Pescadores cultivam algas como adaptação às mudanças climáticas

Pescadores cultivam algas como adaptação às mudanças climáticas

No Maine, estado situado no extremo nordeste dos EUA conhecido por seu litoral rochoso, o aquecimento da água de sua costa vem tornando o futuro da pesca na região cada vez mais incerto.

O Golfo do Maine está aquecendo mais rápido que 99% de todo o oceano. Em um primeiro momento, isso ajudou as populações de lagosta a crescer em partes do estado; mas, à medida que o calor continua aumentando, a tendência é de que, em algum momento no futuro, as larvas de lagosta não sobreviverão na mesma proporção em que estão sobrevivendo atualmente. Em 2050, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa do Golfo do Maine, o aquecimento das águas pode fazer com que as populações de lagostas caiam em até 62%.

Como uma alternativa para os profissionais da região que tiram seu sustento da pesca de lagostas e frutos do mar, muitos pescadores começaram a também cultivar algas e agora trabalham em parceria com uma empresa chamada Atlantic Sea Farms.

As algas contam com muitas vantagens: à medida que elas crescem, vão sugando dióxido de carbono e ajudam a combater a acidificação das águas ao seu redor, ajudando a vida marinha local, como os mexilhões, a se fortalecerem. Seu cultivo também não usa nenhum recurso que o cultivo de alimentos em terra requer — como o usa de fertilizantes e irrigação.

A Atlantic Sea Farms começou como uma única fazenda de algas em 2009 — a primeira a se tornar comercialmente viável nos EUA — e, mais tarde, a empresa passou pensar em soluções para ajudar os pescadores da região a diversificar sua renda diante das mudanças climáticas.

“Sabemos que isso pode ser muito bem feito por pescadores que estão usando o mesmo equipamento que usam para a lagosta”, diz Briana Warner, CEO da Atlantic Sea Farms. “O cultivo é feito na baixa temporada de lagosta e usa muito do mesmo conjunto de habilidades e o mesmo equipamento da pesca de lagosta.”

Atualmente, 27 pescadores do Maine trabalham com a empresa, e a colheita anual cresceu de 13 toneladas em 2018 para uma expectativa de 544 toneladas no primeiro semestre de 2022.

A Atlantic Sea Farms ajuda novos agricultores a obter concessões do estado para trabalhar em uma determinada área, um processo que pode levar até um ano para ser aprovado. Em seguida, a empresa os ajuda a projetar e configurar sua nova fazenda. Também são fornecidas aos pescadores sementes gratuitas para os primeiros cultivos.

Após o plantio, que acontece entre novembro e dezembro, a alga pode ser colhida na primavera (do hemisfério norte) seguinte. O processo não é exatamente simples, mas a empresa ajuda os agricultores a solucionar problemas e também garante que comprará tudo o que a fazenda produzir. Assim, uma fazenda pode se tornar lucrativa rapidamente.

Esta prática também está ajudando a aquecer o mercado de algas na região; incentivando o consumo de produtos como o “sea-chi” (uma versão do kimchi), cubos de alga marinha que podem ser adicionados a smoothies e alga triturada que pode ser adicionada a saladas ou usadas como coberturas em pizzas ou tacos. Além do uso em alimentos, o produto também é usado em suplementos e cosméticos.

Incentivar o crescimento do mercado de algas a crescer, também permite que a rede de agricultores cresça mais rápido, impactando positivamente na costa e na economia local.

“Quanto mais pessoas colocamos na água para cultivar algas, mais resiliente a costa se torna”, afirma Briana.

Para saber mais sobre a Atlantic Sea Farms, clique aqui e confira o vídeo a seguir.

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