Estudo apresenta os impactos da Economia Prateada no Brasil

Estudo apresenta os impactos da Economia Prateada no Brasil

Uma das quatro megatendências para o século XXI, o envelhecimento populacional, constitui uma grande vitória para a humanidade e um oceano azul de oportunidades para os negócios. A Revolução Prateada, como também é chamado esta tendência, está trazendo transformações que impactam nosso futuro para além da previdência, do crédito consignado e das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Buscando investigar quais são os desafios e as oportunidades da Economia Prateada (conjunto de produtos e serviços que atende aos indivíduos com mais de sessenta anos), o FDC Longevidade — estudo desenvolvido pela Fundação Dom Cabral (FDC), com apoio técnico da Hype50+ e do Núcleo de Desenvolvimento de Pessoas e Liderança da FDC, e patrocínio da Unimed-BH — apresentou o Trendbook Negócios, segundo eixo do projeto (acesse aqui o material completo).

O estudo traz análises aprofundadas e dividido nos capítulos: Dinheiro Prateado (consumidores maduros, mergulho no bolso dos 60+, luxo prateado e dicas práticas de comunicação para encantar os consumidores); Um Mercado em Ascensão (oceano prateado de oportunidades; marcas que surpreendem os maduros; a pluralidade do mercado de longevidade; e a busca por unicórnios prateados); Inovação (cenário brasileiro, oito soluções inovadoras para os desafios do envelhecimento, desviando da morte: a corrida pela extensão da vida; o desafio da parceria ideal entre tecnologia, saúde e envelhecimento, entusiasmo, investimento e confiança); Os Tubarões do Oceano Prateado (em busca do empreendedor prateado, os fundadores das maiores empresas de tecnologia investem na longevidade, depois do Silício, a prata – o surgimento dos Vales Prateados); e Empreendedores (silver makers, influenciadores digitais 50+ invadiram as redes sociais).

Leia também: Economia Prateada: Como o novo idoso está consumindo?

De acordo com o Federal Reserve, as famílias norte-americanas acumularam cerca de US$ 112 trilhões de dólares em 2019 — cifra que reúne imóveis, ações e investimentos, ou seja, todo o patrimônio familiar. Desse valor, US$ 34 trilhões estavam nas mãos da Geração X e dos Millennials; os demais 70% desse montante (US$ 78 trilhões), estavam sob o comando dos nascidos até 1964. Esses dados comprovam que a Economia Prateada representa o futuro da economia mundial. Segundo a Harvard Business Review, em 2020, esse mercado prateado deve movimentar US$ 15 trilhões pelo mundo. No Brasil, o montante será de R$ 1,8 trilhão de reais, segundo dados do Instituto Locomotiva. Estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, para se ter uma dimensão, já possuem uma população de idosos superior ao número de jovens com 14 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A revolução que estamos vivendo nos obriga a revisitar conceitos, quebrar padrões e discutir tabus. Para os mais estratégicos, é nesse oceano azul da longevidade que reside as grandes oportunidades para o futuro”, afirma Layla Vallias, especialista em Economia Prateada, cofundadora da Hype50+ e Janno, coordenadora do estudo Tsunami Prateado (maior mapeamento brasileiro sobre longevidade).

Confira abaixo dois insights divulgados no estudo e o webinar de apresentação do estudo, que conta com o debate “mercado prateado e as oportunidades de negócios que ele apresenta”, com a participação de representantes da Hype50+, Unimed-BH e professores da FDC.

O Impacto da Economia Prateada na Inovação e nos NegóciosO Impacto da Economia Prateada na Inovação e nos Negócios

