Liderança política negra e a fotografia

Liderança política negra e a fotografia

Em 11 de agosto de 2020, a senadora da Califórnia (EUA) Kamala Harris fez história quando foi anunciada como companheira de chapa do ex-vice-presidente e candidato presidencial democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020 nos EUA. Harris se tornou a primeira mulher negra a ter seu nome anunciado por um dos principais partidos naquele dia, se firmando instantaneamente na história negra, asiática e das mulheres. Como resultado, os fotógrafos que participavam de comícios e debates agora tinham a responsabilidade em suas mãos: documentar com precisão o momento histórico que se desenrolava diante deles.

Liderança política negra e a fotografia
Fotografia editorial de Michael F. Hiatt

Os fotógrafos documentam os momentos visuais que as pessoas – hoje e amanhã – compartilham e com os quais se identificam nas notícias atuais e na lembrança histórica. Quando uma pessoa negra, especialmente aquela que ocupa uma posição de liderança, torna-se o assunto de um evento digno de um registro, essa responsabilidade duplica. Dada a abordagem ignorada, e muitas vezes apagada, da história negra ao longo dos séculos, capturar momentos históricos como a campanha eleitoral de Harris é uma grande responsabilidade.

Fotografar líderes negros enquanto eles participam e fazem história é importante – desde a ativista Rosa Parks sentada na parte da frente de um ônibus quando a Suprema Corte dos EUA decidiu contra os ônibus segregados, em 1956, até a política Shirley Chisholm abrindo caminho para futuras mulheres negras na política, durante sua própria campanha presidencial, em 1972. Com uma justiça social mais expressiva e as mudanças na política, é importante que os fotógrafos de hoje documentem, momentos históricos de líderes negros em imagens.

Liderança negra em fotos: Como os assuntos mudaram de 1839 até os dias atuais

A forma como as pessoas negras eram retratadas em fotos de 1839, quando a fotografia foi introduzida pela primeira vez nos Estados Unidos como daguerreótipos, até os dias atuais varia exponencialmente. Nos anos 1800, a escravidão ainda era legal e uma prática aceita nos Estados Unidos. Portanto, imagens de pessoas negras, comumente representavam pessoas escravizadas. O que também era comum naquela época? Fotos de famílias negras e abolicionistas, como Frederick Douglass e Sojourner Truth, vivendo livremente no Norte, ou onde quer que tenham se estabelecido longe da escravidão.

Os fotógrafos registravam essas diferentes realidades em imagens. A famosa foto de 1863 “Whipped Peter”, apresentando as costas com cicatrizes de um homem escravizado chicoteado, soou tão fiel a homens e mulheres negros quanto Sojourner Truth curtindo sua vida em Michigan, ou a rotina dos negros em suas casas e como empresários.

Embora homens e mulheres negras muitas vezes estivessem na frente da câmera, eles também estavam por trás dela. Com o passar das décadas, os fotógrafos negros surgiram e encontraram sua paixão por capturar a história e a vida cotidiana. Augustus Washington, um daguerreotipista, deixou os EUA em 1852 para documentar presidentes e comerciantes africanos. Florestine Perrault Collins se orgulhava de retratar homens, mulheres e famílias negras como alegres e sofisticadas, a partir da década de 1920. Gordon Parks capturou todos os caminhos da vida – desde líderes de gangues adolescentes no Harlem em 1948 até a segregação no Sul em 1956. Mesmo quando o assunto era pesado, os fotógrafos negros capturaram tudo, exibindo toda uma gama de emoções.

A importância de documentar líderes negros e pioneiros

Liderança política negra e a fotografia
Fotografia editorial de Everett / Shutterstock

Assim como o dia a dia de homens, mulheres e famílias negras retratava a história, o mesmo acontecia com a vida cotidiana de líderes e pioneiros negros. Fotos de Martin Luther King Jr. e Bayard Rustin durante a era dos Direitos Civis, Angela Davis falando atrás de um vidro à prova de balas no Madison Square Garden em Nova York, Condoleezza Rice tornando-se a primeira secretária de Estado negra e Barack Obama colocando a mão sobre a Bíblia ao aceitar o título de Presidente dos Estados Unidos em 2009 – tudo feito com décadas de diferença – estão nos livros de história e permanecerão por muitos anos. Líderes pioneiros negros têm suas vidas documentadas visualmente porque eles são a história negra, algo que a comunidade negra pode vivenciar após séculos de ancestralidade coletiva perdida devido à escravidão.

Imagens de líderes negros não apenas contaram (e contam) suas histórias, incluindo como eles assumiram os papéis para os quais os conhecemos – para aqueles que morreram – como mantém seus legados anos depois. Fotos da cantora Mahalia Jackson e Martin Luther King Jr. foram a marca dos fãs da igreja negra. Barack Obama apareceu em barbearias com clientela predominantemente negra durante a campanha eleitoral sob seu slogan “Yes we can”. Essas imagens vivem na comunidade negra e se tornam atrações para a próxima geração, que crescerá em torno desses rostos célebres e acompanhará as histórias de suas vidas quando perguntam: “Quem é esse?”

Documentando pessoas no Poder Político

Documentar com sucesso uma pessoa negra no poder significa registrar todos os seus momentos, dos subestimados aos que impactam claramente. Ver uma vanguarda negra agitando e marcando a história significa capturar todos os seus movimentos.

Pete Souza, ex-fotógrafo oficial da Casa Branca durante os dois mandatos presidenciais de Barack Obama, compartilha regularmente fotos de seu tempo com Obama nas redes sociais e em seus livros. Todos retratam o ex-presidente como um homem carismático e descontraído – de interações com crianças que visitaram a Casa Branca a jogos de basquete – e um líder que passava tarde da noite no Salão Oval e visitava soldados. Souza não perdeu um momento e, como resultado, temos uma noção melhor de quem foi Obama como presidente.

O futuro ainda não nos apresentou aos líderes negros de amanhã. Quando chegar a hora de subir em um palco, se dirigir às pessoas, fazer um discurso ou um desfile, os fotógrafos, lembrando-se dos líderes negros ao longo de sua vida, estarão prontos para capturar todos os seus movimentos na luz e no momento certo.


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