Com foco nas mudanças climáticas, MIT lista os jovens inventores mais promissores de 2022

Com foco nas mudanças climáticas, MIT lista os jovens inventores mais promissores de 2022

Anualmente, o Instituto de Tecnologia de Massachussets – MIT, na sigla em inglês – divulga uma lista com os projetos mais promissores da ciência e da tecnologia, todos encabeçados por jovens inventores com menos de 35 anos.

Chamada de Innovators Under 35, ou “Inovadores antes dos 35”, a publicação se define como um verdadeiro “radar da evolução tecnológica mundial*”*, para além de prêmio de ciências. Na prática, os escolhidos passam por avaliações criteriosas, com especialistas de áreas como a biotecnologia, ciência de materiais, robótica e Inteligência Artificial, computação e defesas contra as mudanças climáticas.

Dessa forma, sempre que o Instituto revela uma nova seleção, além de ser a oportunidade ideal para conhecer os cérebros da atualidade, também é uma chance de verificar o que há de mais disruptivo e inovador, sob a perspectiva da ciência e da tecnologia.

Mudanças climáticas ganharam destaque na edição deste ano

No total, a lista Innovators Under 35 **incorpora seis disciplinas, conforme citado anteriormente. Entretanto, os projetos dedicados às mudanças climáticas ganharam um foco especial este ano.

Além do recente e preocupante relatório do IPCC, que alertou sobre a necessidade de cortar em 50% as emissões de gases poluentes até 2030, o avanço da vacinação, e o consequente abrandamento da pandemia de COVID-19, são motivos para a pauta do clima estar novamente em alta.

Adicionalmente, as instabilidades econômicas e políticas, para citar a inflação dos alimentos e o conflito na Ucrânia, que agravou ainda mais a conjuntura global, também trazem à tona a questão ambiental; precisamos de mais soluções para o problema da poluição – bem como de soluções mais eficientes.

Nesse sentido, a sessão da Innovators Under 35 que trata das mudanças climáticas alerta para o fato de que, a fim de cumprir as metas estabelecidas para as próximas décadas, além de reduzir a pegada ambiental nos grandes processos industriais, como produção de energia, as tecnologias verdes também precisam chegar às massas – ou seja, é necessário que eu e você, bem como as tecnologias que usamos no nosso dia a dia, também sejam menos poluentes.

Como exemplo prático disso, a publicação cita algumas inovações tecnológicas que, ao contrário da grande maioria, foram amplamente adotadas pelo mercado consumidor, reduzindo o impacto maior de tecnologias obsoletas, anteriormente utilizadas.

Desses, o exemplo mais claro talvez seja o LED: esse pequeno diodo emissor de luz, presente em absolutamente todo gênero de dispositivo eletrônico, é uma alternativa muito mais eficiente, e, portanto, ecologicamente amigável, em comparação com as soluções difundidas no passado.

Entretanto, o LED só se tornou popular porque é uma solução barata, simples de ser adotada e fácil de ser produzida. Sem essas características, toda a sua eficiência energética estaria restrita aos laboratórios de seus inventores – com os carros, eletrônicos e outros dispositivos sendo incapazes de desfrutar de seus benefícios.

É a partir desse exemplo que a publicação do MIT tenta explicar que, para ser efetivamente revolucionária, não basta que uma inovação tecnológica seja possível ou plausível. Muito mais do que isso, ela deve aplicável às necessidades atuais, a fim de, efetivamente, produzir resultados.

Caso contrário, a mudança simplesmente “não vinga”, uma vez que os agentes envolvidos na mudança – seja a indústria, o mercado ou mesmo os consumidores – nem sempre toparão pagar mais caro só porque aquela solução é menos poluente.

Quer um exemplo? Veja os carros elétricos

Muito embora ainda seja motivo de discussão, a maioria das pessoas concorda que, ao menos no tocante à emissão de gases do efeito estufa, a transição para os veículos elétricos pode ser uma alternativa mais sustentável, uma vez que a origem do combustível também fosse livre dos gases poluentes.

Mesmo assim, os carros elétricos, ou até mesmo os híbridos, ainda estão crescendo em popularidade. A razão é que, por ser uma tecnologia nova, ela também é consideravelmente mais cara – algo que limita a adesão do público.

