais com formas muito mais complexas e naturais. No entanto, uma impressora 3D pode levar horas para produzir uma dessas estruturas, enquanto o equipamento de manufatura da construção pode fazer 10.000 em um dia, utilizando resíduos de construção local para formar os esqueletos.

Os engenheiros da Autodesk também ajudaram com um segundo problema: o “semear” um esqueleto com corais leva tempo, pois as pessoas colocam cada fragmento de coral manualmente com uma gota de cola. A equipe está agora trabalhando em um robô que pode automatizar grande parte desse processo. Eventualmente, veículos operados remotamente com braços robóticos também poderiam ajudar a plantar os esqueletos de corais no oceano, um processo que atualmente requer mergulhadores.

Agora, Taryn está agora captando investimentos para a sua startup, a Coral Maker, e espera começar a trabalhar em grandes áreas o mais rápido possível.

“Estamos lidando com um tempo decrescente para os corais”, conclui Taryn. “Temos provavelmente algumas décadas para operar em escala total.”

Saiba mais no vídeo a seguir:

https://www.youtube.com/watch?v=fYFAD6YKxlQ
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