Embalagens de microalgas que viram bioestimulantes

Embalagens de microalgas que viram bioestimulantes

A busca por soluções sustentáveis no design está cada vez mais em evidência, e designers ao redor do mundo têm explorado formas inovadoras de transformar resíduos em materiais úteis e regenerativos.

Nesse cenário, surge o trabalho de Laura Bordini, designer de materiais baseada em Bolzano, na Itália, cujo foco está na pesquisa de biomateriais e bio-design. Seu projeto mais recente, By Osmosis, propõe um ciclo de vida sustentável para embalagens feitas a partir de microalgas, que, após o uso, podem se transformar em bioestimulantes agrícolas.

Laura utilizou a biomassa da microalga Chlorella vulgaris, proveniente de um centro de tratamento de águas residuais em Lindlar, Alemanha. Essa microalga, altamente rica em nutrientes como amônia, nitrogênio e fósforo, foi usada para criar um biomaterial sustentável que pode ser utilizado na produção de embalagens, especialmente no setor de floricultura. A inovação de Laura reside na circularidade desse processo: após o uso inicial, a embalagem pode ser reaproveitada como bioestimulante, promovendo o crescimento de plantas e a regeneração do solo.

Entre os produtos desenvolvidos estão suportes para flores feitos de biomassa de microalgas e pó de madeira. Assim como as flores que esses suportes carregam, as embalagens também têm um ciclo de vida natural e, ao término de seu uso, podem ser compostadas no solo para liberar nutrientes.

Outro exemplo são as embalagens para sementes, que seguem a mesma lógica circular, contribuindo para a regeneração ecológica. Um dos itens mais criativos do projeto são os cartões plantáveis, feitos com sementes e microalgas, com mensagens simpáticas como “Nice to seed you”, que refletem a essência do ciclo sustentável proposto.

Laura destaca que a Chlorella vulgaris, além de ser amplamente usada como suplemento alimentar e purificadora de água, é versátil o suficiente para ser aplicada em diversas áreas, como agricultura, produção de biogás e até tingimento natural. No entanto, desenvolver o material ideal não foi fácil: um dos desafios enfrentados foi lidar com o odor característico das microalgas, que, após vários testes, foi mantido, refletindo a autenticidade de sua origem.

Esse tipo de material não apenas propõe uma alternativa sustentável aos materiais convencionais, como também tem um impacto direto na regeneração do meio ambiente. A combinação de microalgas com pó de madeira cria um material resistente e durável, que se degrada lentamente no solo, ao mesmo tempo em que libera nutrientes essenciais. Essa abordagem de design sustentável, segundo Laura, vai além da estética e funcionalidade — ela busca promover um novo entendimento sobre nosso papel em relação ao ambiente, integrando a natureza ao processo de design.

Com iniciativas como essa, o futuro do design de produtos parece cada vez mais voltado para soluções que não apenas minimizam o impacto ambiental, mas que também transformam resíduos em recursos valiosos. É um exemplo claro de como o design pode contribuir para uma economia verdadeiramente circular.

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