Situada no Peru, “Casa Estufa” permite cultivar uma horta na sala de estar

Situada no Peru, “Casa Estufa” permite cultivar uma horta na sala de estar

Tendência para um estilo de vida mais saudável e menos danoso ao meio ambiente, o farm to table é um conceito culinário que remete ao uso de ingredientes frescos, produzidos de forma sustentável e, geralmente, por pequenos produtores. Uma vez que essa ideia se une à arquitetura, dá-se origem a projetos como o dessa simpática casa – que também funciona como uma estufa e permite cultivar uma horta diretamente na sala de estar.

Situada na cidade peruana de El Carmen e desenvolvida pelo arquiteto Salazar Sequero Medina, a “Casa Estufa” elimina as divisões entre moradia e jardim, promovendo uma sintonia singular com a natureza. Para isso, o projeto incorpora diversos elementos de uma estufa tradicional, permitindo não só a entrada da luz solar, mas também a retenção ideal de humidade e de calor. Como resultado, cria-se um microclima que satisfaz não só às plantas, mas também aos moradores.

A fim de garantir o lado “casa” da estrutura, pontos de ventilação foram estrategicamente posicionados, permitindo a livre circulação do ar. Além disso, graças à proposta sustentável empregada no projeto, a casa dispensa refrigeração e iluminação durante o dia, reduzindo o consumo de energia elétrica e, consequentemente, a pegada de carbono.

Apesar de toda a delicadeza que seu design pode remeter, a Casa Estufa é construída a partir de um conjunto bastante sólido, criado para suportar as ações do tempo. No chão e nas duas paredes de alvenaria, os blocos de tijolo foram reaproveitados – coletados dentre as sobras de tijolos queimados e conhecidos como “ladrillo recocho”. Esses tijolos, ainda vale citar, estão presentes em diversas construções populares no Peru, de comércios a residências.

Sem paredes ou telhados tradicionais, todo o restante da estrutura é formado por chapas translúcidas, que contribuem para o visual etéreo da casa, e armações de metal – que, por sua vez, foram recuperadas de construções vizinhas. Como resultado, para quem a olha de fora, a casa parece flutuar no terreno – ao passo em que, para quem está dentro, transmite uma sensação de paz e tranquilidade inenarráveis.

A Casa Estufa é muito mais do que um manifesto de design. Isso porque, ao invés de uma casa tradicional adaptada para o cultivo de plantas, a construção é uma estufa transformada em moradia, e que, sendo fiel a esse conceito, não se furta a ousar em certas escolhas – como a cozinha posicionada na parte externa.

Adicionalmente, fica claro que o bem-estar dos moradores foi uma prioridade do projeto. Afinal, para além de permitir o farm to table na prática, viabilizando o cultivo e o preparo de hortifrutis num só lugar, a presença dos vegetais purifica o ar, equilibra a temperatura e cria uma atmosfera sem interrupções entre os ambientes internos e externos. Tudo isso sem citar os benefícios que a presença das plantas oferecem para a saúde mental dos habitantes.

Por fim, a Casa Estufa é uma inspiração inusual de moradia sustentável. Ao abandonar alguns pressupostos de uma casa convencional, a construção não só inova em sua proposta, mas oferece uma serenidade e sustentabilidade igualmente incomuns. Não por acaso, o projeto também incorpora bastante da tradição arquitetônica do Peru – conhecida pela maestria em combinar o tom cinza das rochas ao verde radiante das plantações.


Créditos: Imagens – Ivan Salinero

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