The Merge, atualização da Ethereum, encerra o debate ambiental sobre criptomoedas?

The Merge, atualização da Ethereum, encerra o debate ambiental sobre criptomoedas?

Na última quinta-feira, 15 de setembro, a ethereum, a segunda maior criptomoeda, concluiu um plano para reduzir drasticamente suas emissões de carbono por meio de uma atualização de software conhecida como “The Merge”. Mas o que é isso e o que a atualização significa quando o assunto é o debate ambiental sobre as criptomoeadas?

Até o dia 15 de setembro, a Ethereum usava um sistema chamado proof-of-work (ou POW, que significa “prova de trabalho”) para determinar a validade das transações em sua blockchain e garantir que todos na comunidade tivessem consenso sobre quem possuía qual criptomoeda.

Mas, em segundo plano, a comunidade também vinha experimentando outro sistema, chamado proof-of-stake (ou POS, que significa “prova de participação”), em uma rede paralela. Com a atualização, os dois sistemas se fundiram e em apenas uma rede, e todos nela usam o sistema de POS.

Qual a diferença entre proof-of-work e proof-of-stake?

O sistema de POW depende do processamento de máquinas extremamente potentes e caras para solucionar grandes problemas matemáticos, em que os mineradores recebem criptomoedas como uma recompensa pelo gasto energético. Essas máquinas ficam ligadas 24 horas por dia e exigem muita energia para trabalhar, resultado numa uma alta emissão de carbono. Para fazermos uma comparação mais “tangível”, estima-se que uma transação na rede Ethereum é comparável ao fornecimento diário de energia para uma casa americana. Então, caso a energia dessas máquinas não seja adquirida através de fontes renováveis, as notícias para o meio ambiente não são boas.

Já o sistema de POS não precisa da disposição de máquinas para o sustento da blockchain, uma vez que as próprias criptomoedas dessa rede, ao serem postas em stake – tal qual um cofre virtual –, se tornam os novos validadores da rede, e os usuários que fazem esse stake recebem uma recompensa. A POS é utilizada em blockchains como Tezos e Solana; e uma transação nessas redes possui uma emissão de carbono próxima a duas pesquisas no Google, o que é um avanço e tanto, quando comparada à POW.

No fim das contas, The Merge encerra o debate ambiental sobre criptomoedas?

Estima-se que uma transição bem-sucedida para o sistema de POS reduza o uso de energia da Ethereum em pelo menos 99% – a Ethereum Foundation estabeleceu um índice ainda maior e mais específico, de 99,95%. Os 85 MW que a Ethereum continuará usando após a atualização é baixíssimo, em comparação com 8,5 GW de antes, mas alto em comparação com outras formas de fornecer a mesma quantidade de poder de computação: um Raspberry Pi – que é um computador do tamanho de um cartão de crédito, que, no Brasil, custa cerca de R$ 1000,00 –, roda a 15W e tem cerca de 5.000 vezes o poder de computação da Ethereum. Além disso, grande parte da eletricidade que alimenta os computadores dos “integrantes” da Ethereum virá de fontes de carbono zero, mas não de todos.

Podemos dizer que The Merge significa um passo gigantesco à frente, quando o assunto é meio ambiente e criptomoedas, mas sempre há espaço para evoluir, aperfeiçoar e inovar. E a curiosidade que paira no ar é: o que vem depois?

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