Categories Soluções de ImpactoPosted on 11/08/202511/08/2025Como resíduos viram energia limpa: o caso Ben & Jerry’s em Vermont O que você vai descobrir a seguir: • O impacto ambiental dos resíduos orgânicos e como políticas públicas ajudam a reduzir esse problema. • Como funciona a produção de biogás e quais benefícios ela traz. • O exemplo da Ben & Jerry’s em Vermont na transformação de resíduos de sorvete em energia limpa. Todos os dias, toneladas de alimentos deixam de ir para a mesa e acabam no lixo. Além do desperdício, esse descarte é um problema ambiental sério: quando vai para aterros, o resíduo orgânico se decompõe liberando metano, um gás de efeito estufa muito mais potente que o dióxido de carbono. Ao mesmo tempo, a geração de energia ainda depende em grande parte de combustíveis fósseis, que extraem carbono do subsolo e ampliam a crise climática. Mas existe uma tecnologia capaz de atacar os dois problemas ao mesmo tempo: o biogás. Ele é produzido a partir da decomposição controlada de matéria orgânica em biodigestores, equipamentos que funcionam como “estômagos gigantes”. Dentro deles, bactérias transformam restos de comida, esterco ou subprodutos industriais em uma mistura de metano e gás carbônico, que pode ser usada como combustível para gerar eletricidade, calor ou até abastecer veículos. Um exemplo curioso vem de Vermont, pequeno estado no nordeste dos Estados Unidos, fronteira com o Canadá. Lá, desde 2020, uma lei proíbe que resíduos orgânicos sejam enviados para aterros sanitários. Essa política pública obrigou empresas e cidadãos a encontrarem alternativas mais sustentáveis e abriu espaço para soluções como a adotada pela fábrica da marca de sorvetes Ben & Jerry’s. Sempre que a produção muda de sabor, sobras de sorvete são retiradas dos canos e, em vez de irem para caminhões e aterros, seguem por tubulações subterrâneas até biodigestores. Junto com restos de cervejarias e outros produtores locais, o material gera energia suficiente para abastecer cerca de 1.300 casas. O processo ainda resolve outro problema: o fósforo presente nos resíduos, que poderia poluir rios e lagos, é convertido em fertilizante seguro. E a operação reduz a necessidade de transporte, eliminando centenas de viagens de caminhão por ano e diminuindo emissões de carbono. Apesar dos benefícios, há aspectos técnicos que merecem atenção. Vazamentos de metano durante a produção ou transporte do biogás podem reduzir parte dos ganhos climáticos, já que esse gás é mais potente que o dióxido de carbono no efeito estufa. Além disso, por ser um combustível que ainda passa por combustão, o biogás não elimina totalmente as emissões. Por isso, muitos especialistas o consideram uma solução de transição: capaz de reduzir impactos ambientais imediatos enquanto tecnologias totalmente livres de queima, como solar e eólica, continuam a se expandir e ganhar escala. O caso da Ben & Jerry’s mostra como essa “solução de transição” pode funcionar na prática. Com apoio de uma legislação que obriga o descarte responsável de resíduos orgânicos e o uso inteligente de tecnologia, a empresa conseguiu transformar um passivo ambiental em energia limpa, reduzir emissões e ainda gerar subprodutos úteis. Se até um pote de sorvete pode, indiretamente, acender a luz de uma casa, imagine o potencial escondido no que hoje tratamos apenas como lixo. How Ben & Jerry’s is recycling food waste into energy Créditos Imagem Destaque – Gil Cohen Magen/Shutterstock Compartilhe esse artigo: