Uma resolução para 2018: Empresas inteligentes e sustentáveis

Uma resolução para 2018: Empresas inteligentes e sustentáveis

A sua empresa se preocupa com o ecossistema em que está inserida? Para muitos, a resposta dessa pergunta pode ter a ver com cadeia de produção ou termos mercadológicos, mas quando falo “ecossistema”, estou querendo me referir a seres vivos, ambiente natural, natureza e todos os outros elementos que a palavra pode remeter neste ponto. Algumas semanas atrás vimos, aqui no InovaSocial, o exemplo da fábrica da Jeep em Goiana, Pernambuco. Considerada a primeira planta automotiva carbono neutro da América Latina, o complexo foi montado naquela localidade devido a sua proximidade com o Porto de Suape, mas a marca percebeu que para coabitar na região, precisaria resgatar o meio ambiente devastado pela cultura canavieira. O resultado tem sido um incrível resgate da fauna e flora nativa e que você pode conhecer com detalhes neste link.

Mas voltando a nossa pergunta inicial, muitas empresas perceberam que não basta ficar só na “coleta seletiva”. Suas sedes (ou “headquarters”, como algumas multinacionais gostam de chamar) precisam dialogar com o meio ambiente. Não basta viver dentro de redomas climatizadas com ar-condicionado e luz artificial, se uma hora você terá que enfrentar o lado de fora. Mais do que isso, com a popularização do home office, o escritório convencional já não faz mais sentido. É claro que a sua empresa não precisa fazer um investimento de US$ 5 bi, como a Apple, ou US$ 3,5 bi como o Google, mas podemos aprender muito com essas empresas.

Google, Apple, Mercado Livre e o nosso futuro inteligente

Quando o assunto é “escritório”, o Vale do Silício é uma grande escola. Vejamos a “Spaceship” da Apple. Inaugurada recentemente, a nova sede da empresa de Cupertino é um campus para 13 mil funcionários e 100% abastecida por energia solar. Além disso, o prédio é rodeado por mais de 7 mil árvores e plantas (cerca de 80% do escritório possui áreas verdes), algumas frutíferas e pequenas hortas, que abastecem as cafeterias internas da empresa. Para reduzir ainda mais o consumo elétrico, o prédio circular recebeu 3 mil vidros curvos, ou seja, toda a fachada permite a entrada de luz natural. Um projeto megalomaníaco, sem dúvidas, mas pensado em cada detalhe. De acordo com Jony Ive, Chief Design Officer (CDO) da Apple, a locomoção dos funcionários da sede será feita por 1.000 bicicletas e carros de golf elétrico.

Nós bem sabemos que a Apple possui inúmeras críticas sobre as suas fábricas na China, quem sabe com o tempo a Grande Maçã não pensa em adotar algumas práticas inteligentes fora da sua central. Afinal, não adianta ter uma sede bonita e esquecer do restante.

Isso foi algo que o Google conseguiu colocar em prática, o pensamento sustentável em toda escala produtiva. Segundo a empresa, “as novas aquisições em energia limpa, elevou a capacidade total de energia eólica e solar para 3 gigawatts — suficiente para corresponder a 100% da energia utilizada para executar os produtos em 2017”. Iniciativas interessante, mas que necessitam de investimento.

Mas vamos voltar aos exemplos brasileiros. Quem já teve a oportunidade de conhecer a Melicidade, sabe o incrível projeto que o Mercado Livre fez em sua nova sede. Antes de inaugurar o seu gigantesco escritório (são 33.000 m²), a empresa se dividia em três escritórios diferentes em São Paulo e Alphaville. Para a escolha da nova localização, o RH da empresa cruzou os dados residenciais de cada colaborador e descobriu que Osasco era a região mais acessível para a maioria. Foi com o uso desta inteligência, que a empresa identificou o deslocamento médio, antes de 33 km, e que com a nova sede caiu para 17 km. Além disso, o novo prédio da empresa está localizado próximo de uma estação de trem e há um ônibus próprio para colaboradores.

Mas quase não existem polos empresariais naquela região. É aí que entra a parte de investimento. Antes uma metalúrgica abandonada, o novo espaço recebeu, além de uma bela reforma, 2.800 lâmpadas de LED e 2.000 painéis fotovoltaicos para captação de energia solar que, em dias de sol, representa 50% de toda a energia usada no complexo. Por se tratar de uma região industrial e com pouca oferta de comércio local (restaurantes, bancos, etc.), o Mercado Livre inseriu no seu complexo o Meli Mall, um espaço com salão de jogos, consultório médico, manicure, academia e restaurante com quatro menus diferentes. Uma sede 100% pensada para os seus colaboradores.

Onde quero chegar com esses exemplos? Em uma resolução para 2018. Que este seja o ano de empresas inteligentes, que reflitam sobre o ecossistema que coabitam e percebam que alguns investimentos são necessários. Seja na recuperação de uma mata nativa, buscando diminuir a temperatura do escritório/fábrica, ou na diminuição dos quilômetros rodados pelos seus funcionários (pensando no bem estar deles), mas que seja algo pensado e que as marcas percebam que elas fazem parte de uma universo muito maior do que o dela, um universo chamado sociedade.

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