Innsaei: Nossa intuição como maior aliada para transformar o amanhã

Innsaei: Nossa intuição como maior aliada para transformar o amanhã

O que você vai descobrir a seguir:

  • • Como a intuição, ou innsaei, pode nos ajudar a encarar os desafios da vida com mais clareza.
  • • Por que criatividade e inovação dependem tanto da nossa sabedoria interior.
  • • Três maneiras práticas de despertar essa bússola interna adormecida.

Quantas vezes você já teve aquela sensação de que algo está fora do lugar ou de que uma ideia está prestes a surgir? Para Hrund Gunnsteinsdóttir, cineasta islandesa, palestrante e especialista em inovação e sustentabilidade, essa sensação não é um acaso – é o innsaei, um conceito islandês que descreve a intuição como uma habilidade transformadora. Mais do que uma simples ideia ou “sexto sentido”, o innsaei é uma conexão entre nossa mente, corpo e o mundo ao nosso redor.

Hrund trabalhou na ONU como parte de missões humanitárias, começando logo após a guerra do Kosovo, no final dos anos 1990. Durante anos, ela lidou com cenários de reconstrução e auxílio às vítimas, dedicando-se completamente às demandas do trabalho – muitas vezes em detrimento de si mesma. Em 2002, enquanto viajava a trabalho de Kosovo para o Cazaquistão, ela enfrentou um episódio de forte dor física, que mais tarde identificou como um aborto espontâneo. Ainda assim, ignorou os sinais e continuou trabalhando.

Anos depois, já no escritório da ONU em Genebra, Hrund começou a sentir o peso da burocracia e da desconexão com o propósito que a havia levado até ali. “Nós servimos ao sistema em vez de servir às pessoas e ao planeta”, conta. Foi nesse momento que ela decidiu deixar o cargo e buscar algo mais alinhado aos seus valores. Essa ruptura foi o ponto de partida para redescobrir sua intuição, que ela chama de innsaei – e para questionar o que realmente significa transformar o mundo.

Mas o que o innsaei significa na prática?

Hrund defende que o innsaei é uma habilidade essencial para navegar um mundo incerto e complexo. Ele não é algo místico ou irracional, mas uma forma de acessar informações que muitas vezes escapam ao pensamento lógico. Estudos mostram que, enquanto nossa mente consciente processa uma quantidade limitada de informações, nosso inconsciente trabalha incansavelmente, captando sinais sutis do ambiente e conectando pontos de forma inesperada. É aqui que a intuição entra: como uma ponte entre o que sabemos conscientemente e o que sentimos instintivamente.

Essa combinação entre lógica e intuição pode ser encontrada em momentos históricos de inovação. Hrund destaca o famoso episódio de Arquimedes, que teve o insight sobre o princípio de flutuabilidade enquanto tomava banho, ou Isaac Newton, cuja reflexão sobre a gravidade foi inspirada pela queda de uma maçã. Esses momentos de inspiração mostram como grandes descobertas dependem tanto da análise quanto da capacidade de deixar a mente fluir além do óbvio.

Um exemplo mais contemporâneo vem do biólogo marinho Enric Sala, amigo de Hrund. Depois de anos na academia, Enric percebeu que seus estudos estavam apenas documentando a destruição dos oceanos, sem oferecer soluções. Guiado por sua intuição, ele deixou a universidade e fundou o Pristine Seas, um projeto ambicioso que já ajudou a criar 27 áreas marinhas protegidas ao redor do mundo. Para Enric, passar tempo no oceano não é apenas um ato de pesquisa, mas também uma forma de fortalecer sua intuição, permitindo que ele “sinta” o que precisa ser feito para regenerar os ecossistemas marinhos.

Para Hrund, histórias como a de Enric ilustram o verdadeiro potencial do innsaei: ele nos ajuda a ver o quadro maior, conectar pontos aparentemente desconexos e encontrar soluções criativas para problemas complexos. No entanto, ela enfatiza que a intuição não é algo que acontece por acaso. É uma habilidade que pode – e deve – ser cultivada.

Como cultivar o seu innsaei

Hrund acredita que o innsaei não é uma habilidade reservada a poucos – é algo que todos podemos desenvolver, desde que estejamos dispostos a criar as condições certas. Ela sugere algumas práticas simples, mas transformadoras, para acessar esse “mar interior”:

Dê espaço ao silêncio: Em um mundo cheio de ruídos, criar momentos de pausa é essencial. Práticas como meditação, mindfulness ou simplesmente estar em contato com a natureza ajudam a silenciar a mente e abrir espaço para ouvir sua intuição.

Escute seu corpo: Nosso corpo é uma fonte poderosa de informações. Aquele arrepio inesperado, o frio na barriga ou a sensação de que “algo está errado” não são coincidências – são sinais do innsaei. Aprenda a reconhecer e valorizar essas mensagens.

Reflita e registre: Manter um diário para anotar pensamentos, sensações ou até pequenos “insights” pode ajudá-lo a identificar padrões e fortalecer sua conexão com a intuição. Documentar como você presta atenção ao mundo ao seu redor é um exercício de autodescoberta.

Enquanto navegamos por um mundo em constante mudança, Hrund nos deixa uma provocação: “Se não conseguimos imaginar um futuro melhor, como podemos construí-lo?” O innsaei nos convida a desacelerar e redescobrir o que realmente importa – um guia interno que nos ajuda a agir com mais clareza, coragem e criatividade, transformando desafios em oportunidades para crescer e criar.

Compartilhe esse artigo: