Como o MIT quer reinventar a reciclagem de baterias de carros elétricos

Como o MIT quer reinventar a reciclagem de baterias de carros elétricos
O que você vai descobrir a seguir:
  • • A inovação do MIT que permite desmontar baterias com facilidade.
  • • Como a reciclagem de baterias pode se tornar mais limpa e acessível.
  • • Por que pensar no reaproveitamento desde o design é essencial para um futuro sustentável.

Hoje, a maioria das baterias de carros elétricos precisa ser triturada até virar pó – a chamada “massa negra” –, antes que seus metais possam ser reaproveitados. Um processo caro, poluente e longe do ideal.

Mas uma equipe do MIT pode ter encontrado uma solução. Desenvolveram uma bateria com um eletrólito que, ao entrar em contato com um solvente, se dissolve como algodão-doce. Isso permite separar os componentes com facilidade, sem moer tudo. Com isso, é possível ter uma reciclagem mais simples, barata e limpa.

Essa inovação se baseia em um novo tipo de material que torna o processo mais eficiente desde a origem. Veja como funciona:

  • • O eletrólito é feito com moléculas chamadas aramid amphiphiles, que se auto-organizam em nanofitas.
  • • Essas estruturas são inspiradas no Kevlar, oferecendo resistência e estabilidade ao conjunto.
  • • Quando a bateria é mergulhada em solvente, as nanofitas se desfazem rapidamente, liberando os componentes.
  • • Isso elimina etapas comuns como trituração e uso de ácidos fortes, tornando a reciclagem mais limpa e direta.

A metáfora usada pelo pesquisador Yukio Cho ajuda a entender. Reciclar uma bateria hoje é como tentar recuperar os ingredientes de um sanduíche colado com supercola. A proposta do MIT é fazer algo mais simples de desmontar, como um sanduíche montado com maionese no lugar de cola; ou seja: fácil de abrir e reaproveitar cada parte.

Essa ideia está alinhada ao conceito de economia circular, que propõe um modelo em que os produtos são pensados para serem reutilizados, reciclados ou reaproveitados ao máximo, evitando o desperdício. No caso das baterias, isso significa recuperar metais como lítio, cobalto e níquel, devolvendo-os à cadeia de produção em vez de extrair tudo do zero. A importância disso cresce a cada ano: um estudo da McKinsey projeta que, até 2035, o volume global de baterias descartadas será altíssimo – e que a reciclagem desses materiais pode movimentar bilhões de dólares por ano no mundo todo.

No Brasil, o PL 2327/21 quer incluir baterias de veículos na Política Nacional de Resíduos Sólidos, obrigando fabricantes e importadores a criar sistemas de coleta, reaproveitamento e destinação adequada. A proposta avança, mas ainda falta regulamentação específica.

Há desafios técnicos e regulatórios: os métodos atuais ainda são caros, exigem alto consumo de energia e o uso de ácidos agressivos, o que torna a reciclagem pouco acessível e potencialmente poluente. Já na esfera legal, faltam normas específicas e metas obrigatórias para fabricantes – o que dificulta a criação de uma cadeia organizada de logística reversa. Ainda assim, há boas ideias saindo do papel.

O futuro da mobilidade não depende só de motores elétricos, mas de como tratamos o que sobra quando eles param.


Créditos: Imagem Destaque – Marynova/Shutterstock

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