Os Antônios Sonhadores e o Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto

Na última semana, mais precisamente na quarta e quinta-feira, aconteceu o Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto. Com uma grade de conteúdo riquíssima (e que você pode conferir abaixo), o Fórum reuniu empreendedores, institutos e fundações, governo, grandes empresas e investidores. No entanto, a fala inicial, talvez até mesmo despretensiosa, do Diogo Quitério, do ICE, foi um dos pontos que mais cutucou a minha ânsia por um futuro melhor.

Ouça também o podcast Força Tarefa de Finanças Sociais com Diogo Quitério

Diogo abriu o Fórum deste ano contado a história do livro/filme “A Máquina”, de Adriana Falcão. “Em Nordestina, uma cidadezinha perdida no sertão, típico lugar onde nada acontece, é palco da história de Antônio. Sonhador e decidido a ficar em Nordestina, vê seu mundo cair quando Karina, seu amor, decide deixar a cidade em busca do sonho de ser atriz. Antes que seu amor lhe escape, Antônio adianta-se numa cruzada kamikaze para trazer o mundo até Karina. Para isso, Antônio anuncia, num programa de televisão, que irá cumprir uma sensacional aventura: fazer uma viagem ao futuro, partindo da praça de Nordestina.”

É no plot twist deste romance que A Máquina se encontra com a inovação social. “Seja viajando para o futuro, ou apenas sonhando, Antônio ‘vê’ o futuro da cidade. Uma Nordestina com uma grande amendoeira na praça central, uma Nordestina com o filho da D. Maria virando diplomata e com uma feira de ciência que atrai turistas. No entanto, Antônio erra no seu retorno. Volta para o passado/presente no mesmo momento em que saiu e, para todos que estavam na praça, parece nunca ter saído do lugar.”

Só que existe um detalhe nesta história toda. “Seja por precaução ou pelo brilho nos olhos de Antônio, o jardineiro da cidade decide plantar uma amendoeira na praça principal, a D. Maria passa acompanhar de perto os estudos do filho e o prefeito decide criar uma feira de ciência. Em menos de 20 anos, aquela Nordestina visitada (ou sonhada) por Antônio torna-se realidade.”

Ora, se você não vê o espírito de Antônio nos empreendedores sociais e/ou tantos outros que buscam e fazem algo para melhorar o futuro, então você não está vendo o cenário tão de perto. Antônio se parece muito com aquele empreendedor que, de tanto estudar um cenário, afirma que algo bom (ou ruim) irá acontecer no futuro. Mas o “pulo do gato” da autora está no “brilho nos olhos do personagem.” O protagonista d’ A Máquina é muito mais que um sonhador, ele é um disseminador do sonho. Ele é aquela pessoa que, de tanto afirmar, transforma.

Você deve ter lembrado daquele velho ditado “uma mentira contada mil vezes torna-se verdade”, a grande diferença é que os “Antônios” do campo social (e das ciências, da economia, e tantos outros universos), que buscam melhorar o mundo, ao contrário da mentira, contam uma verdade que acreditam ser o futuro. E, nas palavras de Diogo Quitério, o Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto serve para “ouvirmos os nossos ‘Antônios’, não de forma insensata, não de forma ludibriada, mas de forma com que a gente dê voz para estas pessoas que conhecem essas visões de futuro.”

Na minha visão, tenho que dizer que assino embaixo nas palavras do Diogo. Precisamos sim, ouvir os “Antônios” (que também podemos chamar de líderes, pensadores, pesquisadores e/ou estudiosos). Com sensatez e pensamento crítico, mas com os corações abertos para sermos contaminados pelos sonhos. Sonhos que hoje podemos chamar de igualdade racial, social e de gênero; de sustentabilidade e responsabilidade com o meio ambiente; e tantos outros temas que impactam as nossas vidas hoje e no futuro.

Assista abaixo os painéis do Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto:

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