Fezes de aves podem ser a chave para recuperação de corais

Fezes de aves podem ser a chave para recuperação de corais

Em um cenário onde os recifes de coral enfrentam desafios crescentes, uma solução inusitada surge: fezes de aves marinhas conhecidas como guano. Mas o que é exatamente o guano? Esse material, frequentemente encontrado em ilhas e áreas costeiras, se decompõe ao longo do tempo, liberando nutrientes cruciais como nitrogênio e fósforo – elementos que são fundamentais para o crescimento e a saúde dos corais.

Um estudo recente destacou um fenômeno intrigante: recifes de coral próximos a ilhas habitadas por aves marinhas, particularmente noddies menores e atobás-de-pés-vermelhos, exibem recuperação e crescimento acelerados. A chave para este fenômeno reside nas fezes dessas aves, que, ao serem levadas para os recifes, liberam nutrientes essenciais.

O guano funciona de maneira semelhante a um fertilizante natural. Quando as aves se alimentam de peixes e lulas perto da superfície do oceano e retornam às ilhas para descansar e defecar, seus excrementos acumulam-se, criando depósitos de guano. Com o tempo, parte desse guano é levado pelas chuvas e correntes para os recifes circundantes, enriquecendo-os com nutrientes.

A pesquisa, conduzida em doze ilhas do Arquipélago de Chagos no Oceano Índico, observou que ilhas com densas populações dessas aves tinham recifes circundantes mais saudáveis. O estudo revelou o mecanismo por trás desse efeito: o guano acumulado nas ilhas, rico em nutrientes, é transportado para os recifes por chuvas e correntes, atuando como um fertilizante natural.

Os pesquisadores compararam o crescimento e a recuperação dos corais nestas ilhas com os de ilhas onde aves marinhas eram escassas devido à presença de ratos. Observaram que os corais próximos às ilhas ricas em aves marinhas apresentavam uma taxa de crescimento e recuperação mais do que dobrada após eventos de branqueamento, comparado aos corais próximos às ilhas com populações menores de aves.

Este fenômeno contrasta com as ilhas onde os ratos, trazidos por atividades humanas, predam aves e seus filhotes, resultando em uma população reduzida de aves e, por conseguinte, menor deposição de guano. Nestas ilhas, os recifes mostram uma recuperação mais lenta de eventos como o branqueamento, causado por estressores ambientais.

A relevância dos recifes de coral vai além da beleza e biodiversidade marinha. Eles são essenciais para a pesca, turismo e proteção costeira, sustentando meio bilhão de pessoas globalmente. Portanto, a conservação e recuperação desses ecossistemas são cruciais.

A pesquisa sugere que restaurar populações de aves marinhas, combinada com a erradicação de ratos, pode ser uma estratégia eficaz para fortalecer os recifes de coral. Essas ações, além de restaurarem o equilíbrio ecológico, maximizam a deposição natural de guano, contribuindo para a saúde dos corais.

Essa descoberta não apenas ilumina uma interação ecológica fascinante, mas também oferece uma direção promissora para estratégias de conservação marinha. Além disso, reforça a importância da biodiversidade e do equilíbrio ecológico, destacando como ações específicas podem ter impactos positivos amplos nos ecossistemas marinhos e, por extensão, na vida humana.

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