Categories Soluções de ImpactoPosted on 29/04/2025Abrigo de casca de ovo atrai borboletas para o centro da cidade O que você vai descobrir a seguir: • Como o EggNest usa cascas de ovo e solo para criar um micro-habitat para borboletas. • Por que a modularidade e o formato curvo são essenciais para manter calor e segurança nos centros urbanos. • De que maneira o projeto promove uma convivência sensível entre humanos e a biodiversidade. No coração das cidades, onde o cinza costuma falar mais alto que o verde, um projeto simples (e incrivelmente simbólico) propõe uma mudança de perspectiva. Chama-se EggNest e é exatamente o que o nome sugere: um ninho. Mas não qualquer ninho. Um abrigo urbano pensado para borboletas, feito de cascas de ovo e solo. A ideia nasceu da mente criativa de Jayoung Kim, Jungmin Park e Chaewon Lee. E como tudo que começa pequeno pode ganhar um significado maior, o projeto se tornou uma conversa delicada entre arquitetura, ecologia e poesia. Em um mundo que expulsa seus polinizadores para dar lugar ao asfalto, EggNest reapresenta o espaço urbano como lugar de refúgio, e não apenas de passagem. Casca que abriga, textura que sustenta Escolher cascas de ovo como matéria-prima não foi coincidência. Trata-se de um gesto comovente: reutilizar aquilo que um dia serviu de berço para uma vida, transformando-o em lar para outra. Trituradas e misturadas ao solo, essas cascas formam uma textura áspera – não só bela, mas funcional. A rugosidade ajuda as borboletas a se fixarem, mesmo com o vento impaciente das grandes cidades. Com moldes impressos em 3D, cada módulo ganha curvas que regulam a temperatura interna e protegem contra predadores. Já as frestas entre as peças, longe de serem meros detalhes estéticos, são espaços que respiram — por onde flores e musgos brotam, completando o ciclo de um microecossistema. O voo que ainda pode acontecer As borboletas não são apenas bonitas. Elas são polinizadoras fundamentais, bioindicadores ambientais e, sobretudo, parte de uma engrenagem que mantém a vida em movimento. Mas têm desaparecido. A estimativa global é de uma queda de 53% nas populações, impulsionada pela urbanização desenfreada, mudanças climáticas e a falta de abrigos. É aqui que o EggNest ganha força como símbolo. Seu design modular permite que ele seja instalado em diversos terrenos — jardins inclinados, telhados, calçadas. Onde houver espaço, há possibilidade de pouso. Onde há pouso, há chance de flores. E onde há flores, há futuro. Coexistência como projeto de cidade Talvez o gesto mais poderoso do EggNest seja sua disposição em não competir com a cidade, mas em dialogar com ela. Ele não afasta, não isola, não exige grandes mudanças. Apenas se acomoda, silenciosamente, e oferece espaço para que a natureza volte a se expressar. Seu valor está na delicadeza do convite: vamos dividir? EggNest surge como quem não quer nada, mas acaba dizendo tudo. Um gesto silencioso que devolve espaço ao que parecia ter sido esquecido: o voo, a cor, a leveza. Em vez de disputar espaço com o urbano, convida à partilha. E talvez seja aí que a cidade comece a respirar de novo. EggNest Compartilhe esse artigo: