NEC e Laboratório Criativo da Amazônia: Projeto de incentivo à bioeconomia

NEC e Laboratório Criativo da Amazônia: Projeto de incentivo à bioeconomia

Antes de falar sobre o foco central deste texto, gostaria de compartilhar uma experiência pessoal. Nos longínquos anos de 2004-2005, eu era um estudante de design que adorava o mundo digital, mas também com grandes preocupações socioambientais (tanto que meu trabalho de conclusão de curso foi sobre impacto ambiental, artesanato e comércio justo). Naquela época, eu nem sonhava com a existência do InovaSocial, mas era aficcionado por outro site, o da NEC.

A multinacional japonesa especializada em tecnologias voltadas às redes de comunicação e à segurança pública e cibernética tinha um site institucional onde (utilizando o Flash, hoje uma tecnologia web que deixou de existir) mostrava uma árvore que crescia e tinha, em seus galhos e folhas, interações para falar sobre tecnologia e meio ambiente. Como designer, achava aquilo incrível. Não só esteticamente, mas a forma como a NEC transformou em uma experiência digital a forma de comunicar suas ações verdes e seus serviços.

Pode parecer algo simples nos dias atuais, mas — naquela época — o site foi premiado diversas vezes e era referência para quem queria desenvolver algo interativo e visualmente clean. Voltando para 2023 (e foco central deste texto), a NEC firmou recentemente um acordo de entendimento com o Instituto Amazônia 4.0, responsável pelo desenvolvimento de tecnologia para a transformação de insumos amazônicos; como cacau e cupuaçu, em produtos de alto valor agregado.

Em seu trabalho, o instituto fomenta uma nova bioeconomia com protagonismo dos povos tradicionais e indígenas, de forma a garantir a valorização cultural e ambiental. O projeto em questão é denominado Laboratório Criativo da Amazônia (LCA), espaços onde serão efetivamente produzidos os chocolates bean-to-bar, ou seja, chocolates finos, estimulando, assim, o desenvolvimento da economia local e o empreendedorismo dentro dessas comunidades.

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As conversas entre os atores começaram em março de 2021, quando a multinacional japonesa passou a discutir junto à organização brasileira as possibilidades de colaboração para a iniciativa. Segundo o acordo estabelecido, a NE, irá contribuir com sua expertise em redes no sentido de viabilizar a conexão nas estruturas do laboratório e também com o fornecimento de soluções de reconhecimento facial, que terá a função de controlar o acesso de pessoas aos ambientes do LCA, além de permitir que apenas pessoas autorizadas operem as máquinas, reduzindo fricções e reforçando medidas sanitárias dentro do laboratório.

O presidente da NEC no Brasil, José Renato de Mello Gonçalves, ressalta que a participação da empresa nesta iniciativa está totalmente alinhada aos valores da companhia e à Visão 2030, que reúne os propósitos e objetivos de longo prazo com foco nos negócios e na atuação junto à sociedade. “Um dos pontos mais importantes nessa parceria é o fato de participarmos desse projeto tão inspirador por meio das maiores fortalezas da empresa, que são o conhecimento técnico das nossas equipes e as soluções de ponta da marca”, enfatiza.

O projeto começará a implantação pela comunidade do Surucuá, localizada na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. O laboratório possui sua estrutura em formato de domo geodésico e irá permanecer cerca de dois meses em cada local. O trabalho nos LCAs será, inicialmente, o de capacitação e demonstração dos potenciais da floresta e dos seus moradores, para o desenvolvimento de toda cadeia, desde a colheita do cacau e do cupuaçu, passando pelos processos de manufatura da amêndoa e da confecção do chocolate e cupulate, até a comercialização do produto final, com rastreamento completo da cadeia produtiva.

“Nós acreditamos na bioeconomia da sociobiodiversidade, mantendo a maior riqueza que é a floresta em pé e a qualidade de vida das comunidades que lutam por sua conservação. A tecnologia, especialmente com os recursos da quarta revolução industrial, é um aliado decisivo para viabilizar essa nova bioeconomia. Poder contar com o apoio de uma empresa como a NEC nos enche de ânimo para seguir nesta luta ao lado das comunidades tradicionais”, afirma Ismael Nobre, diretor executivo do Instituto Amazônia 4.0.

Imagem Destaque: Pablo Merchán Montes/Unsplash

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