Categories Inova+Posted on 29/11/202105/05/2022Mobilidade sustentável: As barreiras dos veículos elétricos pelo mundo Nas palavras do astrônomo Carl Sagan, “em toda essa vastidão [cósmica], não há nenhum indício que a ajuda possa vir de outro lugar para nos salvar de nós mesmos. A Terra é o único mundo conhecido até hoje que alberga a vida. Não há outro, pelo menos, no futuro próximo, onde a nossa espécie possa emigrar. Visitar, pode. Assentar-se? Ainda não. Gostando ou não, por enquanto, a Terra é onde temos que ficar.” O texto “O Pálido Ponto Azul” descreve bem a importância do nosso planeta para a humanidade e suas peculiaridades na vastidão do universo. Isso quer dizer que temos que cuidar bem do planeta para continuarmos existindo. E cuidar do planeta significa mudar alguns estilos de vida. Segundo a recente Pesquisa IBM, os consumidores se preocupam com a sustentabilidade, mas rapidez e conveniência prevalecem nas escolhas diárias de transporte. É neste ponto que ainda mora o perigo. Leia também: Como serão as cidades do futuro nos próximos 100 anos? Mobilidade e transporte consomem cerca de 20% da energia do mundo — a maioria alimentada por combustíveis fósseis. Como consequência de uma crescente tendência de uma urbanização em massa, vem o aumento do congestionamento (veja esta pesquisa da BCG), especialmente com mais cidades se restabelecendo após o confinamento. Isso pode acelerar rapidamente a demanda de energia e as emissões de CO2 geradas pelo transporte. Reduzir as emissões de carbono é imperativo para todos nós e, da mesma forma, o futuro da mobilidade deve ser sustentável. Muitas cidades e montadoras já estão trabalhando rapidamente em soluções mais limpas para reduzir as emissões no transporte e na mobilidade do dia a dia. Por exemplo, no começo deste ano, a General Motors anunciou que iria cessar as vendas de veículos de engenharia de combustão interna até 2035 e a cidade de Copenhague deseja se tornar a primeira capital de carbono neutro até 2025. Entretanto, ainda há muito o que as cidades, os cidadãos e as montadoras podem fazer para reduzir as emissões geradas no transporte diário. Leia também: COP 26: Quando vamos acordar para o planeta? Para entender melhor as atitudes dos consumidores e identificar potenciais barreiras em torno da mobilidade sustentável, a IBM pesquisou 1.000 consumidores adultos residentes em cada uma destas cinco cidades: Chicago, Londres, Munique, Roma e São Francisco. Todas têm os mais altos níveis de propriedade de veículos, bem como de uso de transporte público, tornando-as locais convenientes para entender o que influencia as opções de transporte diário. Velocidade e conforto superam a sustentabilidade Embora, no geral, a maioria dos entrevistados (77%) concorde que é importante reduzir suas pegadas individuais de carbono, só metade dos adultos entrevistados consideram a sustentabilidade quando tomam decisões locais de transporte. Ao invés disso — e especialmente os americanos —, optam por conveniência e rapidez. Por exemplo, o transporte público foi classificado entre as formas de transporte mais ambientalmente amigável, porém, apenas metade escolheu ativamente o transporte público para reduzir sua pegada de carbono. Por causa dessa tendência pela conveniência e rapidez, é responsabilidade das próprias indústrias removerem as barreiras inibidoras da mudança de comportamento dos consumidores. As barreiras na adoção de veículos elétricos Os veículos elétricos já são temas há muitos anos aqui no InovaSocial (leia mais aqui). Para a indústria automotiva, veículos elétricos trazem uma promessa de uma opção de transporte mais sustentável. Na pesquisa, descobrimos que a maioria (71%o) dos entrevistados concorda que veículos elétricos são uma opção verdadeiramente sustentável para viajar. Na verdade, mais da metade dos entrevistados (57%) indica que eles atualmente possuem, alugam ou planejam ter ou alugar um veículo elétrico dentro dos próximos anos. A barreira primária indicada pelos participantes como inibidora da adoção generalizada se resume ao custo. Apesar da pesquisa não prever o cenário brasileiro, é de conhecimento geral que esta é uma das grandes barreiras também por aqui. Esse cenário é seguido pelas preocupações sobre a vida útil da bateria e o carregamento, além do ceticismo em relação à eficácia das reivindicações de sustentabilidade e da ética em torno da mineração para os materiais da bateria. Existem algumas formas de superar estes obstáculos e a Pesquisa IBM traz 3 sugestões: Reduzir o custo inicial de propriedade monetizando serviços automotivos conectados: O relatório “O Setor Automotivo em 2030: A corrida em direção a um futuro digital”, também da IBM, descobriu que os consumidores entrevistados agora avaliam igualmente uma experiência perfeita, personalizada e conectada dentro do carro como um atributo tradicional, assim como o manuseio, cavalos de força ou estilo. As montadoras estão experimentando novas formas de monetizar experiências e serviços dentro do carro, como os de navegação, alertas de tráfego, condições de estradas ou de clima que podem melhorar a experiência de ir do ponto A ao ponto B. Nos últimos anos, a IBM tem trabalhado de perto com a PSA — a matriz da Peugeot e da Citroën — para desenvolver e monetizar serviços de carros conectados como a base da experiência do futuro da direção. Enquanto a maioria desse trabalho ainda está nos estágios iniciais de experimentação, a abordagem pode ajudar a criar novas linhas de receita para dar às montadoras flexibilidade na precificação de novos veículos. Estabelecer um ecossistema transversal à indústria para remover o atrito na experiência de carregamento do veículo elétrico: Muito parecido com o carregamento de qualquer dispositivo eletrônico, “abastecer” um veículo elétrico leva tempo. Podem ser necessários de 15 minutos a 12 horas para uma recarga, dependendo da voltagem e da oferta disponível. E esse processo pode ficar complicado quando uma onda repentina da carga do veículo elétrico coloca uma pressão significativa na rede. A adoção do veículo elétrico não pode ser solucionada apenas pelas montadoras. Em vez disso, elas devem colaborar com os serviços de utilidade pública para fornecer mercados de energia em que os proprietários de veículos elétricos possam optar por vender o excesso de energia em tempos de demanda. Superando o ceticismo à espreita com uma melhor transparência através de plataformas abertas: A produção de baterias de veículos elétricos depende de baterias de íon-lítio leves, potentes e compactas, construídas a partir de materiais brutos como cobalto, níquel, lítio e cobre. Muitos deles são originados por meio de uma mineração artesanal e de pequena escala, um setor conhecido por condições de trabalho difíceis e perigosas. A RCS Global, líder em coletar e verificar dados para garantir práticas responsáveis em cadeias de abastecimento, associou-se à IBM para estabelecer uma tecnologia de monitoramento de mercadoria chamada de Fonte Responsável de Rede Blockchain (leia mais aqui, em inglês). Isso ajuda a garantir que os materiais atendam aos padrões éticos de fontes. Alcançar os objetivos de redução de emissão e acelerar a adoção de veículos elétricos não pode ser feito isoladamente. Porém, através da colaboração sustentada com tecnologias, o ecossistema de mobilidade podem superar essas barreiras inibidoras da adoção de veículos elétricos e avançar para o caminho da mobilidade sustentável. Imagem Destaque: ALDECA studio/Shutterstock Compartilhe esse artigo: