Biocrete: O futuro da construção pode ter um concreto zero carbono

Biocrete: O futuro da construção pode ter um concreto zero carbono

Nos últimos anos, o escritório de arquitetura norueguês Snøhetta conduziu pesquisas sobre diferentes materiais que são essenciais para o setor da construção. Então, em meados de 2020, essas pesquisas deram espaço para uma nova ideia: criar um concreto carbono negativo. A empresa já vem realizando projetos voltados para a inovação socioambiental, como o Svart, primeiro hotel do mundo que irá produzir mais energia do que consome – com inauguração prevista para 2023.

Após meses de testes em pequena escala, a Snøhetta se juntou a alguns dos empreiteiros, pesquisadores, produtores e fornecedores mais experientes da indústria de concreto e biochar (o nome que tem o carvão vegetal quando é empregado como correção para o solo). A colaboração resultou na primeira parede de concreto pré-moldado com carbono negativo e foi lançada no início de 2021 em Orkanger, Noruega.

O setor da construção é uma indústria com emissões significativas de gases de efeito estufa, e o concreto sozinho responde por cerca de 8% das emissões de CO2 em todo o mundo. No entanto, é um desafio imaginar que construiremos menos nos próximos anos, e ainda mais imaginar que encontraremos um material tão versátil quanto o concreto para realizar essas construções. Por isso, é importante que empresas desse mercado estejam empenhadas a encontrar soluções mais ecologicamente corretas, que nos permitam construir para o futuro sem contribuir para torná-lo menos habitável para as próximas gerações, e a indústria da construção deve fazer parte dessa mudança verde.

Para a Snøhetta, o concreto parecia um lugar óbvio por onde começar e os resíduos de madeira da indústria da construção, um recurso interessante a ser utilizado. E assim, essa ideia se transformou no Biocrete. O projeto recebeu apoio financeiro da Innovation Norway – braço do governo norueguês para a inovação e o desenvolvimento das empresas e da indústria do país, apoiando empresas no aprimoramento da inovação.

Ao utilizar subprodutos industriais para criar o Biocrete, a Snøhetta estima que as emissões de carbono associadas à produção de concreto podem ser reduzidas em mais de 70% nesta primeira fase; mas a equipe espera produzir concreto totalmente neutro em CO2 até 2025. Além do benefício para o meio ambiente, os geopolímeros (termo que abrange uma classe de materiais de aluminossilicatos com potencial de utilização como um substituto para o cimento Portland) apresentam uma série de propriedades que são superiores às do cimento Portland comum, como resistência a temperaturas mais altas e permeabilidade significativamente mais baixa.

“A primeira etapa do projeto de pesquisa é testar e ampliar o desenvolvimento dos materiais de construção de amanhã na forma de concreto de baixa emissão de carbono”, anunciou a Snøhetta. “O próximo passo será garantir que a tecnologia e os materiais façam parte de um ecossistema circular. Isso realmente impactará a pegada ambiental da indústria.”

Em março de 2021, o primeiro elemento de parede completo de carbono negativo foi fundido. O teste foi bem sucedido quanto à execução prática, as propriedades do concreto e a negatividade de carbono final foi alcançada. compensou as emissões de gases de efeito estufa do concreto, como também do aço de reforço usado nas paredes.

Ao combater um problema crescente de resíduos e as crescentes emissões de CO2 do mundo, uma solução como o Biocrete pode mudar a pegada ambiental de um material amplamente utilizado como o concreto e torná-lo uma contribuição positiva para o planeta muito necessária. Para saber mais, confira o vídeo a seguir.

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Créditos: Imagem Destaque – P.KASIPAT/Shutterstock

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