Insegurança alimentar no Brasil: A urgência de ações e mudanças sociais

Insegurança alimentar no Brasil: A urgência de ações e mudanças sociais

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um grande aumento na insegurança alimentar e na fome em todo o país. A fome e a insegurança alimentar já estavam aumentando em todo o mundo antes da pandemia de COVID-19, mas suas cifras aumentaram drasticamente em 2020 e continuaram a aumentar em 2021. De acordo com dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), mais de 33,1 milhões de pessoas no país enfrentam insegurança alimentar grave, o que representa um aumento significativo em relação aos anos anteriores.

Segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (VIGISAN), Rede PENSSAN, em dez estados do país, a situação é ainda mais preocupante, onde a fome atinge mais de 20% dos domicílios. Além disso, em cinco estados, mais de 30% dos domicílios sofrem com a insegurança alimentar grave, sendo: Alagoas (36,7%), Piauí (34,3%), Amapá (32%), Pará (30%) e Sergipe (30%). Isso demonstra a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para lidar com essa questão, bem como a necessidade de mudanças estruturais no país.

Segundo análise, publicada na revista “Cadernos de Saúde Pública”, assinada por pesquisadores da Rede PENSSAN, é preciso investir em políticas de apoio à agricultura familiar, além de promover a reforma agrária e fortalecer as práticas agroecológicas. Os autores apontam que, de acordo com o último Censo Agropecuário do IBGE, a agricultura familiar é responsável por produzir 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira.

Além disso, é fundamental restringir o uso de agrotóxicos e implementar políticas que promovam o acesso a alimentos saudáveis e de qualidade para a população em geral. A qualidade da alimentação escolar também precisa ser mantida, com ajustes nos valores repassados pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que não é reajustado desde 2017.

Os pesquisadores da Rede PENSSAN também destacam a importância de retomar políticas públicas do passado, mas adaptá-las para responder aos desafios atuais. Isso inclui a necessidade de reestruturar o Consea, que foi fechado em 2019, e promover programas de transferência de renda que sejam suficientes para evitar o agravamento da insegurança alimentar no país.

A situação é grave e requer ações imediatas por parte do governo e da sociedade em geral. A fome e a insegurança alimentar não são problemas isolados, mas sim reflexos de desigualdades estruturais e de políticas públicas negligentes. É hora de investir em soluções que garantam a segurança alimentar da população, promovam a justiça social e ajudem a construir um país mais justo e igualitário. “O Brasil é outro, não é o mesmo de 2013, quando saiu do chamado mapa da fome da FAO”, explica Veruska Prado, pesquisadora na Universidade Federal do Goiás (UFG) e da Rede PENSSAN e uma das autoras do artigo. “Antes de alimentar o mundo, temos que alimentar bem os nossos”, pontua.

Além disso, a participação da sociedade civil é essencial para garantir que as políticas públicas sejam implementadas de forma adequada e alcancem as pessoas que mais precisam. É importante que a população se envolva e participe ativamente no debate e na formulação dessas políticas, de modo a garantir que elas atendam às necessidades reais da população e possam fazer a diferença na vida das pessoas.Milhões de brasileiros enfrentam insegurança alimentar e fome. Saiba como políticas públicas e investimento em agricultura familiar podem ajudar.

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