Burning Man e o impacto das mudanças climáticas nos festivais ao ar livre

Burning Man e o impacto das mudanças climáticas nos festivais ao ar livre

Se você nunca ouviu falar do Burning Man, imagine um festival que reúne arte, liberdade, inovação e a queima de uma gigantesca escultura no meio do deserto de Nevada. Anualmente, cerca de 70.000 pessoas constroem uma cidade temporária no deserto para celebrar a expressão e a criatividade, com representantes de todos os cantos do planeta, inclusive do Brasil.

A característica única deste festival é que tudo que é consumido por lá deve ser levado pelos próprios participantes. Cada comida, cada gota de água – tudo. Não existem pontos de venda no Burning Man. A sustentabilidade e a autossuficiência são pilares do evento, onde cada indivíduo é responsável por seus suprimentos.

No entanto, este ano, a celebração foi surpreendida por um evento inesperado: um dilúvio. Apenas nas 24 horas iniciais, a área do festival já havia sido atingida por uma quantidade de chuva equivalente a 2 a 3 meses. E esta chuva caiu sobre o terreno seco, criando um lamaçal espesso, praticamente intransponível a pé ou por veículo. Como medida de segurança, as autoridades barraram as entradas e saídas do local.

Ativistas climáticos já haviam marcado presença na estrada de acesso ao Burning Man, criticando o impacto ambiental de criar uma cidade efêmera no deserto e o consumo exacerbado dos visitantes. Com o incidente das chuvas, as discussões sobre o clima e o meio ambiente ganharam novo fôlego.

O que muitos não percebem é que as adversidades climáticas têm sido um desafio crescente para festivais ao ar livre. No mês passado, o World Scout Jamboree, na Coreia do Sul, foi interrompido por calor extremo e tufões. E isso sem mencionar o festival Splendour in the Grass na Austrália, que também se transformou em um lamaçal após chuvas torrenciais. E, trazendo um evento recente e bem próximo de todos nós: em São Paulo, na primeira edição do The Town, realizado no Autódromo de Interlagos, uma chuva forte desabou sem aviso, causando tumultos e desafios inesperados para os participantes.

Historicamente, o verão tem sido a estação escolhida para muitos festivais ao redor do mundo, como o Glastonbury no Reino Unido e o Tomorrowland na Bélgica. Mas, com as mudanças climáticas intensificando fenômenos extremos, como chuvas torrenciais e ondas de calor, pode ser hora de repensar essa tradição.

Organizar festivais desse porte é uma tarefa logística e financeiramente desafiadora. Ficar à mercê do clima pode acarretar prejuízos incalculáveis. E não estamos falando apenas de lama ou cancelamentos. Estamos falando de riscos à saúde de milhares de pessoas expostas a extremos climáticos, com acesso limitado a água e abrigo. No Burning Man, infelizmente, uma morte já foi confirmada no último sábado (2 de setembro).

Então, o que nos espera? Talvez festivais reagendados para períodos menos intensos do ano ou até a busca por locais menos susceptíveis às intempéries. Adaptação é a palavra-chave. E, para os organizadores, planejar meticulosamente para o clima extremo pode ser o que determinará o sucesso ou fracasso de um evento.

Todos esses episódios já citados e a catástrofe do Burning Man deste ano serve como alerta: o clima está em constante transformação e a adaptabilidade é fundamental. Festivais ao ar livre representam manifestações culturais significativas e servem como ponto de conexão entre as pessoas. Eles são essenciais na rica tapeçaria de celebrações que acontecem ao redor do mundo. A missão agora é assegurar que continuem sendo eventos seguros, encantadores e positivamente inesquecíveis para todos.

I'm TRAPPED AT BURNING MAN: Here's what's ACTUALLY Happening.I’m TRAPPED AT BURNING MAN: Here’s what’s ACTUALLY Happening.
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