Agora, pense se a transição para os veículos elétricos dependesse de tecnologias fáceis de implementar, baratas e simples de produzir: o mercado certamente já teria a adotado.

Artigo do MIT tem até um nome para esse efeito: Green Premium

Os carros elétricos são um exemplo bastante ilustrativo, porém, estão longe de serem os únicos. Tão longe que o próprio artigo cita um termo cunhado por Bill Gates, o “Green Premium”, descrevendo as alternativas ecológicas que quase sempre são mais custosas do que aquilo que pretendem substituir.

Não por acaso, o mesmo artigo cita um estudo de 2021, conduzido pela Vivid Economics. Segundo o relatório, em um cenário com investimentos limitados na direção de pesquisar, desenvolver e comercializar novas tecnologias, o green premium – leia-se, o custo menos acessível de tecnologias verdes – continuará muito alto ao final desta década.

Já no caso contrário, se acelerarmos a inovação nestas áreas, podemos reduzir os custos da transição para o modelo sem carbono. Aqui, a publicação mencionada pelo instituto fala de reduzir até US$ 2,5 trilhões do custo anual a partir de 2050, algo que certamente ajudaria países não desenvolvidos a adotar soluções sustentáveis.

Por sua vez, conforme explica o artigo, para dar à inovação esse “empuxo extra”, uma iniciativa a ser tomada é o fomento público ou privado.

Traduzindo em termos práticos, da mesma forma que tecnologias inicialmente muito caras passam por processos de refinamento nos departamentos de pesquisa e desenvolvimento, tecnologias verdes também podem ser aprimoradas para a redução de custos. Para isso, basta que agentes públicos e privados vejam o potencial, tanto de sustentabilidade quanto de rentabilidade, dessas alternativas.

Ao final do trecho que comenta os projetos dedicados às mudanças climáticas, o artigo do MIT cita que, conforme já apontaram CEOs e especialistas no mercado financeiro, apostar na descarbonização é “um dos maiores investimentos que podemos fazer em nossas vidas”, bem como que, no futuro, os unicórnios serão as startups encarregadas de descarbonizar o mundo e tornar a energia limpa mais acessível.

Com isso, o artigo ainda ressalta que o grande mérito dos jovens inventores mais promissores de 2022 é tornar essa previsão mais próxima da realidade.

Da biotecnologia à computação: prêmio para jovens inventores também contemplou outras áreas

Apesar da atenção especial com a questão climática, a seleção do MIT também considerou outras áreas da ciência e tecnologia, incluindo a computação, a robótica, juntamente à Inteligência Artificial, a biotecnologia e a ciência de materiais.

Aqui, vale ressaltar que, apesar de ser conveniente dividir essas áreas do saber como se fossem disciplinas completamente distintas, o caráter transversal de cada uma também foi refletido no ranking.

Na premiação dedicada à robótica e IAs, por exemplo, o MIT explica que, ao contrário da busca pelo desenvolvimento de uma inteligência artificial similar à humana, um desafio não apenas tecnológico, mas também filosófico, a inteligência artificial voltada à análise de dados – que é uma área de estudos completamente distinta – evoluiu consideravelmente nas últimas décadas.

Nesse sentido, o texto cita os complexos algoritmos que mantém sistemas inteiros, bem como os processos de aprendizagem de máquina, que treinam o computador e o tornam capaz de reconhecer falas, jogar videogame e mais.

Paralelamente, no trecho em que fala dos jovens inventores em biotecnologia, o artigo explica como essa mesma Inteligência Artificial, a voltada para dados, está rompendo os limites desse campo da ciência e da saúde.

Em resumo, o artigo explica que a capacidade de processar tantos dados a partir das IAs está revolucionando nossa compreensão sobre os processos químicos e biológicos que atuam sobre os seres vivos.

Por sua vez, de forma não muito diferente, a mesma publicação também relaciona os futuros avanços na computação e na ciência de materiais, citando que a evolução das máquinas está intimamente ligada ao desenvolvimento de novos tipos de matéria-prima.

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Créditos: Imagem Destaque – DC Studio / Shutterstock

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