Insights do estudo: #01 – O dinheiro prateado

O grupo de cidadãos com mais de 50 anos é o que mais cresce no Brasil e nos países desenvolvidos; os maduros têm vidas mais longas, mais saudáveis e mais produtivas. O consumo deles vai muito além de gastos com a saúde. Cada vez mais, eles viajam, investem, namoram, empreendem e voltam às salas de aula. O consumo se dá, também, pela internet. O estudo “The truth about online consumers”, conduzido pela KPMG, em 2017 — trouxe dados surpreendentes; após entrevistar 18 mil pessoas que realizam compras online em 51 países, incluindo Brasil, o levantamento mostrou que os baby boomers fazem quase tantas compras online quanto os consumidores da Geração X e Millennials. Os maduros fazem 15 transações por ano; as demais gerações, 19 e 16, respectivamente. Além disso, o gasto médio deles, por compra, é o maior entre as gerações: US$ 203, seguido por US$ 190 e 173. “Vale analisar que esses dados refletem um cenário anterior à pandemia, ou seja, hoje esse volume de compras deve ser maior”, afirma avalia a futurista Mariana Fonseca, uma das coordenadoras do TrendBook.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), do segundo trimestre de 2020, aponta que os brasileiros com mais de 60 anos representavam 8,6% da população ocupada (pessoas trabalhando) na semana de referência do estudo. A participação dos maduros aumentou quase 40% desde 2012, quando era de 6,2% — um aumento relevante mesmo de 2019 para 2020, apesar da pandemia.

De acordo com estudo da pesquisadora Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em outubro deste ano, mais de 600 mil trabalhadores com 60 anos foram para a inatividade entre o fim de 2019 e o segundo trimestre de 2020. Outros 605 mil foram demitidos. Os números revelam que, se antes da pandemia a geração de vagas já era menor para maiores de sessenta anos, a situação se agravou, com mais demissões do que contratações nessa faixa etária. Em agosto, foram geradas 263,7 mil vagas com carteira para quem tem abaixo de 60 anos e eliminadas 14,3 mil entre os mais velhos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério da Economia. De acordo com o levantamento, 71% dos idosos estão no setor de serviços — o mais afetado pelo distanciamento social —, contra 55% entre os mais jovens.

Veja também: TED Talks: E as próximas gerações?

Um outro dado importante é que os 60+ que permanecem trabalhando têm, consistentemente, os níveis mais altos de rendimentos médios reais quando comparados com qualquer outro grupo de idade. Na mesma PNAD do quarto trimestre do 2019, os 60+ tinham rendimentos médios de R$ 2.977, quase 200 reais acima do segundo lugar, os brasileiros de 40 a 59 anos.

Insights do estudo: #02 – A inovação da Economia Prateada

Um levantamento conduzido pela Pipe.Social, apurou dados sobre o mercado da longevidade, dimensões dos negócios, potencial de inovação, impacto social e perfil do empreendedor à frente das soluções para os desafios do envelhecimento. O estudo mapeou 343 negócios voltados para atender a chamada revolução prateada. São produtos e serviços adequados aos 60+ que vão de aplicativos para gestão do cuidado, passando por soluções para construção de cidades inteligentes, experiências para bem-estar e melhorar a qualidade de vida dos maduros e até suporte para planejamento do fim da vida.

Do total de iniciativas levantadas na pesquisa, 40% delas destinam-se a soluções para o Cuidado e 25% na Gestão do Cuidado. Engajamento e Propósito somaram 22%; Estilo de Vida e Mobilidade e Movimento ficaram com 17% e 9%, respectivamente. Neste cenário desafiador encontram-se ainda tecnologias para dar suporte aos desafios em Saúde Mental (8%), Saúde Financeira (5%) e Fim da Vida (1%). “Esse é um mercado extremamente novo, em ritmo acelerado de crescimento e com uma gama de oportunidades para empreender em todo o país. A região Sudeste com 64% concentrou, segundo o estudo, o maior número de soluções, seguido do Sul (13%) Nordeste (10%) Centro-Oeste (7%) e Norte (2%)”, detalha Mariana Fonseca, uma das coordenadoras do TrendBook.

São negócios jovens, 44% deles têm apenas dois anos de criação e equipes enxutas de até 4 membros (47%) e de 5 a 19 colaboradores (46%), incluindo freelancers. Sobre o perfil da liderança, o levantamento trouxe equipes mistas em sua maioria (45%) e um equilíbrio entre homens e mulheres na liderança do negócio com 23% e 21%, respectivamente. A análise da evolução e faturamento destas startups, apontou uma queda no número de negócios sem faturamento: em 2017 eram 63%; em 2018, esse número caiu para 54% e, no ano passado, foram 44% das soluções. Esse é um dos principais indicadores que determina a maturidade e evolução dos negócios no setor. Dos 343 negócios analisados, 27% estão faturando até 100 mil reais, mas há aqueles que chegam a faturar mais de 2 milhões de reais. A íntegra do estudo traz também os perfis das empresas mais inovadoras mapeadas.

Imagem Destaque: goodluz/Shutterstock

Compartilhe esse artigo: